Na Hípica Paulista, na cidade de São Paulo, o cavaleiro José Roberto Guimarães, vice-campeão brasileiro master no salto em 2020, dava um coletiva sobre o 31º Concurso Nacional Indoor, quando, sem aviso prévio, deixou no ar uma bomba. “Não sei se chego até Paris-2024 à frente da seleção de vôlei feminino”. Pronto, mais do que de repente, pegou todos de surpresa.
O evento que era para ser sobre hipismo e a paixão de Zé Roberto por cavalos, virou de cabeça para baixo e o vôlei tomou conta da cena. Mas o técnico explicou. “Eu vivo de resultados, tudo na base dos resultados, como todos os treinadores do mundo”. Ufa, todo do fã do vôlei já pode respirar mais tranquilo.
Com os pés no chão, o tricampeão olímpico e medalha de prata com a seleção feminina em Tóquio-2020 deu um contexto sobre sua declaração.
“Até chegar nas Olimpíadas, tem Campeonato Mundial, outras competições, tem muita coisa para acontecer, eu espero que dê tudo certo, que a gente consiga completar o ciclo, fazer um ciclo, que começa ano que vem, da melhor maneira possível. Quero construir esse time para Paris.”
Em frente
Pronto. Toda a tensão no ar se dissipou e já se começou a vislumbrar como será o ciclo olímpico para Paris-2024, o mais curto, apenas três anos, mas cheio de muitas competições. “Espero seguir até Paris. Dependendo de mim, eu fico, mas vamos ver.”
A seleção passa por uma renovação e Zé Roberto já está de cabeça nessa e quer seguir assim. “Nós vamos ter um bom time, jogadoras jovens que vão aparecer, que vão ter chances de estarem jogando pela seleção nacional, que estão mostrando potencial, podendo ter uma experiência internacional, além de jogarem a superliga, mas como todos os treinadores, eu também vivo de resultados.”
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Magia olímpica
Para Tóquio-2020, a seleção feminina de vôlei não era cotada como uma das favoritas. Mas o time começou a engrenar na Liga das Nações e saiu com a prata de Tóquio-2020. “Foi um ciclo muito difícil, talvez o ciclo mais difícil da minha passagem. O ciclo não foi adequado, não foi legal, mas o time montado para Tóquio se encontrou em uma energia muito forte, aí deu liga”, concluiu Zé Roberto.
Fato é que as grandes seleções, com grandes técnicos e atletas de ponta reagem muito bem em uma competição do tamanho dos Jogos Olímpicos. “É um campeonato totalmente diferente, existe um mistério nos Jogos Olímpicos, não dá para ter nada como base. Ali os favoritos caem, os não favoritos crescem, já vimos várias vezes isso.”
É essa magia olímpica que corre nas artérias de José Roberto Guimarães. O técnico usa a seu favor as suas próprias cobranças à frente da seleção para se manter motivado, com gana de partir para mais um ciclo. Paris-2024 é logo ali.
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Cavaleiro?
Voltando ao assunto hipismo, Zé Roberto é um apaixonado por cavalos e foi, aos poucos, entrando cada vez mais neste universo. Tanto que em Tóquio-2020, fez de tudo para poder acompanhar de perto os melhores do mundo em ação. “Uma das condições para eu ir ao Japão foi a de que eu teria uma credencial para ver o hipismo olímpico de perto. Fiz esse pedido ao COB e eles me deram essa oportunidade única.”
Com o celular na mão, o cavaleiro e entusiasta passou um bom tempo mostrando as fotos e vídeos que fez em Tóquio. “Olha, aqui eu e o Nelson Pessoa em uma das baias. Eu com o Rodrigo Pessoa e o cavalo dele. Foram momentos especiais”, com os olhos brilhando.
Contudo, ele não irá competir no 31º Concurso Nacional Indoor deste ano. “O hipismo exige muito treinamento. Por causa dos Jogos Olímpicos, eu praticamente não treinei e não estou em condições para competir. Vim para prestigiar o evento e curtir as amizades e os desempenhos dos cavaleiros.”
E sobre o cavaleiro Zé Roberto em Paris-2024? “Ah, sem chances”, diz rindo. “Eu não tenho bagagem para isso. Deixo para os cavaleiros brasileiros que são muito competentes e representam nosso país.”