A Seleção Brasileira Feminina de Rúgbi em cadeira de rodas escreveu um marco histórico ao participar da Women’s Cup 2024. A equipe se tornou a primeira do país composta exclusivamente por mulheres a disputar um torneio oficial na modalidade. Além disso, duas atletas estrearam na semana de treinamento com a seleção principal em 2025, destacando a integração em um esporte tradicionalmente misto. Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia (OTD), a técnica Beatriz Lucena e as atletas Hawanna Cruz e Cleonete Reis compartilharam suas experiências e destacaram a importância dessa participação para o desenvolvimento da modalidade.
“Nós poderíamos ter ido com uma delegação de homens ou mista, mas nós escolhemos ir com uma delegação 100% feminina. Então eu acredito que o Brasil deu um passo a mais. Nós éramos a única seleção que era uma delegação inteira feminina no torneio e eu acho que isso mostra que nós estamos crescendo no esporte, na modalidade. Mais do que isso, nós estamos incentivando e dando espaço para as mulheres, porque eu acredito que o esporte ou o rugbi em cadeira de rodas é o lugar para todo mundo”, diz Beatriz Lucena, técnica da seleção feminina ao OTD.
Além de Beatriz, toda a comissão técnica também esteve composta exclusivamente por mulheres. As atletas que representaram a equipe foram Ruth Borges, Valéria Schmidt, Hawanna Cruz Ribeiro, Kamila Reis Lisboa, Luana Karolaine Ferreira Cavalcanti, Marcia Moreira Vinhale, Jeny Carolina Barraza Jara, Cleonete Santos Reis e Mariana do Nascimento Costa. Andrea Jacusiel Miranda atuou como médica, Edilene Maria do Nascimento como enfermeira, e a fisioterapeuta esteve a cargo de Luísa Cançado Cavalieri.
“Foi totalmente diferente. O rugbi é um esporte misto, então, quando surgiu essa oportunidade, acredito que contribuiu muito para o fomento. Isso abre um grande caminho para que mais mulheres ingressem no rugby, mostrando que não é apenas um esporte agressivo, mas também muito tático”, afirmou Hawanna Cruz, uma das jogadoras que participou da Women’s Cup.
‘Foi tudo muito rápido‘
A Seleção Feminina teve apenas um treino antes da estreia contra a França na Women’s Cup. A competição, que é uma referência na modalidade, tem como objetivo promover o naipe feminino. Apesar das derrotas nos quatro jogos, a participação neste evento marcou o primeiro capítulo de uma grande história.
“Foi tudo muito rápido, e tivemos que nos programar rapidamente. Mesmo sem treinar, estavamos lá representando o Brasil. Foi muito importante para o fomento, e fiquei muito feliz de fazer parte disso. Agora, com essa nova regra, precisamos buscar cada vez mais o nosso espaço”, disse Cleonete Reis, atleta que representou o país na competição.
Mudança de regras
A World Wheelchair Rugby (WWR), entidade internacional responsável pela regulamentação do Rugby em Cadeira de Rodas, anunciou uma série de mudanças nas regras da modalidade que entraram em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025. Entre as principais alterações, destaca-se a implementação de medidas que promovem a inclusão feminina no esporte.
Uma das mudanças mais significativas nas novas regras é a bonificação para atletas femininas em quadra. A partir de agora, jogadoras classificadas entre 0,5 e 1,5 receberão um acréscimo de 0,5 ponto, enquanto aquelas classificadas entre 2,0 e 3,5 terão 1,0 ponto extra. Essa medida visa incentivar a participação feminina no esporte, que é uma modalidade mista, promovendo maior inclusão e equilíbrio competitivo no rugbi em cadeira de rodas.
“Com essa nova regra, agora temos que mostrar a que viemos. Estamos iniciando um novo ciclo para Los Angeles 2028, e algumas mudanças ocorreram no rugbi em cadeira de rodas, incluindo uma nova regra de classificação. Acredito que, agora, as mulheres têm a melhor oportunidade que já tiveram no esporte”, destacou a treinadora Beatriz.
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Anteriormente, a soma das classes em quadra não podia ultrapassar oito pontos, com um acréscimo fixo de 0,5 ponto para cada atleta feminina, independentemente da sua classificação.
Na seleção principal
A Seleção Brasileira de rúgbi em cadeira de rodas realizou sua primeira Semana de Treinamento de 2025 no Centro de Treinamento Paralímpico, já sob as novas diretrizes da modalidade. Entre os convocados, destaque para Hawanna Cruz e Cleonete Reis, que foram chamadas pela primeira vez. A presença das duas atletas reflete as recentes mudanças nas regras do esporte, que agora bonificam a participação feminina em quadra, promovendo maior inclusão e competitividade no rúgbi em cadeira de rodas.
“Eu acredito que o impacto da participação na Women’s Cup nós vamos ver com alguns anos ou depois de algum tempo, mas dois frutos que podemos observar agora são Hanna e Cleonete, que estão na seleção principal pela primeira vez. Então, acredito que veremos mais frutos no futuro, com mais mulheres participando”, comentou Beatriz Lucena, técnica do time.
“A gente se dedica, busca o nosso espaço e abre mão de muitas coisas para conquistar isso aqui. Vamos atrás dos nossos sonhos. Tive a oportunidade de ir para Paris para mostrar meu trabalho, então estou muito feliz de estar na seleção principal”, comenta Hanna.
E o futuro?
A seleção feminina de rúgbi em cadeira de rodas é uma realidade, após 16 anos de desenvolvimento da modalidade no Brasil. “Foi uma honra ser escolhida para ser a técnica da primeira seleção feminina de rúgbi em cadeira de rodas. Estamos começando uma história, e nossa comissão sempre foi formada por mulheres. Agora, as meninas têm a chance de conquistar seu espaço e ajudar o Brasil a crescer. E, olhando para o futuro, queremos ter uma equipe nas Paralimpíadas em 2028 e quem sabe trazer uma medalha para o Brasil”, finalizou Beatriz.
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