Por Paulo Chacon
“É um projeto de vida”, assim define o técnico tricampeão olímpico de vôlei, José Roberto Guimarães, o projeto que ele montou em Barueri. Uma estrutura que reúne não só o time que ele dirige e que conta com o patrocínio da Hinode, mas que passa por todas as categorias de base e que tem como objetivo transformar a cidade em pólo da modalidade no Brasil.
“Tudo começou no ano passado, quando eu virei coordenador das seleções de base, desde a sub 17 até a sub 23. Acompanhando os treinos de uma dessas seleções, a sub 19, eu estava conversando com o técnico e descobri que quatro jogadoras eram formadas na cidade de Barueri e estavam em outros clubes porque a cidade não tinha mais categoria de base. Resolvi que precisava fazer algo para mudar isso”, conta.
Zé Roberto partiu praticamente do zero e o processo para a realização do projeto foi extenso e duro. Com muita e força de vontade, tanto do treinador, quanto da comissão técnica e das jogadoras chamadas para fazer parte da equipe.
“Comecei a falar com amigos empresários e a prefeitura de Barueri para conseguir retomar o projeto das categorias de base e comecei a ligar para as jogadoras, pensando também no time adulto, mas no início eu não tinha nada. Ligava, conversava e falava que as únicas coisas que eu poderia oferecer, que era através do Sportville (centro de treinamento construído por Zé Roberto em 1992) era alimentação e moradia e prometia que correria atrás de patrocínio para time. ”
No dia 12 de outubro começaram os treinos do time, montado com jogadores e integrantes da comissão técnica que estavam desempregados naquele momento, mas que compraram a ideia de Zé Roberto e acreditaram no projeto. “Na verdade, nós começamos na terceira divisão, disputamos a Taça de Prata e conseguimos a vaga para a Superliga B, isso tudo sem patrocínio”, comenta Zé Roberto.
Após a Taça de Prata, e consequentemente a vaga na Superliga B, enfim veio a notícia mais esperada: a chegada do patrocinador para bancar o projeto. “Durante um mês, eu chegava para dar o treino e via no rosto de cada atleta, de cada integrante da comissão técnica, a vontade e o desejo de receber uma notícia boa. Foi um mês difícil, com noites sem conseguir dormir direito, até que apareceu um anjo para o nosso time, na forma da Hinode, que aceitou patrocinar o projeto. No dia que eu disse para o grupo que tinha conseguido o patrocinador, teve atleta e pessoas da comissão chorando de felicidade”, revela.
Com o nome de Hinode Barueri, a equipe foi a melhor da primeira fase da Superliga B, vencendo todos os seis jogos que teve pela frente, perdendo apenas dois sets. Por ter se classificado na liderança, o time ganhou o direito de ir direto para as semifinais e em eu o São Bernardo no primeiro jogo, fora de casa, nesta sexta por 3 a 0. A partida de volta será no dia 1 de abril. A conquista do título dará um lugar para jogar a Superliga já na próxima temporada. “Hoje nós estamos preocupados com o próximo jogo e o próximo adversário, que assim como nós quer a vaga para a Superliga. Nós não temos nada certo com ninguém, nem contrato para a próxima temporada, nada, temos um objetivo da equipe e um desejo do nosso patrocinador de estarmos na Superliga na próxima temporada”, afirma Zé Roberto.
Entenda o projeto em Barueri
O projeto, como já disse Zé Roberto, teve a primeira semente plantada por uma percepção do técnico vendo as seleções de base do país e isso para o técnico foi o mais importante que o projeto conseguiu “Nós conseguimos estruturar toda nossa categoria de base, isso é uma das coisas mais bonitas e legais que a gente conseguiu fazer, 463 meninas vieram fazer a peneira, 60 foram aprovadas, 12 ficaram aqui no mesmo sistema do início do projeto, até a gente conseguir o ginásio da prefeitura e toda a estrutura desse projeto, que é um projeto incentivado por leis estaduais e federais, para que se tire o menos de dinheiro possível da prefeitura e ela possa se preocupar com outras coisas, como saúde, educação”.
A ideia do projeto é facilitar a vida e aumentar as possibilidades dessas meninas para o futuro “ A ideia é colocar pedagogas, psicólogas, todo um projeto voltado para o desenvolvimento dessas meninas, talvez essas meninas não sejam jogadoras de seleção, talvez não sejam talentosas a esse ponto, o importante é abrir o leque ( de oportunidades para) dessas jogadoras, elas poderem, através do voleibol, terem uma carreira, poderem estudar em boas universidades, estudarem fora, poderem ter um outro alento em termos de vida para o futuro”, completou Zé Roberto.
O projeto hoje conta com meninas de 12 anos até a equipe adulta, o que possibilita o desenvolvimento de jogadoras e a continuidade da equipe, “o legal do nosso projeto é que temos o adulto e toda a base, podendo retribuir para o país tudo aquilo que ele nos deu, com a ajuda da Hinode, da prefeitura, dos incentivos estadual e federal, nós conseguimos fazer o projeto andar e se desenvolver”, concluiu Zé Roberto.
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