No início desse mês, o Brasil conheceu os nomes dos atletas que representarão o wrestling brasileiro nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019. Agora, chegou a hora de conhecerem a história de Giullia Penalber a representante do país na categoria até 57Kg. A brasileira que abandonou o judô em busca do sonho de disputar uma edição de Jogos Olímpicos.
Giullia conheceu o judô através do seu irmão Victor Penalber, que hoje é uma das referências da modalidade. Ao vê-lo praticando, se interessou no esporte e aos 3 anos deu os primeiros passos na arte marcial. A atleta até tentou praticar outras atividades, como o ballet, jazz, natação, mas nada a tirou do judô.
Nesse esporte, a brasileira teve conquistas importantes, o que a fazia ser uma promessa. Giullia era atleta do Instituto Reação e foi representante do Brasil na categoria até 57 kg. Ela foi vice campeã Pan-americana sub 15, 4 vezes campeã Pan-americana, duas no juvenil (sub 18) e duas no júnior (sub 20), duas vezes campeã brasileira sub 23 e já foi campeã brasileira adulta. Ela também representou a seleção brasileira na categoria pré-juvenil, juvenil, júnior e chegou até a seleção adulta, onde ainda chegou a disputar o Sul-Americano com 16 anos e algumas Copas Do Mundo.
Mas em 2009, os sonhos da judoca, na época com 17 anos, começaram a ficar mais distantes, quando a Federação Internacional de Judô (FIJ) anunciou que o movimento de projetar o adversário segurando a perna estava proibido, e esse era um dos principais golpes da brasileira, o que dificultou ainda mais para continuar tendo bons resultados, já que teve que mudar o seu estilo de luta. Com a mudança, Giullia Penalber não garantiu a vaga na seleção brasileira, os pódios se distanciaram e isso foi desmotivando-a.
Sem resultados e sem motivação, Giullia Penalber, que já conhecia o wrestling através de alguns amigos e já tinha até participado de competições, decidiu iniciar os treinamentos nessa modalidade, em 2012, mas ainda se dedicando ao judô.
“Mesmo com a mudança da regra, eu segui competindo, mas os resultados já não eram mais os mesmos e eu conhecia o wrestling através de alguns amigos que já competiam, já tinha até participado de competição, em 2010, quando disputei um brasileiro júnior e conquistei a prata, mas nunca tinha treinado, tinha ido só pra tentar mesmo. E no final de 2012, eu já estava meio mal no judô e comecei a treinar o wrestling meio que de hobby e ficava me dividindo entre os dois, eu treinava o judô e depois ia treinar wrestling e ficava nessa”, disse a brasileira Giullia.
Com poucos dias de treino, Giullia que continua representando o Instituto Reação, no Rio de Janeiro, disputou o campeonato brasileiro adulto na nova modalidade e conseguiu subir no pódio, conquistando a medalha de bronze. No início de 2013 foi realizado um trials de Wrestling e Giullia Penalber se saiu bem, sendo assim chamada para ir para Cuba com a Seleção Brasileira B, onde iria treinar por um tempo e competir. Com isso, a atleta começou a se dedicar mais a modalidade e treinar mais forte, mas a sua prioridade já era a luta olímpica.
Em 2014 mesmo se dedicando a outra modalidade, ainda disputou algumas competições no judô e em uma deles teve um resultado expressivo, que foi o bronze na etapa da Copa do Mundo do Uruguai e mesmo assim, já estava decidida a abandonar a arte marcial e isso aconteceu no final deste mesmo ano, quando passou a se dedicar apenas ao Wrestling, pensando sempre na chance de poder chegar até uma Olimpíada.
A brasileira revela que teve algumas dificuldades de adaptação entre uma modalidade e outra, mas que teve alguns pontos positivos também, nessa transição.
“Minha principal dificuldade de adaptação de uma modalidade para outra foi a postura, que é bem diferente uma da outra. No judô a postura é mais ereta e no Wrestling já é mais curvada, mais abaixada, a movimentação é diferente, tem o fato de não ter kimono, o ritmo de luta, tem muita coisa diferente, mas em compensação me ajudou bastante em relação aos golpes. O ippon é o principal objetivo do judô e a gente praticava bastante, então isso me ajudou bastante na transição para o Wrestling e até mesmo a competitividade do judô”.
Em seu primeiro ano se dedicando exclusivamente ao Wrestling, a brasileira já conquistou resultados expressivos, como por exemplo o 8º lugar no Campeonato Mundial, em 2015 foi bronze no Campeonato Pan-Americano e em 2016, conquistou a prata. Em 2017 foi campeão sul-americana e em 2018, campeã dos Jogos Sul-Americanos, resultado que garantiu a vaga do Brasil em sua categoria na disputa dos Jogos Pan-Americanos de Lima, neste ano. Giullia Penalber é hoje a número 1 do Brasil, na categoria -57kg, ela foi campeã por 6 anos consecutivos do campeonato brasileiro (2014-2015-2016-2017-2018 e 2019).
Com esses resultados, o sonho da brasileira de disputar uma edição dos Jogos Olímpicos fica cada vez mais forte. Neste ano de 2019, Giullia Penalber representará o Brasil pela segunda vez nos Jogos Pan-Americanos, o primeiro foi em Toronto no ano de 2015.
A atleta se diz que não se arrepende da mudança e segue motivada e feliz para seguir conquistando resultados para o Brasil e seu clube.
“Hoje não me arrependo nenhum pouco, foi o esporte que me encontrei mesmo e ainda sigo aprendendo, eu digo que sou uma eterna judoca, então eu sigo em constante transição. Consegui me adaptar bem e venho conquistando bons resultados, o que me motiva a seguir na modalidade e me dedicar cada vez mais. Tenho certeza que meu sonho de disputar uma Olimpíada está cada vez mais próximo e darei meu máximo para realiza-lo”.