Um ídolo sempre teve um ídolo para começar, para se espelhar e que fez com que a paixão por algo começasse. Em live da plataforma “Talk to Your Idol” no instagram, Ágatha Rippel e Isabel Swan conversaram sobre como elas entendem a participação da mulher no esporte e comentaram sobre suas trajetórias no esporte.
No bate-papo entre medalhistas olímpicas, Isabel Swan conquistou o bronze em 2008 e Ágatha Rippel foi prata em 2016, foi descoberto que a história no esporte, das duas atletas, começou por conta de uma inspiração dentro da família.
“Minha madrinha, Claudia Swan, foi para a Olimpíada de 1992 e me influenciou muito. Lembro dela chegando e indo na casa da minha vó com fotos, os mascotes e eu soube que queria isso”, comentou Isabel Swan.
No caso de Ágatha Rippel, a referência dentro da família não chegou tão longe, mas foi essencial para o começo da atleta. ” “Eu tenho uma tia, que não chegou a defender o Brasil, mas jogou pelo Paraná. Ela me influenciou demais a seguir na modalidade quando eu era menor”.
E esse incentivo foi essencial para a carreira de Ágatha. Assistindo a Olimpíada de Barcelona, em 1992, a atleta decidiu ser jogadora de vôlei e hoje, mais de 25 anos depois da decisão, vê que um sentimento a moveu no decorrer dos anos.
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“Eu decidi muito nova que seria jogadora de vôlei profissional. Como o sonho era muito grande, eu sempre passei por cima de todos os obstáculos. Quando me pedem conselhos, eu sempre comento que tem que ter amor, amar o que faz, porque foi assim que eu consegui”.
Apesar de ter escolhido o vôlei cedo, a transição para a praia demorou um pouco e só aconteceu aos 18, 19 anos. Com isso, diferente de sua atual parceira, Duda, que sempre se destacou nas categorias de base pelo que apresentava nas quadras pelo mundo, Ágatha Rippel teve uma carreira até certo ponto irregular.
Carreira com altos e baixos
“Trajetória irregular. Com muitos altos e baixos, tive anos bons, em que apareci no cenário, mas outros nem tanto. Temporadas boas no circuito nacional e não tão boa no internacional. Mas tudo mudou em 2012, quando eu consegui ir mesmo e venho conseguindo me manter e melhorar a cada ano que passa”.
Quem assiste aos jogos de Ágatha e Duda pelas quadras do mundo consegue ver uma grande competidora em quadra. Focada em todos os pontos e sempre falando durante todo o tempo, a jogadora busca sempre ver a partida pelo copo meio cheio, sabendo que os erros precisam ser esquecidos e mantendo na cabeça que “no próximo o acerto acontecerá”.
No esporte durante a maior parte da sua vida, Ágatha Rippel desenvolveu seu lado competidor. Apesar de se considerar dócil e gentil fora de quadra, quando o jogo começa, a jogadora sabe que precisa ser agressiva e por isso liberta o “bicho” que tem dentro dela.
“Minha agressividade é sempre contra o jogo. Não contra o meu adversário em um jogo específico, nunca. Quando estou competindo eu viro o “bicho” mesmo. O lado competidor, que eu aprendi a ter, aquele mais raçudo, ele desperta”.
Com essa mentalidade, de esquecer os erros e pensar que o acerto virá, Ágatha Rippel conseguiu chegar na medalha olímpica, em 2016. Mas para chegar nessa forma de pensar e agir, tudo foi um processo. Trabalhando desde 2013 com uma psicóloga em seu time, a jogadora de vôlei de praia aumentou sua forma mental de jogar as partidas.
“Sou extremamente racional na hora do jogo, colocando em prática o que foi estudado, e vou para a galera quando o ponto acontece. Me dou o direito dessa energizada com o pessoal e retorno para o meu foco muito rápido”.
O jogo “da vida” é só um jogo
Na Olimpíada de 2016, a semifinal do vôlei de praia feminino colocou Ágatha Rippel e Barbara, sua então parceira, contra as atuais tricampeãs olímpicas, as americanas Wash e May.
As jogadoras dos Estados Unidos eram os “bichos papões” quando se tratava de Jogos Olímpicos. Nas três finais anteriores, Wash e May chegaram e levaram o ouro, uma contra as brasileiras Adriana Behar e Shelda em 2004. Por conta deste retrospecto, apesar do confronto ser contra atletas do Brasil, a maior parte da imprensa dava como certa a passagem das americanas para a decisão e noticiavam a possibilidade do tetra olímpico.
Por isso, Ágatha Rippel explicou que a saída encontrada foi se manter fechada, estudar o máximo possível e não esquecer que um jogo é apenas um jogo, apesar de ser uma semifinal olímpica.
“Um mês antes a gente se blindou de tudo, mídia, redes sociais, tudo. Um mês só nós, treinando e se dedicando. Na semifinal, nós não glamorizamos a situação. Sabíamos que era um jogo, uma semifinal olímpica e não levamos para a quadra o peso contra quem era. Sempre estudo para as partidas, mas para essa passei cinco horas vendo e revendo, pensando em tudo, para fazer na quadra. E deu certo.”.