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Tóquio 2020

Atual campeão, vôlei masculino chega favorito em Tóquio

A um ano dos Jogos, técnico da seleção Renan Dal Zotto comemora ciclo até agora e mira medalha ouro

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Líder do ranking mundial, Brasil chega com favoritismo para os Jogos de Tóquio (FIVB/Divulgação)

A seleção brasileira de vôlei masculino inicia daqui a exatamente 365 dias a campanha em busca da quarta medalha olímpica dourada. Serão 12 concorrentes que precisarão ser superados pela equipe comandada por Renan Dal Zotto para o país repetir feitos de Barcelona-1992, Atenas-2004 e Rio-2016.

Para entender como chega a equipe verde amarela, os impactos da pandemia na preparação do time e conhecer os concorrentes mais perigosos, o Olimpíada Todo Dia conversou com exclusividade com o técnico Renan Dal Zotto e montou este guia com tudo sobre a participação do vôlei masculino a um ano do início dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

Favoritismo que se explica

Desde o momento em que o bloqueio duplo formado por Lipe e Lucão botou a bola no chão naquele 21 de agosto de 2016 e garantiu o lugar mais alto do pódio no Rio de Janeiro, o Brasil é credenciado como um dos postulantes ao título em Tóquio-2020.

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No entanto, o caminho percorrido desde o evento realizado em solo brasileiro até o evento que será realizado na capital japonesa começou com uma bomba. O anúncio de que Bernardinho deixaria o cargo de treinador após 16 anos à frente da seleção.

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Seleção venceu a Copa do Mundo realizada no Japão no ano passado (FIVB)

O substituto escolhido, Renan Dal Zotto, não se mostrou intimidado com o tamanho do desafio e tem dado conta do recado. Contando com alguns pilares importantes para a formação de uma base, como as presenças do ponteiro Lucarelli, o levantador Bruninho e o central Lucão, o treinador tem cumprido com sucesso o objetivo de renovar o grupo durante todo o ciclo olímpico.

Com resultados significativos durante o processo, como os vices no Mundial em 2018 e da Liga Mundial em 2017, Renan Dal Zotto parece ter encontrado o equilíbrio e o nível desejados justamente na reta decisiva do ciclo-olímpico.

A principal prova são as 41 vitórias em 45 partidas disputadas na última temporada, rendendo a classificação para Tóquio, com o título na Copa do Mundo do Japão e a liderança no ranking mundial da modalidade.

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“Viemos construindo um ciclo bastante interessante. Em 2017 tivemos bons resultados, fomos vice-campeões da Liga Mundial (atualmente chamada de Liga das Nações), campeões da Copa dos Campeões, campeões Sul-Americanos. Em 2018, fomos vice-campeões mundiais e quarto lugar na Liga das Nações. E 2019 tivemos um ano muito bom. Vencemos o classificatório olímpico, ganhando novamente o Sul-Americano e vencendo a Copa do Mundo de forma invicta, no Japão”, declarou Renan em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.

Renan Dal Zotto Brasil Seleção Brasileira Vôlei
Renan mantém Brasil entre as seleções favoritas (William Lucas/Inovafoto/CBV)

Pé no chão

Mesmo com o trabalho rendendo resultados positivos e um 2019 quase perfeito – a equipe sofreu derrotas apenas na Liga das Nações, em que terminou na quarta colocação –, Renan Dal Zotto prefere se distanciar do favoritismo e focar apenas no trabalho bem feito para subir mais uma vez no lugar mais alto do pódio.

“Reconhecemos que o Brasil é uma das principais seleções no cenário internacional, mas isso não nos credencia a nada nos Jogos. O que vai nos credenciar será nosso desempenho individual nas competições nacionais, na Liga das Nações, nos treinamentos, para chegarmos realmente em uma condição muito boa. E então tentarmos fazer nosso melhor. Nosso sonho, claro, é buscar a medalha de ouro nesses Jogos Olímpicos”, diz o comandante.

“Óbvio que somos um dos países na lista de favoritos em todas as competições internacionais, mas a Polônia, Rússia, Itália, Argentina, França e outras várias seleções também chegam com condições de buscar um pódio nos Jogos Olímpicos”, completa.

Mudanças pela pandemia

Com a crescente apresentada pela seleção nestes três anos de ciclo olímpico, o adiamento do Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021 poderia simbolizar algo negativo para a equipe de vôlei masculino do país, tendo em vista que o grupo dava sinais de estar pronto para chegar forte para a competição na capital japonesa. No entanto, esta não é a visão do técnico Renan Dal Zotto, que vê prefere enxergar a mudança da data como um ano adicionado para a preparação da equipe para a Olimpíada.

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“Com o adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021, acreditamos que nós ganhamos mais um ano de preparação. Claro que gostaríamos de ter feito algo em 2020, mas a responsabilidade falou mais alto e decidimos em conjunto, inclusive com a seleção feminina e a CBV, que não era viável concentrar os atletas em Saquarema, devido a toda essa pandemia e aos riscos que poderíamos submeter todos os membros da comissão técnica e atletas. Decidimos pela segurança. Que os atletas possam retomar suas atividades com tranquilidade em seus clubes”, afirmou o treinador.

Apesar da fala do comandante, já é sabido que a seleção não se reunirá novamente neste ano, já que a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) anunciou que não haverá atividades com as seleções adultas neste ano.

Renan Dal Zotto vôlei masculino
Grupo disputará a Liga das Nações antes dos Jogos de Tóquio (FIVB)

Dessa forma, a temporada 2020 será restrita apenas à disputa de clubes, que serão acompanhadas de perto pelo treinador visando a montagem da equipe para a Liga das Nações, que acontece Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em junho de 2021, e, obviamente, os Jogos Olímpicos.

“A seleção vinha crescendo de maneira interessante. Agora teremos mais um ano de preparação, que será bastante valioso para chegarmos nas melhores condições em Tóquio. Vamos ter as competições nacionais, a Superliga aqui no Brasil, as principais ligas europeias, e uma Liga das Nações que antecede os Jogos Olímpicos. Para que nós possamos tomar as melhores decisões no quesito das convocações e da escolha posterior dos 12 atletas que irão defender o Brasil nos Jogos”, avaliou o técnico.

Grupo da morte

Definidos através do ranking mundial, os grupos para a disputa vôlei masculino nos Jogos Olímpicos de Tóquio já estão definidos. Assim como ocorreu em 2016, o Brasil, que lidera o ranking, acabou caindo no chamado “grupo da morte” e divide a chave com Rússia, França, Argentina, EUA e Tunísia.

O grupo é bastante complicado, já que a equipe comanda por Renan Dal Zotto precisará encarar os Estados Unidos, atual segundo melhor equipe do planeta no ranking, Rússia, campeã da Liga das Nações do ano passado, Argentina, que tem demonstrado uma franca evolução nos últimos anos, e França, campeã do forte Pré-olímpico europeu e que conta com o atual melhor jogador do planeta, Earvin Ngapeth.

Para o treinador brasileiro, o segredo para ficar entre os quatro melhores da chave e se garantir nas quartas de final será encarar cada duelo como uma decisão.

Earvin Ngapeth
Atual melhor jogador do planeta Earvin Ngapeth, da França, enfrentará o Brasil nas Olimpíadas  (Divulgação/FIVB)

“Nosso grupo nos Jogos Olímpicos será muito forte. Teremos uma estreia com a Tunísia, depois, já na segunda partida, um duelo que decide muita coisa, contra a Argentina. Eles cresceram muito nos últimos anos, atletas que nós conhecemos bem, uma ótima comissão técnica. Depois teremos a Rússia, seleção forte e especialmente na relação bloqueio e ataque. Na sequência, o time dos EUA, uma das seleções mais equilibradas em todos os fundamentos. E por último a seleção da França, que vem mostrando nos últimos anos seu potencial máximo e que possui um dos melhores jogadores do mundo na atualidade, o Ngapeth. É um grupo muito forte, cada jogo será encarado como uma grande decisão”, avaliou Renan Dal Zotto.

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Apesar das dificuldades, um grupo complicado nos Jogos Olímpicos não necessariamente representam algo negativo. Como passam quatro de seis equipes da chave, é improvável que a equipe verde amarela não esteja nas quartas de final, que, na teoria, deve colocar o país diante de um adversário de menos peso. Isso porque, o regulamento da competição impede que os classificados encarem um adversário do mesmo grupo nas quartas de final.

Dessa forma, caso confirme a sua provável classificação, o vôlei masculino do Brasil irá enfrentar algum adversário proveniente do Grupo A, que conta com Polônia, Itália, Irã, Canadá, Japão e Venezuela. Destes, a teoria mostra que os mais complicados são os poloneses (atuais campeões mundiais) e os italianos (prata nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro).

Geração de Prata

Atual campeão, o Brasil esteve presente em todas as disputas olímpicas do vôlei desde que a modalidade foi incluída em 1964, em Tóquio. No entanto, nas cinco primeiras participações a seleção masculina acabou passando longe do pódio, tendo como melhor resultado um quinto lugar em Moscou em 1980.

Porém, em 1984 a história mudou radicalmente. Com a famosa “Geração de Prata”, o país figurou pela primeira vez num pódio olímpico em Los Angeles tendo no elenco nomes do calibre de William, Montanaro, Xandó, Amauri, Bernard e o atual treinador da seleção, Renan Dal Zotto.

Brasil ouro Olímpico Barcelona 1982
Primeira medalha de ouro foi conquistada em Barcelona 1992 (FIVB)

Após outro respeitável quarto lugar em Seul em 1988, o país subiu pela primeira vez no lugar mais alto do pódio em Barcelona, em 1992. Comandados por José Roberto Guimarães, a equipe que contava com Giovane, Marcelo Negrão, Tande, Maurício, Paulão e Carlão venceu todos os oito duelos e conquistou o ouro após bater a Holanda por 3 sets a 0 na final.

Em Atlanta 1996 e Sydney 2000, o país acabou não tendo o mesmo brilho e saiu com quinta e a sexta posições, respectivamente.

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O Tri

Sob o comando de Bernardinho, que esteve a frente da seleção por 16 anos, o Brasil nunca deixou de chegar ao menos a final da competição. Em Atenas 2004, já contando com a forte geração liderada por Ricardinho, Giba e Nalbert, o país conquistou o ouro após derrotar a Itália por 3 a 1 na decisão.

Na sequência, ficou com duas pratas consecutivas. Em Pequim, foi derrotada na final pelos Estados Unidos por 3 a 1. Já em Londres, quatro anos mais tarde, a derrota na decisão aconteceu no tie-break diante da Rússia.

Seleção brasileira masculina de vôlei ouro na Rio-2016
Jogadores do Brasil comemoram a conquista da medalha de ouro no vôlei masculino no Rio 2016 (Foto: Alexandre Loureiro/Exemplus/COB)

Em 2016, a redenção veio com muito suor. Jogando em casa, no Rio de Janeiro, a equipe sofreu para passar pela primeira fase, porém se encontrou no momento decisivo do torneio para superar novamente a Itália por 3 sets a 0 e garantir o tricampeonato olímpico.

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