Na véspera da semifinal da Copa Brasil de Vôlei Masculino, os técnicos das quatro equipes se reúnem em debate no Sesi.
Uma cena incomum em outros esportes, mas que o voleibol, como poucos, pode proporcionar. Na véspera dos duelos de semifinal da Copa Brasil de Vôlei Masculino, que acontece nesta quinta-feira (25) no Sesi (assim como a final, que será sábado), os quatro técnicos finalistas da competição se reuniram em um debate aberto para o público. Rubinho (Sesi), Marcelo Mendez (Cruzeiro), Geovane Gávio (Sesc RJ) e Daniel Castelani (Taubaté) discutiram inúmeras problemáticas da modalidade no Brasil e comentaram sobre ideias para o futuro.
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Veja abaixo alguns dos temas mais importantes abordados no debate e o que disseram os treinadores:
Diferença Brasil x Argentina
Eram dois brasileiros, Geovane Gávio e Rubinho, e dois argentinos, Marcelo Mendez e Daniel Ccastelani, no debate. Por isso, o tema das diferenças entre Brasil e Argentina foi muito tocado.
Daniel Castelani (Taubaté): “Eu fui assistir a um jogo do meu filho nas seleções de base da Argentina. Era uma final contra a Colômbia. E a Argentina ganhou de uma forma espetacular, não sentiram a pressão. Isso acontece porque o trabalho de base lá é muito bem feito e, por exemplo, já era a 12ª final que meu filho disputava. É mais experiência, até mesmo, do que os brasileiros tem. Eu acho que nisso estamos na frente e o futuro é promissor.”
Marcelo Mendez (Cruzeiro): “Eu acho que o jogador argentino, em termos técnicos, é muito bem formado. Ele é obediente e sabe exatamente o que fazer em quadra. Por isso, como o Castelani disse, ele joga de forma parelha e bate de frente contra as seleções tradicionais do mundo. No entanto, conforme o corpo vai se amadurecendo, as seleções de outros países vão ganhando mais potência e crescendo mais, em termos de altura mesmo. Então, fica complicado competir com o polaca de 2 metros de altura por exemplo, por mais que a tática-técnica seja boa.”
Rubinho (Sesi): “A Argentina vem dominando as categorias de base da América do Sul. E isso acontece porque lá se joga em muita quantidade e qualidade. Em Buenos Aires, temos cerca de 70 times por exemplo. Agora, o Sesi vai disputar o Paulista e sabe quantos times tem? Nove. Então, precisamos mudar isso. É muito pouca qualidade e poucos jogos.”
Problemas do voleibol brasileiro
Marcelo Mendez: “O Brasil tem os dois técnicos mais monstruosos em termos de conquistas mundiais da história do voleibol, que são Bernardinho e Zé Roberto. Isso tem muitos pontos positivos, é claro, mas se criou uma ideia, um jeito de jogar aqui, que é único e exclusivo, devido à geração vitoriosa. Isso fez com que vocês pensassem que só há uma maneira de vencer e não estarem dispostos a ouvir outras escolas, como a cubana, a italiana, a polonesa dos anos 70, a norte-americana. Mas, por outro lado o brasileiro gosta de treinar e eu acho isso espetacular.”
Atuação da comissão técnica
Geovane Gávio: “Vocês sabiam que, na década de 90, quando eu e o Tande fomos jogar vôlei de praia, a gente que trouxe a comissão técnica pro jogo. Tínhamos treinador, médico, uma pessoa pra preparar a barraca…e eu acho importantíssimo que haja um trabalho integrado entre toda a comissão técnica e os jogadores. Não só pra que se realize um trabalho de alto desempenho na quadra, mas também porque o jogador não conta tudo pro técnico, mas conta pro fisiologista, pro auxiliar. E hoje no Sesc a gente tem o mesmo número de jogadores e de membros da comissão.
Preparação dos adversários
Rubinho: “O que realmente me impressiona no voleibol atualmente é o nível de conhecimento e preparação que se faz em cima do adversário. Mudou muito do tempo em que eu estive na seleção, no São Bernardo e a cada ano aumenta. Quem fica dois ano fora acaba perdendo muita coisa. É imprescindível para o jogo atualmente.”
Tecnologia
Geovane Gávio: “Eu acho importante que haja o investimento, aqui no Brasil, em tecnologia, pois isso criou um novo fator no esporte. O atleta agora se entrega se houve o toque no bloqueio, por exemplo. Isso mudou a modalidade em termos mundiais.”
Copa Brasil
Depois do debate, os quatro times finalistas realizaram treinamentos no Sesi, zona oeste de São Paulo. Amanhã você acompanha o que os técnicos disseram sobre os duelos.