Chico Porath está indo para mais um ciclo olímpico como coordenador da seleção brasileira de ginástica artística feminina. O técnico pessoal de Rebeca Andrade terá um desafio para os Jogos Olímpicos de Los Angeles, assim como as outras competições importantes dos próximos anos, em fazer um trabalho de transição entre duas boas gerações da ginástica do Brasil. Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, o treinador usou números para ilustrar o trabalho nos próximos anos.
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Nesse começo de ciclo olímpico, a parte numérica que importa para Chico é a quantidade de ginastas que estão aptas a representar a seleção brasileira. Nesta semana, o CT do Time Brasil, no Rio de Janeiro, recebeu um grupo de 32 atletas, sendo 20 da categoria adulta e outras 12 da categoria juvenil, mas que terão idade para competir na próxima Olimpíada. “É muito bom o sangue novo. As meninas que viraram adultas agora estão entrando em forma física. Então elas estão podendo repetir mais elementos técnicos e a gente consegue fazer as correções, trabalhando junto com os treinadores delas”, disse o treinador em resposta ao OTD.
Nos último ciclos olímpicos, o Brasil teve problemas para manter um grupo grande de atletas na seleção de ginástica artística feminina. Mas agora, temos duas gerações fortes para serem trabalhadas em conjunto. “Nesse período pós pandemia a gente perdeu muito atleta e ficamos com um grupo muito fechado. Então hoje a gente começa com um grupo grande de atletas com idade para 2028 e também com mais treinadores. E a gente está planejando fazer mais camps com muitas meninas”, explicou Chico Porath.
Calculadora na mão
Para o grupo de ginastas desse ciclo olímpico, Chico Porath e a comissão técnica do Brasil trabalham para que elas mantenham séries consistentes. Segundo o treinador, é melhor ter uma atleta que sempre entrega uma nota média para alta, do que ter ginastas que façam séries arriscadas, que possam tirar notas altíssimas, mas com uma margem maior para erro. E através disso, o treinador faz as contas para montar uma equipe competitiva.
“O que a gente quer pra esse ciclo é construir essa linha matemática. E para isso a gente não precisa de 14.500 ou 15.000. A gente pode fazer isso com 13 alto. Então dessas meninas que estão aqui agora, todas podem atingir séries que alcancem essa nota. Por isso que a gente quer nesse começo do ciclo, ajustar séries para que a gente consiga ganhar consistência. E se a gente estiver tirando 13 alto em todos os aparelhos e você inclui uma Rebeca na equipe, aí podemos chegar a números interessantes”, contou Chico.
Nossa coringa
Como o treinador disse, Rebeca Andrade deve ser uma espécie de coringa na seleção brasileira neste ciclo olímpico. Ainda em Paris, a ginasta anunciou que não iria mais competir em todos os aparelhos, por conta dos desgaste que tem nos membros inferiores devido ao seu histórico de lesões. Assim, ela deve competir apenas em alguns aparelhos nos próximos anos. A princípio, o foco para esse ano será o salto e as barras assimétricas, com uma possibilidade dela também competir na trave no Campeonato Mundial.
Chico Porath trabalha Rebeca Andrade há mais de 10 anos. E a parceria de sucesso continua até 2028. Na Olimpíada, quando Rebeca não conseguiu uma vaga na final das barras assimétricas, o técnico brincou e disse que ia usar como motivo pra convencê-la a competir até a Olimpíada de Los Angeles.
O aparelho é o favorito da dupla, que conseguiu uma medalha de prata no Mundial de 2021. Chico disse que eles têm alguns planos para melhorar a nota de dificuldade de Rebeca Andrade nas barras, mas com certa cautela para não prejudicar sua execução. “A gente tem muitos sonho e expectativas também. Mas eu confesso como treinador, a gente sempre monta séries possíveis que a Rebeca possa fazer e a gente consegue aumentar a nota de partida em dois ou três décimos no máximo. E aí você olha, às vezes, se descontrói toda uma série que ela já tem. Nosso primeiro foco é voltar a fazer a série atual dela que já é competitiva. E aí talvez acrescentar alguma coisa a mais”, afirmou.
O Campeonato Mundial de ginástica artística de 2025 acontece em outubro, na Indonésia. Ainda tem muito chão pela frente, mas Chico Porath comentou que a expectativa é de levar um grupo de atletas que misture novatas com alguns nomes mais experientes da seleção brasileira.
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