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Paris 2024

Triste e feliz em Paris, Giullia deixa legado para o wrestling

Giullia Penalber saiu do tapete em Paris triste por ter perdido a medalha, mas feliz pelo resultado histórico do wrestling brasileiro

Giullia Penalber nos Jogos Olímpicos de Paris
(Foto: Gaspar Nóbrega/COB)

Paris – O wrestling brasileiro teve o seu melhor resultado da história em Jogos Olímpicos nesta sexta-feira (10) com Giullia Penalber ficando em quinto lugar na categoria até 57kg em Paris-2024. A carioca chegou na disputa da medalha de bronze, mas perdeu para a chinesa Hong Kexin. Ao término da disputa, Giullia estava em uma mistura de sentimentos: triste por não ter conseguido uma medalha olímpica, mas ao mesmo tempo feliz por ter chegado na Olimpíada e conseguir uma importante marca para o wrestling do Brasil

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Após a disputa do terceiro lugar, Giullia Penalber estava emocionada em dose dupla. Triste e feliz ao mesmo tempo, mas sabendo que a versão que ela apresentou em Paris era a sua melhor. “Esse choro é uma mistura de uma tristeza de não ter conquistado a medalha. Mas ao mesmo tempo tinha um reconhecimento que a trajetória até aqui foi muito dura, muito árdua e que eu preciso ter gratidão. Por estar vivendo esse momento talvez não da forma que eu imaginaria mas as coisas nunca são como a gente planeja. Se fosse como eu planejasse, eu já teria sido campeã olímpica há uns oito anos.”, disse a atleta aos jornalistas brasileiros em Paris.

Luta difícil

Ouriunda do judô, Giullia Penalber contou que tem certa dificuldade em lutar contra atletas da escola asiática como Hong. “Como eu vim do judô, muitos sabem que eu tenho uma base mais alta. Eu não cresci no wreslting, então isso dificulta batante, porque elas têm uma base muito baixa, o que me deixa vulnerável quase que o tempo todo. Então eu tentei me colocar um pouco mais baixa no começo da luta o que para mim é desafiador”, analisou a lutadora.

Mas não é só a brasileira que tem tido dificuldade com essas atletas. Giullia contou que atletas de todo o mundo têm tentado descobrir como lutar e vencer essas lutadoras da escola asiática como Tsugumi Sakurai, tricampeã mundial que levou o ouro em Paris.

Apoio da família

Giullia Penalber nos Jogos Olímpicos de Paris
(Foto: Gaspar Nóbrega/COB)

Para Giullia Penalber, a competição nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 teve dois pontos especiais. Primeiro em ver seus amigos e familiares torcendo para ela na arquibancada. “Eu saí triste da luta porque ela não foi do jeito que eu gostaria. Mas tudo mudou quando vi meus amigos e minha família, todo mundo gritando por mim. Óbvio que eles estão felizes de ver a Olimpíada. Mas eles não vieram ver a Olimpíada, eles vieram ver a Giulia lutar. E se eu trouxesse medalha eles iam estar orgulhosos e se eu não trouxesse eles estariam orgulhosos da mesma forma, porque viram que dei o meu melhor no tapete”, afirmou a atleta que foi para a Olimpíada após várias tentativas.

A primeira “chance” de Giullia Penalber foi ainda quando ela era judoca, disputando uma seletiva para a seleção brasileira em 2007. Em seguida, após trocar de modalidade, ela teve outras oportunidades para se classificar, mas sem sucesso: “Foram muitos anos tentando e não conseguia de alguma forma. Eu cheguei a pensar que não era digna porque eu estava dando o meu melhor nos treinos, no meu dia a dia e resultado não vinha. E eu não entendia o porquê”. Mas após tanto bater na trave, Giullia acredita que isso a fez chegar mais forte em Paris fisicamente e mentalmente para encarar a Olimpíada de forma leve.

Legado para o wrestling

Por fim, Giullia Penalber também falou sobre como o seu desempenho em Paris pode ajudar a trazer um legado para o wreslting brasileiro. “Eu estou dando continuidade a um trabalho que está sendo feito há muitos anos. Muitas pessoas abriram as portas pra que eu estivesse aqui hoje, trazendo esse resultado. Eu acho que eu também estou abrindo portas também pra futuros medalhistas olímpicos. É um ciclo que eu estou fazendo parte eu me sinto honrada por isso”, finalizou a atleta que deseja que cada vez mais gente no Brasil conheça o wrestling.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e viciado em esportes

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