O jogador Vinicius Freitas se posicionou sobre o episódio de homofobia sofrido por Anderson Melo durante a segunda etapa do Circuito Brasileiro de vôlei de praia, que acontece no Recife, em Pernambuco. Finalista do Top 16 ao lado de Heitor Frank, o capixaba, que é gay, falou com o Olimpíada Todo Dia na tarde deste sábado (16) e desabafou sobre o caso, que envolve um de seus “grandes amigos”.
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“Deus é tão justo que ele me deu a oportunidade de falar exatamente no mesmo lugar que ele foi vítima de um crime de homofobia. Fiquei com o coração dilacerado quando fiquei sabendo. Se fosse qualquer um, me afetaria da mesma forma. Sendo um grande amigo meu, isso me machuca ainda mais. Eu, sinceramente, não sei qual seria a minha postura se estivesse presente na hora. Mas daquele jeito não iria ficar”, disse Vinicius.
O que aconteceu?
Há dois dias, o carioca Anderson Melo sofreu ataques homofóbicos durante sua partida de estreia no Aberto do Recife. Jogando ao lado do goiano Lyan, ele enfrentava a dupla formada pelo amazonense Luizão e o pernambucano Fabiano. Durante todo o jogo, um grupo de torcedores, que estava atrás da quadra, proferiu expressões discriminatórias contra Anderson, xingando-o de “bicha” e que “usa calcinha”.
Mesmo os sons sendo claramente ouvidos em quadra, a arbitragem não interrompeu a partida. Anderson e Lyan acabaram derrotados em 2 sets a 0 (21/15 e 21/19). Apesar disso, a dupla seguiu na competição e parou nas oitavas de final. Somente neste sábado o atleta e a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) se manifestaram sobre o assunto, informando que ambas as partes realizaram boletim de ocorrência em delegacia local.
“Mais amor para todo mundo!”
Após vencer vencer a semifinal contra Arthur/Adrielson por 2 sets a 0 (21/17 e 21/19), Vinicius utilizou seu espaço de entrevista pós-jogo na quadra central para se manifestar sobre o ocorrido. Cerca de 1.400 torcedores estiveram presentes na arena, que estava completamente lotada.
“Em pleno 2024, a gente não pode pecar por essas coisas porque homofobia é crime. Queria que todo mundo começasse a se conscientizar e estudar um pouco mais. Eu, mesmo representando a causa, não tenho a obrigação de ficar ensinando ninguém. Vamos todos usar a internet e procurar saber o mundo que a gente vive hoje. Mais amor para todo mundo!”, disse Vinicius.
Em seguida, o capixaba relatou ao OTD que também já viveu um episódio de homofobia durante um jogo, há cinco anos. “Em 2019, estava jogando uma disputa de bronze em João Pessoa e um rapaz no meio da arquibancada estava proferindo palavras de cunho preconceituoso. Dois jogadores, que depois se tornaram amigos meus, estavam assistindo e se mobilizaram para poder tirar o cara da arquibancada”.
“É preciso haver união de todos. Não adianta você ser contra esse tipo de atitude, mas não se movimentar. Você precisa ter uma atitude mais ativa diante dessa situação. Não pode admitir que isso esteja acontecendo e, realmente, abordar quem esteja fazendo isso para que, de alguma forma, pare”, finalizou o atleta. Ele e Heitor Frank jogarão a final do Top 16 do Recife contra André/George, neste domingo (17), às 10h40 (horário de Brasília).
Mensagem da CBV
Depois do ocorrido com Anderson Melo, a CBV passou a veicular uma mensagem antes de cada partida da quadra central da Arena da Praia do Pina: “Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!”, diz o aviso, que é lido pelo animador do evento.