Murilo Gouvêa é um dos principais jogadores da história do beisebol brasileiro e depois de anos servindo à seleção, pensou que tinha chegado a hora de se aposentar. Porém, o apoio da equipe o fez mudar de ideia e nesta semana fez parte da equipe que trouxe o beisebol ao coração dos fãs olímpicos do Brasil. Jogando em frente à família que foi ao Chile, Murilo conquistou a medalha de prata histórica neste domingo.
“É uma honra poder vestir essa camisa do Brasil, a gente tá muito feliz com essa campanha nossa. As coisas estão saindo bem, mas ainda falta, estamos buscando coisas grandes”, declarou ao Olimpíada Todo Dia logo após a vitória contra o Panamá na quarta-feira (25) que garantiu o país na disputa de medalhas.
“Eu realmente tinha cogitado essa hipótese de parar de jogar, mas essa equipe aqui me motivou desde os treinamentos em março. É sempre um prazer estar aqui poder estar junto com eles”, revelou o arremessador número 13.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, TWITTER, INSTAGRAM, TIKTOK E FACEBOOK
Com passagem pelos EUA e Itália, Murilo pode continuar na seleção
O beisebol ainda é um esporte que ainda está engatinhando no Brasil em termos de resultados. Ainda que muitos jogos da liga norte-americana (a Major League Baseball, MLB) sejam exibidos na televisão, o público brasileiro não está acostumado com as regras do esporte.
Isso pode estar mudando depois dos Jogos Pan-Americanos de Santiago. O Parque Bicentenário de Cerrillos, onde fica o campo de beisebol, foi um dos principais aeroportos do Chile até os anos 1960. E foi lá que o beisebol do Brasil espera ter decolado de vez em cenário internacional.
De volta ao programa olímpico para Los Angeles-2028 a expectativa agora é que a equipe tenha mais incentivos, já que o esporte voltou a figurar entre os com prioridade para repasse de verbas públicas. E quem sabe com mais atletas com interesse de conhecer o esporte após a campanha, o time se renove e se fortaleça para buscar uma vaga olímpica inédita.
Jogando fora do país desde 2007, o atleta de 35 anos teve passagens pela Minor League Baseball dos Estados Unidos. Com dupla cidadania, Murilo chegou a defender a Itália em 2019 na busca por uma vaga olímpica nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O atleta já ganhou três títulos italianos pelo Fortitudo Baseball Bologna. Mas agora de volta ao Brasil, voltou à seleção e não descarta continuar, mas prefere esperar o fim do Pan para decidir se continua ou não. “Vamos deixar em aberto e ver o que acontece”, finalizou Murilo.
Torcida especial faz diferença no beisebol em Santiago-2023
Após o jogo, ele foi dar um abraço apertado nos pais, Fernando e Regina Gouvêa. “Ter meus pais aqui e toda essa torcida apoiando é essencial”, revelou Murilo. Os pais eram dos mais emocionados na barulhenta torcida que está acompanhando a seleção brasileira em todos os jogos. Logo após a vitória contra o Panamá que havia praticamente garantido o Brasil na final, Fernando desabou em lágrimas.
“O negócio passou do que todo mundo imaginava. A gente sabe do quanto eles se esforçam, sofrem para poderem treinar. Porque o esporte não tem profissionalismo no Brasil. Num país como o nosso, é um esporte amador e todos estão fazendo seu trabalho, lutando e fazendo aquilo que todos achavam impossível”, afirmou ao Olimpíada Todo Dia.
Os pais que não conseguem viajar para todas competições fizeram questão de vir até o Chile acompanhar o time. Eles não tinham ingresso para a final e quando o Brasil confirmou a vaga, já não havia mais bilhetes disponíveis. Mesmo assim, se esforçaram e conseguiram ver de perto a grande final, em que o filho e seus companheiros ganharam a medalha de prata.
“Nos programamos desde o início do ano para estar aqui. Eles estão colhendo aquilo que eles plantaram esse ano, que era treinar e participar. Estavam com um foco: ir bem e extrapolou esse foco”, comentou Fernando, ao lado de Regina.
“É muito gratificante ver o esforço deles surtindo esse resultado. A gente veio aqui, vamos juntos, vamos participar. E estamos muito, muito feliz com o resultado” disse a mãe com um sorriso cheio de orgulho.
*Com contribuição de André Rossi