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Finalista, Cruzeiro ressurge pelas mãos de campeões olímpicos

Trentino é o favorito, mas o Sada Cruzeiro já mostrou que nunca pode ser descartado. Saiba a expectativa para a decisão do Mundial de Clubes de 2024 e o caminho para o time brasileiro conquistar o título

Sada Cruzeiro Lucão Wallace
Lucão e Wallace foram fundamentais para o Sada Cruzeiro no Mundial de Clubes (Foto: Agência i7/Sada Cruzeiro)

Finalista do Campeonato Mundial de Clubes masculino de 2024, o Sada Cruzeiro ressurgiu na competição pelas mãos dos experientes campeões olímpicos Wallace e Lucão. Os dois medalhistas de ouro na Rio-2016 foram muito importantes nessa reviravolta da equipe mineira. Após a segunda rodada do Grupo B, quando o time celeste perdeu do Shahdab Yazd, do Irã, as chances de classificação para semifinal eram remotas, pois dependiam de outro resultado, mas o placar favorável aconteceu e os brasileiros seguiram vivos na luta pelo penta.

De quase eliminado à finalista

O revés contra os iranianos na fase de grupos foi decepcionante, principalmente pela nulidade do bloqueio. O paredão cruzeirense não encontrou os atacantes rivais o jogo inteiro, com marcações equivocadas das extremidades e leituras ruins dos centrais. O risco de eliminação era enorme, porém, o Ciudad Voley, da Argentina, ganhou do Shahdab Yazd, e o Sada Cruzeiro bateu o Trentino, da Itália. Os italianos já estavam classificados e, por isso, pouparam três dos principais atletas: Sbertoli (levantador) e Michieletto e Lavia (ponteiros).

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Sada Cruzeiro será capaz de vencer o Trentino completo na decisão do Mundial de Clubes? É isso que veremos neste domingo (15), a partir das 14h30, no ginásio do Sabiazinho, em Uberlândia, local escolhido como sede da competição. A missão cruzeirense é complicada, pois encara o atual campeão da Liga dos Campeões da Europa. O rival possui os ponteiros titulares da seleção italiana (Michieletto e Lavia) e o levantador Sbertoli, presença frequente no selecionado Italiano na reserva de Simone Gianelli, um dos principais nomes da posição na atualidade.

Além dos três italianos, o Trentino conta com o oposto Rychlicki, de Luxemburgo, um dos atletas mais cobiçados da posição. Por ser de um país inexpressivo no cenário de seleções no vôlei, o atacante é pouco conhecido, mas atua com destaque e de forma decisiva na Liga Italiana desde 2019, com passagens por Civitanova, Perugia e o clube de Trento. A equipe campeã do principal torneio da Europa conta também com o central brasileiro Flávio, jogador que defendeu o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024.

Crescimento no Mundial de Clubes

O primeiro confronto do Sada Cruzeiro no Mundial de Clubes foi dentro do esperado: vitória contra o Ciudad Voley, da Argentina. Naquele jogo, Wallace começou discreto, mas no fim, o levantador Matheus Brasília fez uma distribuição inteligente e homogênea e o time mineiro virou o jogo: 3 a 1. A frustração ocorreu na segunda rodada. O saque ainda funcionou em alguns momentos, mas foi só isso. Os ataques oscilaram bastante e o bloqueio foi tenebroso. O oposto Wallace tentou de tudo para evitar o pior, mas não conseguiu.

Wallace marcou 21 pontos, com o ponteiro Douglas Souza contribuindo com 16. Apesar dos bons números de Douglas Souza, a saída dele contra Trentino e na semifinal diante do Foolad Sirjan, do Irã, foi relevante para o crescimento do Sada Cruzeiro e a vaga na final. E a coragem de tirar do time titular um atleta da importância de Douglas Souza foi do técnico Filipe Ferraz, um dos responsáveis pela evolução dos cruzeirenses na posição. O treinador sacou o campeão olímpico na Rio-2016 e colocou Vaccari. Essa mudança fortaleceu a equipe cruzeirense no conjunto.

Mas quais foram os ganhos com Vaccari no lugar de Douglas Souza? Ninguém contesta a capacidade técnica de Douglas Souza, mas, com Vaccari em quadra, o Sada Cruzeiro ficou mais equilibrado. A maior segurança dele na recepção em comparação com Douglas Souza passou confiança ao seu companheiro de posição Rodriguinho e ao líbero Alê Elias. Rodriguinho melhorou de forma considerável no passe e, além de liberar mais o Vaccari para o ataque, ele também cresceu de produção no aspecto ofensivo com o ganho de confiança no sistema defensivo.  

Crescimento passa pelas mãos do técnico Filipe Ferraz (Foto: Agência i7/Sada Cruzeiro)
Crescimento passa pelas mãos do técnico Filipe Ferraz (Foto: Agência i7/Sada Cruzeiro)

Wallace e Lucão determinantes na semifinal

Wallace foi o maior pontuador do Sada Cruzeiro em três das quatro partidas no Mundial de Clubes. Ele só não liderou na estreia quando fez 14 e ficou atrás de Lucão, com 15, e Rodriguinho, 16. Depois disso, o oposto de 37 anos mostrou porque permanece em alto nível. Ele fez 21 contra o Shahdab Yazd, marcou mais 29 diante do Trentino e ficou na dianteira em acertos na semifinal contra o Foolad Sirjan. O atacante é o destaque do time cruzeirense na competição e o principal candidato a MVP em caso de título da equipe brasileira.

Lucão, discreto na maior parte do Mundial de Clubes, mostrou sua importância ao Sada Cruzeiro na semifinal. Pouco acionado no ataque e fraco no bloqueio nos jogos anteriores, o central cresceu na partida decisiva e se destacou em todos os fundamentos. O entrosamento dele com Matheus Brasília na semifinal foi incrível e ele colocou 12 bolas no chão ofensivamente. Ele fez mais três acertos de bloqueios, além de cinco amortecidas, e dois aces. Além dos pontos diretos, o saque agressivo e eficiente dele complicou o passe dos iranianos.

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Sada Cruzeiro conquistou a vaga na final com a principal virtude que o fez dominar o vôlei brasileiro: eficiência no saque agressivo. São poucos os clubes do Brasil que conseguem acertar com mais constância os serviços com maior potência e ainda ter controle do direcionamento do mesmo, algo visto com mais frequência no cenário internacional. Esse tem sido um dos atrasos do vôlei praticado na Superliga em comparação com as principais ligas do mundo. O crescimento no saque elevou a confiança nos demais fundamentos.

Quais os caminhos para o penta?

Segundo maior vencedor do Mundial de Clubes, com quatro títulos, o Sada Cruzeiro pode se igualar ao líder em títulos se ganhar o pentacampeonato diante do próprio, já que o Trentino soma cinco conquistas. E qual é o caminho para Filipe Ferraz e seus comandados saíram do Sabiazinho com o troféu? A disputa é adversa e bem complicado, mas as chances do time brasileiro passam por conseguirem pressionar a linha de recepção do rival desde o começo do confronto. Será fundamental minar a confiança de Lavia e Michieletto no passe.

Nome de maior peso da seleção italiana, o ponteiro Michieletto está com 23 anos e já brilha no cenário internacional há uns quatro anos. Além de ser canhoto e ter bom com alcance, o jovem amadurece mais a cada temporada e, se não for incomodado na recepção, certamente terá papel relevante no início da transição para a virada de bola, o que dificultará de forma significativa ao Sada Cruzeiro. Lavia também não pode ficar à vontade em quadra e, por fim, acho que vale dar uma leve pressionada no jovem líbero Laurenzano, de 21 anos.

Desestruturar Laurenzano, o atleta de menor experiência internacional na recepção, pode abalá-lo também nas ações defensivas. Como o saque terá papel fundamento, o Sada Cruzeiro precisa que Wallace, o central Otávio, Lucão e Rodriguinho estejam em um bom dia. Eles são os principais nomes do time nesse fundamento. Matheus Brasília não tem sacado bem no Mundial de Clubes, mas tem potencial para isso também. A tendência é que o Trentino seja o campeão, mas todos já aprenderam a nunca descartar o vitorioso Sada Cruzeiro.

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