Imagine juntar o amor pelo esporte, pelo lugar onde você mora e a vontade de fazer o bem. Foi através destes três pilares que o professor Flávio Mendes fundou em 2014 o Centro Esportivo Ribeira, local onde dá aulas de vôlei de praia, no bairro da Ribeira, em Salvador.
Apaixonado pela modalidade, Flávio sempre frequentou aulas de vôlei em sua cidade, porém percebeu que estas estavam ficando escassas na região. Formado em nível 2 como técnico de vôlei de praia e nível 3 como de quadra, o treinador decidiu mudar essa realidade com as suas próprias mãos.
“O projeto começou em 2014, quando eu percebi que não havia uma escola de vôlei de praia na região que eu moro, apesar de bastante gente gostar de praticar o esporte por aqui. Eu havia acabado de encerrar o meu curso de treinador então decidi iniciar o projeto. Além disso achei que era possível valorizar o bairro e tentar trazer algumas crianças carentes e oferecer um esporte e uma opção de lazer para eles”, explica.
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Pouco mais de cinco após o início, o projeto já conta com quase 80 alunos, que realizam as aulas em quatro dias da semana. Atualmente contando com a ajuda de mais um professor, Flávio explica que não cobra uma mensalidade dos alunos.
“Hoje eu cobro um valor simbólico apenas para ajudar a mim e ao outro professor da escola, meu amigo Carlos Correia. Eles treinam separados por categorias: iniciação, competição e master”, completou.
Inspiração especial
Pouco antes de iniciar a sua própria escola de vôlei de praia, Flávio teve uma oportunidade de trabalhar no projeto da medalhista olímpica Ághata. Apesar de não poder aceitar o convite feito em 2013, essa possibilidade acabou servindo de inspiração para a criação do seu projeto, dois anos mais tarde.
“Eu trabalhava em outro município, e recebi o convite de entrar para o projeto. Não pude aceitar no momento por conta de questões familiares. Porém algum tempo depois, após acompanhar o projeto dela nas redes sociais, percebi que ele serviu como uma enorme inspiração para que eu criasse o meu próprio projeto”, garantiu Flávio, que revelou que espera poder conversar com a atleta.
Sonhos sendo construídos
Com apenas cinco anos de existência, o projeto já rendeu a Flávio algumas oportunidades que ele pretende nunca esquecer. Dentre esses momentos ocorreu no ano passado, quando o treinador ajudou a conseguir fazer da praia da Ribeira a sede do vôlei de praia dos Jogos Universitários de 2019.
“Foi uma coisa muito gratificante. Ver pessoas de todo o Brasil aqui em nosso bairro, para disputar o vôlei de praia foi algo especial. Além de todo benefício de visibilidade para a região e a escola, conseguimos emplacar alguns alunos na disputa. Ter feito parte disso foi algo especial”, contou.
Além disso, mesmo com apenas cinco anos de existência o projeto já trouxe alguns resultados positivos em seu objetivo de formar pessoas. Um dos resultados positivos trazido pela criação do Centro Esportivo Ribeira são as bolsas de estudo conseguidas para alguns alunos.
“Como eu ajudei algumas pessoas de faculdade antes de iniciar a escola de vôlei de praia, consegui conversar com alguns que me ajudaram a disponibilizar algumas bolsas de estudo para meus alunos. Os que conseguem precisam manter uma boa nota e ter uma boa presença nas aulas”, explica.
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No entanto, todos estes sonhos que estão sendo construídos nesses últimos cinco anos sofrem de um problema: a falta de incentivo. Sem a presença de um patrocinador ou incentivo público, Flávio precisa se desdobrar para manter o projeto de pé. Apesar das dificuldades, o treinador não consegue parar de imaginar no que o futuro reserva para o Centro Esportivo Ribeira.
“Sonhos são pra gente tentar chegar. Se eles serão executados ou não posso dizer. Mas eu gostaria muito que a Ribeira se tornasse um legado para o esporte baiano e, quem sabe, mundial”.