Em ano de Copa do Mundo de futebol, foi o vôlei quem brilhou no Brasil. Fazendo história, o país conquistou medalhas nos dois Mundiais da modalidade disputados em 2022. Com uma equipe renovada, a seleção feminina levou a prata, após perder a final para Sérvia. Já o time masculino, desacreditado após uma sequência negativa de resultados, ficou com o bronze. O OTD relembra os principais pontos das duas conquistas.
Antecedentes do feminino
Depois de faturar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio, a seleção feminina renovou seu elenco para o início do novo ciclo. Peças importantes da equipe vice-campeã no Japão não continuaram na seleção, como as ponteiras Fê Garay e Natália e a líbero Camila Brait. Desta forma, o Brasil chegou à Liga das Nações, o primeiro compromisso da temporada 2022, com uma equipe reformulada.
Muitas jovens jogadoras fizeram sua estreia com a camisa da seleção brasileira durante a VNL, mas não sentiram o peso da camisa. O Brasil fez uma grande campanha, teve dez vitórias e duas derrotas na primeira fase, e chegou até a decisão. A equipe ficou com a medalha de prata ao perder para a Itália. Apesar disto, o grande desempenho deu um novo ânimo para as comandadas de José Roberto Guimarães. De desacreditado, o Brasil passou a sonhar com um pódio no Mundial.
Do elenco que medalhou em Tóquio-2020, apenas Gabi, Carolana, Macris, Roberta e Rosamaria fizeram parte do time que foi vice da VNL. A novata Julia Bergmann foi o principal destaque da equipe na competição, mas ela não seguiu para disputar o Mundial por conta de compromissos com sua universidade nos Estados Unidos. Quem também não disputou o Mundial foi Ana Cristina, que pediu dispensa. Por outro lado, a veterena Carol Gattaz, de 41 anos, voltou a ser convocada e brilhou. Pri Daroit, Kisy e Nyeme disputaram tanto VNL quanto Mundial e foram fundamentais nas campanhas.
O Mundial feminino
O Brasil teve um começo tranquilo no Mundial feminino, vencendo República Tcheca (3 a 1), Argentina (3 a 0) e Colômbia (3 a 0) com autoridade. A única derrota na primeira fase veio para o Japão, em um jogo em que a seleção cometeu muitos erros e perdeu por 3 sets a 1. Apesar disto, a equipe não se abalou e fez uma grande partida contra a China, que até então estava invicta, e conseguiu uma vitória por 3 a 1, de virada.
O desempenho de quatro vitórias e uma derrota fez com que o Brasil ficasse em terceiro lugar no grupo D, garantindo classificação para a segunda fase, que também foi disputada no formato de grupos. Na nova fase, o Brasil teve uma pedreira pela frente logo de cara: a Itália, que havia vencido os cinco jogos até então. Em um jogaço, a equipe de Zé Roberto venceu por 3 sets a 2 e ganhou moral na competição.
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A partir da vitória contra a Itália, o Brasil ganhou confiança e foi arrasador nos jogos seguintes da segunda fase. A seleção feminina de vôlei venceu Porto Rico e Holanda, por 3 a 0, e a Bélgica, por 3 a 1, sempre com parciais largas. A campanha rendeu o segundo lugar na chave ao Brasil, atrás apenas da Itália, e passaporte carimbado para o mata-mata.
O mata-mata
Nas quartas de final, o Brasil derrotou o Japão por 3 sets a 2, em um jogo heroico. A equipe asiática abriu 2 a 0, com duplo 25/18, mas o time verde-amarelo chegou à virada em uma grandiosa atuação de Gabi e conseguiu a revanche sobre as nipônicas. Garantido na semi, a seleção mais uma vez bateu a Itália, agora por 3 a 1. Já na final, o time caiu diante da Sérvia, que fez uma campanha perfeita, com 12 vitórias em 12 jogos, para ficar com o ouro.
Assim, a seleção brasileira de vôlei feminino conquistou a medalha de prata no Campeonato Mundial, disputado na Polônia e na Holanda. Foi o quarto vice da equipe na competição, repetindo 1994, 2006 e 2010. Além disso, o time tem um bronze em 2014. Apesar de ser bicampeã olímpica, a seleção feminina jamais conquistou o título mundial.
Antecedentes no masculino
Entre os homens, o Brasil chegou em 2022 com uma base semelhante à que havia ficado em quarto lugar na Olimpíada de Tóquio no ano anterior. Peças importantes da equipe principal, como Wallace e Douglas Souza, não estiveram na Liga das Nações, mas jogadores conhecidos passaram a integrar a equipe. Apesar de críticas ao trabalho de Renan Dal Zotto e do “não-pódio” em Tóquio-2020, o Brasil era considerado um dos candidatos ao título da VNL.
No entanto, a seleção deixou a desejar na primeira competição internacional da temporada. A equipe não começou bem e sofreu para avançar de fase. No fim, terminou em sexto lugar na classificação geral, com oito vitórias e quatro derrotas. Logo na primeira fase do mata-mata, acabou derrotada pelos Estados Unidos, que viria a ser vice-campeão.
Com isto, o sinal de alerta foi ligado para a seleção brasileira de vôlei masculino. A equipe chegou ao Mundial desacreditada. Wallace, que havia se aposentado da seleção, voltou atrás para a disputa da competição, já que a titularidade da posição de oposto havia ficado vaga após a lesão de Alan. E apesar de todas as dúvidas, o Brasil fez uma grande participação no torneio, disputado na Eslovênia/Holanda.
O Mundial masculino
O Brasil foi soberano na primeira fase e venceu os três jogos que fez, diante de Cuba, Japão e Catar. Os únicos sets perdidos foram contra Cuba, quando um tie-break precisou ser disputado. A seleção masculina de vôlei garantiu o primeiro lugar do grupo B e teve a quarta melhor campanha geral e, assim, teve uma posição confortável no mata-mata.
Nas oitavas de final, o time de Renan Dal Zotto bateu o Irã por 3 sets a 0. Já nas quartas, uma revanche de Tóquio-2020: vitória sobre a Argentina por 3 a 1. A grande trajetória brasileira foi interrompida na semifinal, pelos donos da casa da Polônia. Em um jogo marcante, os anfitriões levaram a melhor em 3 a 2. O Brasil foi encaminhado à disputa de terceiro lugar e lá bateu outro anfitrião, a Eslovênia, em 3 a 1.
Foi a sétima medalha do Brasil em Mundiais de vôlei masculino, a primeira de bronze. Antes, o país havia conquistado três ouros (2002, 2006 e 2010) e três pratas (1982, 2014 e 2018). O bronze em solo polonês-esloveno foi histórico para o Brasil por ter sido a primeira vez que o país venceu uma disputa de terceiro lugar em uma grande competição. Antes, havia ficado em quarto lugar em três oportunidades no Mundial e duas vezes em Olimpíadas (incluindo em Tóquio-2020).
Brasil e Itália foram os dois únicos países a conquistarem medalha nos dois Mundiais de vôlei. Enquanto nosso país levou uma prata e um bronze, os europeus faturaram um ouro (no masculino) e um bronze (no feminino). A Polônia, que foi sede dos dois torneios, levou a prata no masculino, enquanto a Sérvia foi ouro no feminino.