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Wrestling

Letícia Gonçalves e a caminhada até o Pan-Americano Júnior

Ruiva Fight CBW

Depois de passar por várias modalidades, Letícia Gonçalves se encontrou e vai disputar o Pan-Americano Júnior de Wrestling

Letícia Gonçalves, carioca do bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, pratica esportes de luta desde 2011. Depois de passar por Boxe, Judô, Muay Thai, Luta livre Esportiva, foi no wrestling que Letícia se encontrou. Em 2014, a lutadora iniciou na modalidade atual com Emanuel Neto, treinador e árbitro internacional. Dois anos depois, a atleta da comunidade Estrada dos Caboclos conseguiu ser campeã brasileira cadete,  integrar o grupo de beneficiados do Programa Bolsa Atleta e ainda auxiliar a família humilde.

“Comecei em 2014 em um projeto na Igreja Batista na comunidade em que moro e no ano seguinte consegui a classificação para disputar o Campeonato Brasileiro Cadete em Baía Formosa, Rio Grande do Norte. Terminei em terceiro lugar e passei a receber o Bolsa Atleta foi um incentivo muito grande. Com 15 anos, passei a receber a bolsa e ajudar em casa pagando uma conta, fazendo compras. Somos de família humilde e meus pais não conseguiram nem me ver treinar”, explica Letícia.

Como no local de treino em Campo Grande ainda não há meninas com nível técnico parecido com o de Letícia, a lutadora que treina com o professor, precisa se deslocar para Tijuca ou no Parque Olímpico da Barra da Tijuca onde outras atletas do wrestling feminino treinam. Para custear as passagens, que incluem trem, metrô e ônibus Letícia faz bicos como babá. A jovem sabe que o caminho do esporte pode fazê-la mudar de vida e sonha com o curso Educação Física em 2019.

“Acredito que posso conseguir muita coisa com o esporte ainda. Nunca tinha saído do estado do Rio de Janeiro e com 15 anos comecei a viajar. Tive um camping de treinamento em São José dos Campos, tive a oportunidade de treinar junto com as meninas que participaram dos Jogos Olímpicos do Rio e disputar o Pan-americano Cadete no Peru. Termino o ensino médio este ano e pretendo fazer Educação Física. Tudo que conquistei foi por meio do esporte”, disse a campeã nacional júnior 2018.

Em seu segundo Pan-americano, o primeiro na categoria etária júnior, a brasileira se mostra grata por ter trilhado o caminho do esporte. Nos Jogos Olímpicos, Letícia assistiu Gilda Oliveira representar o Brasil, o Rio de Janeiro e o bairro de Campo Grande, o mesmo onde reside. Como em muitas comunidades o narcotráfico é visto como o único meio de ascensão social, Letícia teve alguns vizinhos que enveredaram por este caminho. Por isso lutar o Pan-americano Júnior 2018 e representar o Brasil é mais uma oportunidade de dizer obrigado ao que a ajudaram e a inspiraram a trilhar o caminho do esporte.

“A palavra que me define hoje é gratidão. Muitos amigos seguiram um caminho que não é certo e não sei o que seria de mim sem o esporte. Devo isso a Deus e ao meu professor Emanuel que formou uma atleta e também uma cidadã de bem. Espero um dia também fazer por outras pessoas o que ele fez por mim. Outra inspiração é a Gilda Oliveira. Todo atleta sonha em disputar os Jogos Olímpicos, Gilda mora aqui no bairro, perto da minha casa e conseguiu isso. Estou me dedicando aos treinos e espero poder representar bem o meu país, minha família e principalmente o meu técnico” concluiu Letícia.

Como torcer para Letícia Gonçalves no Pan-americano Júnior de Wrestling 2018:

Categoria: até 55kg do wrestling feminino
Dia da luta: 18/08
Local: Centro de Formação Olímpica do Nordeste Av. Alberto Craveiro s/n, Castelão, Fortaleza – Ceará
Horário:  Eliminatórias 10h às 15h e finais 18h às 20h30

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