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Vôlei de Praia

Anderson Melo, do vôlei de praia, é vítima de homofobia em Recife

Atleta Anderson Melo relata o caso de homofobia que sofreu na etapa de Recife do Circuito Brasileiro de vôlei de praia; CBV se pronuncia

Anderson Melo vôlei de praia
(Foto: Reprodrução/Instagram)

Jogador de 32 anos, Anderson Melo, foi vítima de homofobia na etapa de Recife do Circuito Brasileira de vôlei de praia. O atleta ouviu gritos de “bicha” e que “usa calcinha” desferidos pela torcida. O atleta registrou boletim de ocorrência e contou sobre o caso em suas redes sociais.

“Demorei a escrever porque eu precisava digerir o que aconteceu naquela quadra, no ambiente que mais amo estar sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir”, relatou no seu perfil.

O caso ocorreu na última quinta-feira (14), durante partida entre o atleta, que faz parceria com o goiano Lyan, contra a dupla Luizão (AM)/Fabiano (PE). Os adversários acabaram vencendo a partida por 2 sets a 0 (21/15 e 21/19).

Na mesma publicação, o atleta divulgou vídeos em que se pode ouvir os xingamentos proferidos pela torcida. É possível ouvir “Usa calcinha, não usa?”, “saca na bicha”, entre outros gritos homofóbicos.

O atleta procurou a delegacia local e registrou boletim de ocorrência. Ainda na postagem, o atleta apelou para que algo seja feito. “Faço um apelo para que este assunto não fique em vão, faço um apelo para as autoridades locais, a CBV, aos meus fãs e amigos para que isso não se repita com mais ninguém”, escreveu Anderson.

CBV se pronuncia sobre o caso

Após a repercussão, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) emitiu nota oficial sobre o ocorrido com Anderson Melo. A entidade afirma ter apurado os fatos, com revisão das imagens da partida, além de ter conversado com a arbitragem e reunido as informações para seguir com boletim de ocorrência em delegacia local. Além disso, o caso segue para Ministério Público de Pernambuco.

Segundo a entidade, está sendo veiculado desde sexta-feira (15) uma mensagem contra discriminação antes das partidas da quadra central em Recife. “Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro”, diz parte da mensagem.

Confira nota oficial completa:

“A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) lamenta e repudia veementemente os ataques homofóbicos ao atleta Anderson Melo, feitos na quinta-feira por pessoas que assistiam aos jogos da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife.

A CBV apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para, neste sábado, protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. O caso também será encaminhado ao Ministério Público local e a CBV acompanhará todos os desdobramentos.

Desde sexta-feira, a mensagem abaixo é veiculada antes de cada partida da quadra central.

“Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!”

A CBV lamenta que Anderson Melo tenha sofrido essa violência e está prestando todo o auxílio ao atleta. A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos.”

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Apoio de atletas

Vários jogadores mandaram mensagens de apoio ao jogador após o ocorrido. Em redes sociais, Gabi Guimarães, ponteira e capitã da seleção brasileira de quadra, comentou na publicação do atleta. “Inacreditável!! Muita força. Estamos todos com você”, escreveu. Líbero bicampeã olímpica e defensora da comunidade LGBT Fabi Alvim também demonstrou revolta sobre o caso. “Sinto muito de coração por você ter passado por isso! Conte comigo! Isso é inadmissível! Deveriam ter parado essa partida! Essa luta é nossa!”

Formada em Jornalismo pela Unesp-Bauru, participou da Rio-2016 como voluntária, cobriu a Olimpíada de Tóquio-2020 a distância e Paris-2024 in loco pelo Olimpíada Todo Dia; hoje coordena as Redes Sociais do OTD.

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