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Thaísa aprende lição e só volta às quadras quando estiver 100%

Depois de jogar machucada quando defendia o Eczacibasi, da Turquia, Thaísa garante que aprendeu a lição e que só volta às quadras quando estiver totalmente recuperada

A ansiedade é grande e vontade de voltar ao vôlei é maior ainda. Mas Thaísa aprendeu a lição. A bicampeã olímpica garante que nunca mais vai jogar no sacrifício e que o retorno às quadras, previsto para o período entre o fim de dezembro e o começo de janeiro, só vai acontecer quando ela estiver 100%.

“O que o meu médico comentou é que às vezes é melhor você atrasar um pouquinho o seu retorno e garantir que sua carreira vai ser mais longa do que você querer retornar e voltar antes e piorar ou atrasar e não ter uma cicatrização tão boa e isso poder atrapalhar e você nem poder jogar mais. Então, tem que ter um pouco de paciência, coisa que eu não tenho, mas eu estou tendo que ter. Eu estou com essa palavrinha estampada na minha testa: paciência! Mas é difícil, viu?”, brinca a jogadora, que pertence ao poderoso Eczacibasi, da Turquia, e que vai jogar por empréstimo a Superliga pelo Hinode Barueri.

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Foi lá na Turquia que Thaísa aprendeu a lição de forma bastante dolorosa. A jogadora, que se transferiu para o Eczacibasi depois da Olimpíada e logo de fora foi campeã mundial de clubes, machucou o joelho no primeiro semestre de 2017, mas não tinha noção do grau da lesão. Um dos médicos da equipe turca assumiu a responsabilidade de não operá-la e ela foi para os jogos no sacrifício, a base de injeções e antiinflamatórios. Foi quando chegou a partida contra o rival Fenerbahce, da compatriota Natália, em abril, pelas quartas-de-final da Champions League. A central sofreu uma torção e começou a gritar de dor com o pé virado para dentro.

Thaisa grita de dor após sofrer lesão no tornozelo em partida contra o Fenerbahce pela Champions League

“Toda vez que eu comento, eu me arrepio porque foi realmente chocante. Eu sou muito mole com essas coisas. Quando acontece algum tipo de lesão desse tipo que eu estou vendo ou assistindo, eu viro a cara, não consigo ver. Então, eu vendo aquilo ali o tempo todo foi assustador. Mas, dos males o menor. Eu machuquei, mas não foi uma lesão muito grave porque eu tenho frouxidão ligamentar. Então rompeu alguns ligamentos, mas não quebrou. Isso foi Deus na causa e foi providencial porque, se eu não tivesse parado por conta do pé, meu joelho com certeza teria destruído a ponto de eu encerrar a carreira”, acredita.

Apesar de assustadora, a lesão no tornozelo impediu Thaísa de causar mais estragos em seu joelho esquerdo. As seguidas partidas no sacrifício agravaram a contusão, que já era muito séria. Para se ter uma ideia, o tempo total de sete meses de recuperação tem muito mais a ver com o transplante de cartilagem e a correção no menisco feitos em junho do que com a chocante torção sofrida na Champions. Apesar de estar bem perto de voltar às quadras, a jogadora não esconde a mágoa que ficou do departamento médico do Eczacibasi.

“Partiu de um médico deles, que decidiu, por mim e pela minha vida, que não precisava fazer artroscopia e que eu podia continuar sem me perguntar e sem me falar nada. Eu não sabia de nada. Eu achei só que tinha acontecido um mal jeito. E quando eu soube, que aí já estava muito pior, que eu fiz outra ressonância e tava muito ruim, aí eu quebrei o pau, briguei realmente porque ninguém pode decidir sobre a minha vida sem me falar. É a minha saúde! Isso não existe”, desabafa.

Apesar disso, Thaísa renovou o contrato com o Eczacibasi até o fim da temporada 2018/2019 e depois de disputar a Superliga pelo Hinode Barueri vai voltar para a Turquia. “Logo que eu machuquei, ele fizeram questão de renovar o contrato comigo. Então, depois que eu estava aqui e que a gente viu que o processo ia ser muito lento, a gente começou a conversar e eu tive essa ideia (de jogar a Superliga), conversei com meu advogado e meu advogado conversou com eles. Eles acharam muito boa a ideia porque eu vou poder me reabilitar com pessoas que eu conheço e confio, quem sabe jogar uma parte do campeonato e daí ano que vem eu volto já 100%, se Deus quiser. Então eles acharam que para eles seria uma boa ideia. Para mim também, ótima, excelente ideia. E deu tudo certo”.

A jogadora faz questão também de agradecer o esforço feito pelo Hinode Barueri para contratá-la. O time já estava com o orçamento fechado, mas resolveu investir um dinheiro a mais para fechar com Thaísa e Jaqueline.

“O Zé (José Roberto Guimarães) estava conversando, alinhando, para conseguir um patrocínio para mim. Na verdade, a própria Hinode abraçou a causa e resolveu. Isso foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Eles estavam se ajustando, se alinhando porque já estava fechado o grupo e entrar eu e a Jaque a mais é complicado, mas eles fizeram o máximo para me trazer e eu só tenho a agradecer. Sensacional”

Fundador e diretor de conteúdo do Olimpíada Todo Dia

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