Elas foram rivais nas finais da Superliga feminina 2023/24 e da Copa Brasil 2024 e decidiram pausar suas carreiras no auge para realizarem um sonho pessoal: a maternidade. Adversárias em Minas Gerais, a líbero Nyeme e a levantadora Claudinha vivenciaram os clássicos mais relevantes da história de seus clubes: o Minas Tênis Clube e o Praia Clube, respectivamente. A defensora da equipe minastenista foi campeã da Superliga e a maestrina do time de Uberlândia ficou com o título da Copa Brasil. E ambas foram vice-campeãs quando perderam as finais.
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Nyeme, de 26 anos, deu um até breve e, se for da vontade dela, já pode regressar às quadras na temporada 2026/27. Já Claudinha, de 37, ainda está com sua situação indefinida. As duas jogadoras estão grávidas de uma menina. Casada com Micael, a líbero espera pelo nascimento de Antonella. Já a levantadora, esposa de Alexandre Pixote, atleta de futsal, aguarda a chegada de Maria Eduarda. Além de praticarem a mesma modalidade, as duas precisaram tomar uma decisão difícil e conversaram com o Olimpíada Todo Dia (OTD) com exclusividade sobre deixarem às quadras no calendário de 2025/2026.
Processo de decisão de Nyeme
O OTD entrevistou Nyeme quando ela estava com três meses e duas semanas de gestação. Ela contou como foi a descoberta. “Descobri a gravidez dia 04 de setembro. Foi muito rápido depois da Olimpíada. Cheguei no Brasil e já estava tudo planejado. Fiz o teste e deu positivo. Foi uma surpresa e, por mais que a gente espere, foi uma emoção grande. O início foi um pouco difícil, pois estava enjoando e vomitando muito. Agora já estou melhor. Quem me conhece sabe que meu maior sonho sempre foi ser mãe. Sou apaixonada por crianças e quero ter quatro filhos, então tenho que começar cedo”, disse a líbero.
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“Fiquei muito feliz, primeiro porque tinha acabado de sair da Olimpíada com a medalha de bronze e realizado meu sonho profissional. E, logo em seguida, Deus realizou o meu maior sonho da vida, que era ser mãe, que era poder engravidar. Por isso, costumo dizer que foi tudo muito certinho e só tenho a agradecer porque deu tudo certo”, completou Nyeme. Natural de Barra do Corda, no Maranhão, a defensora relatou com bom humor que o processo para engravidar passou por conversas com José Roberto Guimarães, técnico da seleção brasileira feminina.
Diálogo com Zé Roberto sobre a gestação
“Voltei a jogar vôlei em 2019 com o Zé, em Barueri, e, como sabia que em Tóquio eu não iria, perguntei para ele: ‘Zé posso engravidar?’. E ele me respondeu: ‘pelo amor de Deus, não faz isso comigo. Espera pelo menos a próxima’. Aí eu falei: ‘está bem, vou esperar a próxima então’. Aí nesse esse ano, quando não tinha fechado no Minas, eu já estava decidida a engravidar e liguei para ele: ‘Zé, o senhor lembra daquele dia em Barueri que o senhor mandou eu esperar até 2024, pois chegou’. E ele me disse: Nye é a melhor decisão, mas tem o Mundial no ano que vem, né?'”, revelou Nyeme.
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No entanto, a conversa entre ambos não parou por aí. Ela se manteve firme em engravidar agora. “Eu falei assim: ‘Zé não adianta porque todo ano tem campeonato importante’. Pensei que, se eu adiasse, ia ficar mais perto da próxima Olimpíada e, com isso, ficaria mais difícil. Esse período foi ótimo para engravidar porque está previsto para eu ganhar a Antonella no dia 14 de maio, então consigo aproveitar tudo e, se eu quiser ainda voltar no começo da próxima temporada, eu volto. Portanto, vou ficar fora só um ano. Então foi tudo muito perfeito”, afirmou a jogadora.
‘Assinei contrato sabendo que era a última’
Nyeme fez a recepção e a bola chegou nas mãos de Claudinha. Agora é a vez da levantadora contar ao OTD o momento que tomou a decisão. “Esse desejo nosso de sermos pais já vem desde a outra temporada. Não dessa que passou agora, mas da anterior. Mas, como ainda estava cedo, tinha muita coisa acontecendo, então nós decidimos, eu particularmente, porque meu marido disse que me apoiaria, mas a mudança seria muito maior para mim. Então, eu decidi, definitivamente, na temporada passada. Eu assinei contrato sabendo que seria minha última temporada até essa pausa”, ressaltou Claudinha.
“A temporada inteira eu curti isso. A gente já vivia esse momento de gestação, não sabia como ia ser, mas até as companheiras de time sabiam, todo mundo sabia, não era segredo para ninguém, o clube também sabia. Então, não era segredo que seria minha última temporada porque eu tinha o sonho de engravidar. Claro que seria quando papai do céu quisesse e ele fez da melhor forma possível, pois conseguimos bem breve, bem próximo de quando acabou a temporada”, acrescentou a levantadora, que revelou ao OTD que os primeiros meses de gravidez foram complicados.
Indisposição e alegria na descoberta
“Passei um pouco mal, não me alimentava bem. Fiquei com bastante indisposição mesmo, mas, graças a Deus, já estou bem. A nossa neném está cada dia maior. Já está bem grandinha. Está passando muito rápido até”, disse Claudinha. Após o término da temporada pelo Praia, Claudinha resolveu alguns problemas e foi acompanhar o marido em Tubarão, cidade de Santa Catarina, local onde ele estava jogando. No dia do papo com o OTD, a levantadora já havia deixado o município catarinense e estava residindo em Mogi Mirim, em São Paulo.
“Conseguimos engravidar rápido, demorou ali uns dois ou três meses para conseguir e foi só alegria na descoberta. Senti todos os sintomas. Não sei se já vivia tanto isso na minha cabeça, já que era algo que a gente queria tanto, que já sentia os primeiros sintomas, a cabecinha, o corpo mudando, como se já estivesse grávida e, realmente, eu estava. Eu falo que agora é que já me vejo grávida, pois agora já aparece a barriguinha. Dentro de todo processo da gestação, a gente começa a curtir mais agora mesmo”, acrescentou a atleta.
Dificuldade com alimentação: ‘até mesmo água não entrava’
Quando citou a indisposição, Claudinha explicou que falava no sentido de falta de energia. Além disso, ela sofreu com enjoos no início da gestação. “Eu tinha na cabeça que seria uma mamãe fitness porque sempre gostei de treinar. Claro que a rotina mudaria de uma temporada que era intensa, mas achei que conseguiria manter o foco na preparação física, tanto para o meu corpo quanto para a saúde do neném, e uma alimentação saudável, que é o que sempre busco e gosto. E nada disso aconteceu porque não tinha energia, disposição. Eu ficava deitada e não conseguia mais treinar”, revelou Claudinha.
A levantadora também encontrou dificuldades na alimentação. “Na semana que descobri a gestação, eu tive consulta com meu nutrólogo e ele ajustou minha dieta. A primeira semana foi ótima. Fiz tudo certo, mas na segunda já não entrava mais nada, enjoava com tudo e mais um pouco. Não conseguia comer nada, até mesmo água não entrava. Eu perdi peso no começo da gestação. Porém, aos poucos isso foi passando. Por ser atleta, criei a expectativa de continuar tendo rotina intensa, mas fui aprendendo a viver um dia de cada vez. Aos poucos encaixando as peças e me cobrando menos”, destacou Claudinha.
Quatro filhos, Nyeme?
Nyeme integrou o elenco medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 e ainda estará com 26 anos quando Antonella nascer. No decorrer da entrevista, a jogadora revelou a ousada intenção de ter quatro filhos. A reportagem então perguntou se já poderíamos adiantar que a próxima gestação aconteceria após Los Angeles-2028 e ela, de forma descontraída, não hesitou na resposta. “Se Deus quiser. Aí já pode vir gêmeos”. No vôlei existem exemplos de atletas que tiveram filhos e as crianças ainda puderam acompanhar a mãe jogando. Será que isso também pesou na decisão de Nyeme?
“Deve ser muito bom. Estava conversando com as meninas na seleção e eles falaram assim: ‘Nye, na próxima Olimpíada ela estará na arquibancada e a gente vai estar lá beijando e cheirando ela. Gente, isso deve ser maravilhoso. Já é bom quando sua família, seus pais e seu esposo estão lá, mas poder imaginar ter um bebezinho ali me aguardando, espero que seja com muita alegria depois de ter ganhado, em nome de Jesus, para mim vai ser muito especial”, comentou Nyeme. Os casos mais recentes e famosos de filhos acompanhando as mães são de Fabíola, Dani Lins e Camila Brait.
Relação de Antonella com “Negócio da China”
Nyeme e Micael se conheceram na igreja e começaram a namorar quando ela tinha 15 anos. Quando se casaram a atleta já estava com 20, em 2018, portanto, eles namoraram por cinco anos e sempre a distância. Os dois só conseguiam se ver por uma semana ou, no máximo, por 15 dias. “A gente fez a conta e, dos cinco anos de namoro, a gente tinha se visto uns dois meses porque eu já morava fora jogando, na base, e a base é pior porque é o ano inteiro jogando. Então era muito difícil, a logística era muito ruim para eu ir para o Maranhão e para ele vir também”, destacou Nyeme.
A líbero da seleção brasileira contou que fez um trato com o marido: depois dos casamento os dois não ficariam longe um minuto sequer. Os dois vivem juntos desde quando ela jogava em Barueri e agora serão três com a chegada de Antonella. “Eu tenho preferência por esse nome desde meus oito anos de idade. Eu assistia uma novela da Globo, que se chamava Negócio da China, e sempre falava que o nome da minha filha seria esse. Eu sempre falei para ele: o nome da nossa filha será Antonella. E ele sempre aceitou. Ele nunca teve outro nome porque eu já tinha decidido”, brincou a defensora.
Fazendeiro ou boiadeiro?
O casal fez o combinado, mas como tornar isso realidade com Nyeme sendo atleta e tendo uma vida de incertezas. E como Micael resolveria o lado dele? “Eu falo para ele e o povo começa a rir: você é fazendeiro. A galera brinca e diz que é boiadeiro, mas ele é fazendeiro. Os pais dele tem duas lojas e ele cuida de tudo de forma remota, pelo computado. Ele está fazendo faculdade de administração porque tem as lojas e a fazenda para cuidar. É importante estudar para saber o que fazer. Ele sempre esteve comigo, sempre trabalhou a distância. Era uma coisa que eu não abria mão e nem ele”, contou a atleta.
Assim como Claudinha, Nyeme também enfrentou dificuldades até para ingerir água. Além disso, ela contou o que mudou nela após a gravidez. “Eu já chorava por tudo. Agora eu estou chorando ainda mais e tenho que me controlar para não ficar chorando o dia inteiro. Engordei só 1,5kg em três meses porque não conseguia comer nada e nem beber água. Ainda hoje não consigo beber água direito porque dá ânsia de vomito, mas agora minha barriguinha já está grandinha, então já consigo ver que, realmente estou grávida, porque aparece algo além dos sintomas”, declarou Nyeme.
Maior prêmio da vida?
Acostumadas com disputas de títulos, Nyeme e Claudinha terão suas filhas bem próximo ao período de playoffs da Superliga. Desta vez, não sabemos se Minas e Praia estarão na decisão, algo que se repete desde a temporada 2018/19. São cinco finais seguidas entre os dois clubes, já que, em 2019/20, a competição foi paralisada por causa da pandemia da Covid-19 e não teve definição de campeão e vice. Se pegar só o time de Uberlândia, já são seis finais seguidas e a levantadora foi campeã duas vezes. A líbero disputou as últimas duas finais e foi campeã uma vez.
Em 2025 as duas não irão festejar em quadra, mas terão um motivo ainda maior para comemorar. O “título” está garantido. “Vai (maior prêmio da vida). Nossa, depois de ter conquistado tudo que sempre quis, que era a Superliga, estar na Olimpíada, agora vou ter esse troféu, que será o mais importante de toda minha vida. Acho que vou ser, cada dia mais, realizada por isso. Por que Deus me deu a oportunidade de realizar todos os sonhos que tinha, principalmente os mais importantes. Então, sim, será mais um troféu”, concluiu Nyeme.
Claudinha reforçou a ideia da colega de profissão. “A gente não tem a dimensão quando está fora. Mas, quando está dentro, supera qualquer sentimento que já pude ter dentro de quadra. Não que consiga comparar, pois foram momentos maravilhosos. É sensacional ganhar um título, passar pela temporada inteira lutando, superando milhões de coisas, cada uma com sua história, com a sua dificuldade, mas acredito que esse sentimento que a gente vive diariamente, 24h por dia, é incomparável. Tenho certeza que será muito desafiador, mas vai ser realmente o melhor prêmio da vida”, finalizou Claudinha.
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