Com apenas 20 anos de idade, Eduarda Santos Lisboa, a Duda, já pode ser considerada uma gigante do vôlei de praia. Ela já ostenta um longo currículo: tricampeonato sub-19, bicampeã sub-21 e campeã dos Jogos Olímpicos da Juventude. Para coroar os feitos, foi eleita a melhor do mundo. “Parece que eu estou vivendo um sonho”, define. Já é possível perder a conta de quantas medalhas guarda nos armários, divididos em dois estados: Rio de Janeiro e Sergipe.
Duda Lisboa nasceu com o vôlei de praia no sangue. Filha da ex-jogadora Cida, a atleta, desde muito pequena, acompanhava a mãe, viajava pelos torneios da modalidade e brincava na areia. “Como eu sempre fui do esporte, ela sempre estava envolvida com uma bola com qualquer coisa que tivesse a ver. O primeiro contato dela foi no meu projeto. Ela pequenininha. Um ano depois que ela nasceu foi que eu criei o centro para as criançinhas”, relembra Cida Lisboa.
E foi ali no CT Cida Vôlei, na quarta cidade mais antiga do país, São Cristóvão-SE, que Duda aprendeu os primeiros fundamentos, ainda com sete anos. “Ela sempre se destacou mais. Com treze, essa menina foi para o primeiro Mundial, uma coisa extremamente absurda”, destaca Cida, sem esconder o orgulho.
Da mãe, além da genética, carrega também características dentro de quadra. “Sou muito calma e fria dentro de quadra. Às vezes, não mostro muito o que está acontecendo dentro do meu corpo”, comenta Duda. “Ou o que está acontecendo dentro dos meus sentimentos. Minha mãe é muito calma jogando e ela me passou isso. Acho que é hereditário, né?”.
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Não demorou muito para Duda Lisboa deslanchar. Com quinze anos, já jogava no adulto. Ao longo da carreira precoce e vitoriosa, Duda atuou ao lado de Mônica Silva (2011), Drussyla Costa (2012) e Ana Carolina Costa (2013/14). Mais tarde, foi a vez de entrar em quadra com Tainá Bigi (2013/14/15), Thaís Ferreira (2013), Carolina Horta (2014/15), Liliane Maestrini (2014), Ana Patrícia Ramos (2014/16), Elize Maia (2015/16) e Victória Tosta (2016). Desde 2017, sua parceria é com Ágatha Bednarczuk.
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Começar tão cedo trouxe responsabilidades maiores. Cronogramas a ser seguidos, viagens… A própria mãe se sentiu culpada por ter apresentado o esporte para a filha. Duda, por sua vez, desde pequena não tinha dúvidas que queria a responsabilidade que havia assumido. A cobrança por bons resultados vinha além da areia.
Foco dentro e fora da quadra
“Minha mãe era 90% estudo e 10% vôlei, porque ela me forçava a estudar”, relembra a Duda Lisboa. “Eu era muito envolvida no vôlei de praia, mas o maior medo de minha mãe era que eu não conseguisse estudar, que eu não conseguisse terminar o meu ensino médio, o segundo grau”, conta. Duda não esquece das constantes cobranças que vinham de seus pais. “O vôlei vai acabar, você tem que estudar. Pode ser que você não consiga mais jogar, você enjoe, você pare. Você tem que terminar o segundo grau pra fazer uma faculdade”, diziam eles.
O esforço valeu a pena. Em todos os sentidos. Agora, Duda Lisboa sonha com voos maiores. Busca a vaga olímpica. Ainda tem muito trabalho pela frente, mas a família inteira está empenhada num mesmo objetivo. “O meu sonho é o mesmo dela. Eu acho que ir para uma Olímpiada é o sonho de qualquer atleta. E aí, o meu sonho é o sonho dela. A gente está nesse mesmo embalo,” define Cida.
“O vôlei de praia, o esporte te proporciona essas coisas. Se a gente luta, vai, coloca um objetivo, ele vai proporcionando coisas que você nem imagina”, analisa Duda. “Pensa, eu sai do interior, do interiorzinho, uma das menores cidades do Brasil pra ir para a China, um lugar que tem milhares de pessoas. É incrível!”, recorda.
Próximo destino? Tóquio! O caminho natural é esse.