Com Serginho, estreia hoje o quadro “Minha medalha”, que trará as histórias das conquistas de atletas brasileiros pelo mundo.
Olimpíada, Campeonato Mundial, Jogos Pan-Americanos e tantos outros títulos possíveis. Cada atleta carrega consigo conquistas únicas que, além de ter uma importância pessoal, tem grande relevância para o cenário do esporte. Por isso, o Olimpíada Todo Dia resolveu dar voz aos protagonistas das inúmeras conquistas para o Brasil com o novo quadro “Minha medalha”. Para esta estreia, ninguém melhor que o maior medalhista olímpico em esportes coletivos da história nacional: Serginho.
O líbero chegou a quatro finais olímpicas. Em Atenas (2004), Serginho conquistou o primeiro ouro, em Pequim (2008) e em Londres (2012) garantiu a medalha de prata e, por fim, no Rio de Janeiro (2016) também subiu no lugar mais alto do pódio.
O jogo que valeu a medalha de ouro em Atenas foi contra a Itália. Com parciais de 25/15, 24/26, 25/20 e 25/22, o Brasil bateu os adversários, que tinham os bloqueios como ponto forte, por 3 sets a 1. A confiança brasileira foi uma das grandes virtudes em quadra.
“Em Atenas a gente ‘passou o carro’ em todo mundo. Com todo o respeito, mas não tinha como tirar da gente. A gente sabia”, relembrou Serginho em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia. “Antes de entrar no Ginásio estava todo mundo tenso, quando a gente entrou na quadra, a gente queria bater nos caras, a gente queria brigar de porrada, de murro, coisa louca”, completou.
Enquanto em Atenas o favoritismo estava do lado da seleção brasileira, na Rio 2016 a história foi diferente. Os brasileiros passaram por “finais antecipadas” antes de chegaram à grande decisão, mais uma vez contra a Itália. O Brasil, que fazia parte do Grupo A, encarou a França no último jogo da primeira fase dos Jogos. O desafio valia a permanência da seleção na Olimpíada e Serginho recorda com entusiasmo.
“No jogo contra a França, de vida ou morte, que era um jogo de chave, como qualquer outro, a gente acabou antecipando oitavas de final, que não existem. Existem quartas, mas em Olimpíada não existem oitavas. Era um jogo de grupo contra a França, e ou a gente não passava ou os caras voltavam para a França, e mandamos eles de volta”, contou.
Já em um Maracanãzinho lotado, a seleção venceu os italianos por 3 sets a 0 e retornou ao lugar mais alto do pódio após 12 anos.
“A gente veio para o Rio de Janeiro com uma seleção que não era favorita, poucos acreditavam”, recordou o líbero. “Cada jogo foi uma guerra, e quando fomos para a final contra a Itália eu falei ‘não perco’, eu já sei o histórico da Itália. Todas elas têm sua história e seu gosto. É lógico que a do Rio de Janeiro coroou. Eu acho que eu fui contemplado pela história do que eu fiz durante anos na seleção”, concluiu.
Diferencial
Com tantas medalhas na carreira, Serginho mantém a humildade ao falar das conquistas, dando os créditos aos parceiros do esporte que dividiram a quadra durante anos com o líbero.
“Eu tive a sorte de cair com grandes jogadores também. Tive minha parcela, contribui muito para a seleção brasileira, para alguns clubes, e principalmente na Itália também, no clube onde passei lá. Mas assim, falando de seleção brasileira, eu não fiz sozinho, eu fui condicionado a jogar daquele jeito”, afirmou.
“Se eu caísse em uma outra seleção, não sei se eu iria fazer o que eu fiz. Foi uma geração muito talentosa e que trabalhou muito também, essa geração trabalhou demais. A molecada de hoje não sabe nem o que é treinar, essa geração treinou e aguentou o tranco com o Bernardo ali, porque o Bernardo esfolava mesmo, a verdade é essa”, finalizou.