Santiago – Um dos esportes mais peculiares dos Jogos Pan-Americanos é o boliche. Enquanto muita gente vê a modalidade como algo recreativo, para os 50 atletas que estão competindo em Santiago-2023 é coisa séria. O Brasil conta com quatro representantes no Pan: Stephanie Martins e Roberta Rodrigues no feminino e Marcelo Suartz e Bruno Soares no masculino. E para chegarem ao Chile, os atletas e a Confederação Brasileira tiveram que se mobilizar.
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O boliche não faz parte do programa olímpico. Por isso, o esporte não tem a mesma atenção do Comitê Olímpico do Brasil. Enquanto as modalidades olímpicas recebem recursos arrecadados pela loteria federal, que são repassados pelo COB, a Confederação Brasileira de Boliche apenas recebe apoio do Comitê Olímpico para ajudar os atletas na classificação para os Jogos Pan-Americanos.
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“Hoje o apoio do COB é focado nas confederações olímpicas. As confederações pan-americanas recebem um apoio de preparação, chamam o Programa de Preparação das Modalidades Pan-americanas, que é uma verba muito menor, pontual, e que não é permanente. Se você recebe todo ano, você planeja, por exemplo, enviar uma equipe para um torneio internacional, mas é impossível, com a verba que o COB disponibiliza, por exemplo, você participar de todo o circuito internacional, não dá. Seriam quatro, cinco torneios no ano e o COB não tem esse recurso para a gente”, explica Guy Igliori, presidente da Boliche Brasil.
Corrida para Santiago
Para ajudar os atletas a se classificarem para Santiago-2023, a Confederação Brasileira entrou na concorrência para sediar o Pan-Americano da modalidade no ano passado. Segundo Igliori, a Boliche Brasil fez um esforço para trazer o evento para o país e conseguir as vagas no Pan de Santiago. “O Campeonato Pan-Americano possivelmente seria no Canadá. Só que nós apresentamos uma proposta para fazer o evento no Rio de Janeiro justamente, porque levar os nossos atletas pro Canadá seria muito caro e talvez nós não levássemos os melhores atletas, o que seria mais difícil para classificar. Então fizemos toda a gestão para trazer a eliminatória para o Brasil, porque aí poderíamos participar com os nossos melhores atletas, o custo seria muito mais baixo, e foi assim. Inclusive, nós conseguimos classificar no Rio: as meninas ganharam a medalha de bronze na época e classificaram direto e os meninos ficaram em segundo lugar no geral”, afirmou.
Bolsa atleta faz falta
Para os atletas, não é possível viver 100% do esporte. Desde 2016, os jogadores do boliche não são contemplados no edital do bolsa atleta. Assim, os brasileiros que estão disputando os Jogos Pan-Americanos também tem outras profissões. Roberta Rodrigues é professora, Stephanie Martins trabalha com hotelaria e Bruno Costa é engenheiro. Principal nome do Brasil na modalidade, Marcelo Suartz atua como palestrante, tendo um pouco mais de flexibilidade para treinar e participar de competições.
Roberta, por exemplo, tirou duas semanas de folga para poder participar dos Jogos Pan-Americanos. “É muito difícil ser atleta de boliche no Brasil. Nós temos outros trabalhos. Eu sou professora e coordenadora pedagógica, então tenho que conciliar o esporte com minha profissão. Fora toda a preparação, que é por minha conta. Temos uma ajuda do nosso clube, mas é tudo bem difícil nessa nossa divisão, porque a gente não vive 100% disso”, explicou a atleta.
O boliche no Brasil
No Brasil, os atletas participam de Opens Estaduais, além de três Campeonatos Brasileiros anuais que criam um ranking nacional, que é utilizado para definir a seleção brasileira. Marcelo e Stephanie têm uma rodagem maior no exterior. Ambos competiram na forte liga universitária dos Estados Unidos e competiram profissionalmente no país. Porém, para os atletas que não estão entre os dez melhores, é difícil se manter financeiramente no circuito profissional dos EUA, e os dois acabaram voltando ao Brasil.
Atualmente, uma das metas da comunidade da modalidade é mostrar para as pessoas que o boliche não é apenas uma atividade de lazer. “Tentamos ensinar e mostrar aos outros que o boliche é um esporte competitivo. Muita gente realmente não sabe. Quando falo que jogo na seleção brasileira de boliche a pessoa fica: ‘Boliche?’ Então a gente tenta sempre levar para as outras pessoas e mostrar que o boliche é um esporte sim”, conclui Roberta Rodrigues.