A Copa do Mundo de futebol acabou, agora o que o Brasil pode esperar da Olimpíada de 2020, em Tóquio, no Japão
Faltam 740 dias para a Olimpíada de Tóquio 2020. Dia 24 de julho de 2020, daqui a pouco mais de dois anos, os melhores atletas do mundo se reunirão na que será a maior Olimpíada da história. Serão distribuídas 339 medalhas de ouro, um crescimento de mais de 10% com relação aos Jogos do Rio.
Mas o que esperar do Brasil no ciclo seguinte ao que sediou os Jogos? O ciclo está difícil, o país em crise, o esporte perdendo espaço (e verba), dirigentes presos e um Comitê Olímpico bastante renovado. Mas, apesar dos pesares, o país está caminhando para fazer uma edição de Tóquio 2020 com um número de medalhas bem parecido ao da Rio 2016. Na ocasião foram sete medalhas de ouro, seis de prata e seis de bronze, totalizando 19 pódios, e a 13ª posição no quadro. Os maiores números da história.
Esse otimismo se dá pela inclusão de três esportes em que o Brasil é potência mundial: surfe, caratê e skate. Essas modalidades não faziam parte do programa no Rio de Janeiro, e farão sua estreia em Tóquio 2020. Além disso, a prova por equipes de judô e a canoa feminina na canoagem slalom passaram a fazer parte do programa, aumentando ainda mais as chances brasileiras.
O COB não fala em metas. Mas a possibilidade de melhorar o desempenho da Rio 2016, ao menos no total de medalhas, é clara. Superar o número de ouros já um objetivo um pouco mais distante.
Os carros chefes
Judô e vôlei devem seguir como os carros chefes da delegação, apesar de uma queda de desempenho nos últimos dois anos. O judô masculino vive uma renovação que talvez não se concretize em medalhas nos Jogos de Tóquio, enquanto o feminino conta com uma gama grande de talentos, mas que já está chegando ao terceiro ciclo olímpico. No vôlei masculino, o time, atual campeão olímpico, está bastante envelhecido, o que preocupa para Tóquio, enquanto o feminino está em um processo grande de renovação. Mas é difícil duvidar dessas duas equipes. Na praia, os homens desfizeram as principais parcerias, se juntando em novas duplas há um mês, algo que as mulheres fizeram já em 2017.
Sendo realista, dá para pensar em três medalhas nos tatames e outras três nos vôleis. Um resultado parecido com o da Rio 2016, mas talvez com menos ouros.
Os novatos
Surfe, skate e caratê farão sua estreia olímpica em Tóquio 2020. E o Brasil é uma potência nos três. Nas rodinhas, o país divide o protagonismo com Estados Unidos e Japão, podendo contar com dois ou três atletas chegando como favoritos absolutos ao pódio. No surfe masculino, não se sabe ao certo quem serão os representantes brasileiros, são pelo menos seis grandes atletas para duas vagas, mas o que se tem certeza é que as chances de pódio serão gigantescas. No surfe feminino, o país tem duas atletas que estão no bolo das melhores do mundo, mas ainda não se consolidaram no top 3. No caratê, há atletas entre os melhores do planeta em três categorias.
Dá para apostar, sem medo de estar sendo otimista, em quatro medalhas deste grupo.
Náuticos
A vela já é um esporte tradicional do Brasil. Apesar de não viver um momento tão bom como na década passada, é bem provável que traga ao menos uma medalha, como fez em todas as edições desde 1996. A canoagem, pelo contrário, é uma “novata” no quadro brasileiro, principalmente com a chegada de Isaquias. E ainda tem a canoagem slalom, que está crescendo, que chegará com chances.
Uma medalha em Tóquio 2020 para vela e outra para canoagem não é ser otimista. É até mais pessimista do que realista.
Atletismo e natação crescendo
Os dois esportes que mais dão medalhas em Jogos Olímpicos são atletismo e natação. O Brasil, aos trancos e barrancos, e com uma série de escândalos nas Confederações, tem conseguido evoluir nas duas modalidades. No atletismo, apesar de, atualmente, o Brasil não ter nenhum atleta que seria favorito absoluto ao pódio em uma grande competição, chegaria aos Jogos Olímpicos com pelo menos oito chances de medalha. O leque de candidatos está crescendo. Na natação e nas águas abertas, o leque, neste momento, não é tão grande, mas são pelo menos três chances reais de ir ao pódio.
Uma projeção realista é que, na soma desses dois esportes, venham três medalhas.
Ginástica e futebol
Ginástica e futebol não tem nada a ver uma coisa com a outra, mas são colocadas juntas nesta projeção pois são esportes bem complicados de fazer qualquer previsão faltando dois anos para os Jogos.
Na ginástica, todas as equipes (inclusive o Brasil) usaram um 2017 para testar novatos e fazer cirurgias nos mais experientes. Por isso, no Mundial deste ano é que começaremos a ter a possibilidade de fazer uma projeção mais real para Tóquio. Mas, com uma equipe masculina bem consolidada e um time feminino no mix de gerações, dá para ter a noção que o Brasil estará no pódio em Tóquio 2020. No futebol masculino, ninguém sabe qual será o valor dado à competição, se os melhores jogadores estarão aptos, se os outros países estarão focados…No futebol feminino, a seleção já está classificada e está naquele limbo das seleções que podem brigar pelo pódio, mas não são exatamente favoritas.
Sendo realista (e até pessimista), duas medalhas na soma destes dois esportes.
Lutas
Apesar da queda de investimentos, modalidades como boxe e taekwondo seguem com boas chances após terem ido ao pódio na Rio 2016. O boxe masculino está se renovando e ainda não brilhou, mas no feminino novos nomes surgem como possíveis medalhistas. No taekwondo, resultados recentes mostram que há nomes que podem brigar pelo pódio olímpico.
Dá para pensar em uma medalha na soma das duas modalidades.
Outros esportes
Ciclismo BMX, ciclismo mountain bike, esgrima, handebol, hipismo, luta olímpica, levantamento de peso, tênis, tênis de mesa, tiro e tiro com arco…Esses esportes têm atletas capazes de ir ao pódio na Olimpíada de 2020, mas, neste momento, não são exatamente favoritos. Dois anos é tempo suficiente para evoluir e chegar no topo do mundo.
Nessa gama de esportes, todos tem alguma chance de medalha, alguns maiores, outros menores. Mas acho que, deste grupo, sai uma medalha para o Brasil em Tóquio 2020.
E o número de medalhas?
Ainda é muito cedo para fazer previsões (mea-culpa: na última Olimpíada, fiz uma previsão de 27 medalhas em 2012 e acabei abraçado a ela até o fim). Mas, se somarmos essas projeções acima, o Brasil chegaria a 19 pódios em Tóquio 2020. Portanto, uma boa meta a ser colocada é superar as medalhas dos últimos Jogos.
E, em média, a cada três ou quatro chances de medalha, o país conquista uma. Não é um número brasileiro, é um número mundial. Isso acontece porque, em média, cada prova tem entre dez e doze candidatos ao pódio. Claro que o nado sincronizado tem, no máximo, quatro países brigando pelo pódio, mas, por outro lado, uma prova como a do ciclismo estrada ou a maratona chega com mais de 20 atletas com chances reais de pódio.
Por isso, para chegar aos 20 pódios, o Brasil precisa chegar com, pelo menos, 70 chances reais de medalha. E, se a Olimpíada fosse hoje, é o que teríamos.