Aos 28 anos, Rebecca Silva se prepara para o momento mais especial da carreira até aqui: os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. A cearense garantiu a vaga no vôlei de praia ao lado de Ana Patrícia pouco mais de um ano desde o início da parceria. Foi a realização de um sonho, que demorou para parecer realidade.
“A gente não tinha pretensão nenhuma de conseguir essa vaga na Olimpíada de Tóquio. Mas a gente foi jogando, conseguiu se destacar e o sonho foi ficando mais próximo. A gente nem acreditava no começo, porque é muito díficil, o Brasil tem duplas muito boas, é muito competitivo. Já é uma vitória muito grande poder ir para a Olimpíada pelo Brasil, por saber o quanto é difícil. Então começou a cair a ficha agora, porque é um sonho, uma coisa tão grandiosa para a gente”, contou Rebecca em live do OTD em parceria com o Tik Tok.
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Mas se hoje a cearense está perto de representar o Brasil nas areias de Tóquio, nem sempre foi assim. Os primeiros passos de Rebecca no esporte foi no vôlei de quadra. E a paixão pela praia veio apenas mais tarde, por um motivo inusitado: uma lesão.
“Eu joguei na quadra, mas tive uma lesão no joelho e foi quando eu conheci o vôlei de praia. Até então, eu nem sabia que existia [a praia] para ser sincera. Era muito distante. E quando tive essa lesão, a parte de reabilitação foi feita na areia, porque não tinha impacto. E dali eu nunca mais tive essa vontade toda de jogar na quadra de novo, até por medo também, receio [do joelho]… Mas na areia não sentia dor. Então foi onde eu me encontrei”.
Superando desafios
Depois de começar no vôlei de praia aos 16 anos, Rebecca foi conhecer Ana Patrícia no seu último ano jogando pelo sub-23. Cinco anos mais velha que a atual parceira, a cearense teve receio no começo, mas depois viu que a dupla tinha tudo para dar certo.
“Era meu último ano [no sub-23] e foi quando ela chegou em Fortaleza. A princípio pensei: ‘poxa, vou jogar com uma menina que chegou agora, vou ter que ter aquela paciência…’. Mas acabou que deu certo. A gente jogou um ano sem compromisso, jogava o adulto com outras pessoas, e foi gerando uma amizade, uma cumplicidade. E no outro ano, a gente se separou das nossas duplas e queria fazer um projeto a longo prazo. E aí juntou o útil ao agradável e deu certo”, explicou.
Além disso, Ana Patrícia e Rebecca precisaram superar desafios no início da parceria, principalmente financeiros. “A gente saba que no início nem tudo são flores. A gente sofreu muito com o financeiro, investimento, sem patrocinador… Então jogar o Circuito Mundial foi um investimento pessoal mesmo. Mas a gente teve muito aprendizado”.
Pressão e expectativa para Tóquio-2020
A vaga olímpica é muito mais que uma simples classificação para os Jogos Olímpicos. Ela traz consigo muita responsabilidade e pressão. E desafia diariamente o psicológico dos atletas.
“É bem difícil de lidar, porque quando você é um time ‘normal’, os holofotes não estão em cima de você. Você não é tão cobrada, não é tão vista… E a vaga olímpica é uma coisa muito diferente, uma responsabilidade maior. As pessoas passam a te cobrar certas coisas que não cobravam. Então acho que entra muito a parte psicológica”, contou Rebecca, que possui profissionais da área em sua equipe multidisciplinar.
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E hoje, a pouco mais de dois meses do início de Tóquio-2020, Rebecca se vê preparada para dar o seu melhor no Japão, inclusive recuperada de uma lesão sofrida no final de abril. “Estou 100%, já voltei aos treinos e não tenho dor. E agora está bem pertinho, ansiedade já está gritando. Mas a gente tenta manter a tranquilidade, porque sabe da responsabilidade, que o Brasil sempre ganha medalha, o quanto o vôlei de praia já é vitorioso… Então tem essa pressão a mais, mas eu estou muito feliz com essa oportunidade e estamos nos momentos finais, de só acertar os detalhes. A gente vai dar o nosso melhor”, concluiu.