O Campeonato Mundial de Tênis de Mesa está sendo realizado em Halmstad, na Suécia, uma cidade de menos de 70 mil habitantes. Como a rede hoteleira da cidade não comporta tanta gente, peguei um hotel no bairro de Mellbystrand, na cidade de Laholm, a 22 quilômetros da Halmstad.
Todos os dias, têm sido tranquilas as idas e as voltas do Mundial. Para ir, ônibus (com horário marcado) e trem para chegar em Halmstad. Para voltar, o caminho inverso, trem e depois ônibus. Dá, ao todo, uns 35 minutos para ir e outros 35 minutos para voltar.
Mas, nesta quinta-feira, foi diferente. O jogo do Brasil, que começou às 19hs, demorou mais de quatro horas. Até fazer todas as entrevistas pós jogo já era mais de meia noite. Não tinha nem mais o trem para minha cidade, muito menos o ônibus da estação até o hotel.
Na arena tinha só uma pessoa da organização, exatamente a que comandava o transporte de atletas e dirigentes. Falei com ele e ele me disse que me levava de carro até um táxi. Chegando no táxi, descobrimos que seriam 80 Euros para chegar em casa. Fiz uma cara de cachorro abandonado e o cara da organização começou a fazer umas ligações.
Tudo em sueco. Eu só entendia que ele falava “Lahoml, sim Laholm”.
Aí ele me disse para entrar em um ônibus que estava no hotel ao lado da estação. Aquele ônibus iria me levar até uma pessoa que mora em Mellbystrand, Sim, uma pessoa qualquer, que não tinha nada a ver com o Mundial, iria me levar até o hotel.
O ônibus parou. O motorista do ônibus conversou em sueco com essa “pessoa qualquer”. Não entendi nada, mas mandaram eu entrar no carro. Eu entrei.
Estava um baita frio, meia noite e meia, eu a 22 quilômetros do meu hotel. Por que não acreditar em um cara que eu nunca vi na vida e que nem fazia parte da equipe que trabalhava no Mundial?
O cara me levou. Deu tudo certo. Ele era Bósnio naturalizado sueco. Fã do filme Tropa de Elite, mas odeia futebol. Não sabe o que 22 pessoas ficam correndo atrás de uma bola. Também não gosta de tênis de mesa. Mas disse que gosta muito de ajudar as pessoas.
Enfim, deu tudo certo.
Brasil ganhou. Eu cheguei no hotel salvo, sem gastar um tostão (se tivesse ido de trem seriam 6 Euros), com uma boa história para contar e com um amigo bósnio.