As denúncias feitas por Aninha e mais algumas atletas e ex-atletas do Curitiba Vôlei seguem gerando desdobramentos e reações. A mais recente destas aconteceu na última quinta-feira (25), quando a Universidade Positivo, que atuava como patrocinadora da equipe paranaense, se pronunciou sobre as acusações das jogadoras e confirmou o fim da sua parceria com o clube.
Em entrevista ao blog do “Bruno Voloch”, no jornal “O Estado de São Paulo”, a líbero Aninha revelou ter sofrido com atrasos salariais, falta de moradia e uma falta de suporte clínico adequado para a realização de uma cirurgia.
“No dia da minha consulta da odontologia, eles constataram que eu tinha todos os meus sisos e alguns dentes de leite ainda. Não me incomodava, mas eles disseram que eu iria fazer os procedimentos necessários. Eles tiraram em um único dia, 6 dentes da minha boca. Foi a pior experiência. O tratamento foi horrível, traumatizante. Eles me tratavam como um ratinho de laboratório. Cada dente era um aluno diferente que tirava. Tive que ficar duas semanas afastada dos treinamentos. Eles prometeram que iam colocar próteses novas e aparelho nos meus dentes e até hoje não tenho dentes no fundo da minha boca, o que dificulta a minha alimentação”, declarou a atleta.
Universidade dá sua versão
Em nota, a Universidade confirma a realização do atendimento à Aninha, porém garante que o procedimento foi acompanhado pelos professores e que a atleta estava ciente de que a recuperação dependeria de seu comprometimento. A instituição afirmou ainda que prestará a ajuda necessária à Aninha.
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“A Universidade Positivo informa que a paciente em questão foi atendida na Clínica-Escola de Odontologia, em agosto de 2018, por um estudante do último ano do curso de Odontologia, sempre com a devida supervisão dos professores. Na ocasião, foram realizadas seis extrações para o tratamento. A paciente foi orientada quanto ao procedimento, que geralmente é demorado e dolorido, por isso, o comprometimento com o tratamento é essencial. Ressaltamos que nosso maior objetivo é contribuir com a comunidade. Estamos à disposição para fazer uma reavaliação da paciente e seguirmos o tratamento conforme as normas da clínica, que oferece serviços internos realizados de forma gratuita e voluntária, com exceção de serviços terceirizados, como próteses e exames”, publicou.
Fim da parceria
No mesmo dia, a Universidade confirmou ainda que está deixando a posição de patrocinadora do clube. Segundo a nota, o término da parceria nada tem a ver com as polêmicas recentes, e se explica pelo fim dos dois anos acordados, e cumpridos, entre as partes nesse período.
“A Universidade Positivo ressalta que foi patrocinadora do Curitiba Vôlei por duas temporadas. O contrato de patrocínio, cujo prazo terminou ao final da última temporada, foi cumprido em sua totalidade pela patrocinadora. A UP enfatiza que, durante o tempo em que patrocinou o Curitiba Vôlei, não mediu esforços para dar todo o suporte necessário ao time e às atletas, não apenas com a cessão do uso da infraestrutura e serviços da instituição (ginásio, academia, salas de aula, quadras, clínicas e auditórios), como fornecimento de toda a alimentação das atletas e comissão técnica, além do suporte de profissionais e estudantes de fisioterapia, educação física, medicina, nutrição e psicologia. Além disso, a UP concedeu bolsa de estudos de 100% a toda a equipe do Curitiba Vôlei em cursos de graduação, pós-graduação e idiomas e, mesmo com o fim do contrato, essas bolsas continuam sendo subsidiadas pela universidade. Para finalizar, a Universidade Positivo reforça que todos os atendimentos realizados pelos acadêmicos e professores dentro de suas instalações são de conhecimento de todos”.
Relembre o caso
Todo o imbróglio envolvendo o Curitiba teve início no começo da semana, quando Aninha denunciou os problemas vividos durante o período que defendeu o clube. Não demorou muito para que outras atletas reforçassem as declarações da líbero.
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Mariana Galon revelou ter precisado encerrar a carreira no vôlei depois de descobrir um problema no coração e ter ficado desamparada pelo clube após o ocorrido. Já Carol Westermann afirmou, ao “Blog do Voloch”, ter ficado desamparada pela equipe quando diagnosticada com trombose logo após ter operado o joelho por conta de uma ruptura total do ligamento cruzado do joelho esquerdo.
Resposta do clube
Após as acusações de Aninha, a gestora do projeto Curitiba Vôlei, Gisele Miró, foi questionada sobre o assunto e informou ao “Melhor do Vôlei” que os salários do time foram quitados até março, quando a pandemia suspendeu a Superliga.
“Até ameaças de morte eu já sofri. Estou em contato com o meu advogado e vamos oficializar tudo em uma delegacia. O que acordamos com a Aninha foi cumprido e a decisão de morar em outros lugares partiu dela. Estou tranquila, porque tenho como provar o que falo, mas fico chateada porque são acusações graves e inverídicas. Todos sabem o quanto eu batalho há anos para ter um projeto sério, como é o Curitiba”, completou.
Horas depois, Aninha se pronunciou também através de seu Instagram. A líbero ressaltou que não houve questão racial nas acusações feitas e que o objetivo dela não foi disseminar ódio e sim mostrar a realidade que alguns atletas passam no Brasil e tentar conseguir aquilo que é seu direito.