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Cachopa vê o trabalho como único caminho para o sonho olímpico

Após cinco temporadas na reserva, Fernando Cachopa assumiu a titularidade do Cruzeiro. Agora, promete trabalhar muito em busca de um lugar na Olimpíada de Tóquio

Fernando Cachopa - seleção brasileira de vôlei masculino - Jogos Olímpicos de Tóquio 2020
Cachopa trabalhará com tudo que pode pela vaga Olímpica (Divulgação FIVB)

A temporada de 2018/2019 mudou o patamar do levantador Cachopa. No Sada Cruzeiro assumiu a titularidade em sua posição e a primeira convocação para a seleção brasileira masculina. Defendendo o Brasil, o atleta conseguiu boas atuações nas oportunidades que lhe foram dadas e seu nome passou a ser visto como um dos favoritos para a disputa dos Jogos Olímpicos. “É o meu maior sonho desde que comecei a jogar vôlei”.

Em 2019, a comissão renovou parte do elenco da seleção brasileira e a chance de Cachopa apareceu. Além disso, por conta de uma temporada mais puxada com time italiano Civitanova, Bruninho teve alguns dias de férias e o levantador do Cruzeiro jogou um pouco mais do que pensava.

Mesmo em sua primeira convocação, Cachopa atuou em algumas partidas pelo Brasil
Mesmo em sua primeira convocação, Cachopa atuou em algumas partidas pelo Brasil (William Lucas / Inovafoto/CBV)

Da forma como as coisas aconteceram na seleção, Cachopa sabe que existe a possibilidade de estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021. Contudo, o levantador sabe que só uma coisa o garantirá no Japão. “Eu vou trabalhar duro e o máximo que eu posso para estar lá. Se eu decido me dedicar a alguma coisa, isso terá o melhor de mim todos os dias”.

Paciência e aprendizado

Mesmo tendo atuado pouco com relação a outros atletas da mesma posição, por ter tido somente uma temporada como titular de sua posição em seu clube, Cachopa entende que a paciência foi essencial para que o sucesso acontecesse.

Ele passou cinco temporadas na reserva do Cruzeiro. Em quatro delas o titular era William. No banco do camisa sete, o levantador diz que cada treino, jogo e competição foi importante no processo de formação na posição. Contudo, um torneio foi mais especial.

“O William viveu anos muito bons da carreira dele aqui no Cruzeiro e eu tive a sorte de acompanhar isso de perto. Ele fez parte de grandes momentos da história do clube e é um dos maiores levantadores que já jogaram. Ver ele jogando o mundial em que foi o MVP, foi um privilégio e me marcou bastante”.

Se no clube Cachopa teve algumas temporadas de aprendizado com William, na seleção brasileira não foi diferente. Em seu primeiro ano defendendo o país, o levantador do Cruzeiro dividiu quadra, treinos e a posição com Bruninho.

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A força do grupo e a torcida fizeram a diferença. Muito orgulho em fazer parte disso. Obrigado a todos! 🇧🇷👏🏽💪🏽

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“O Bruno é um espelho pra qualquer atleta e eu tenho sorte também de poder conviver com ele. Sempre se destacou desde cedo e criou uma liderança que não se encontra no planeta. Poder dividir a quadra e compartilhar a experiência que ele tem é muito gratificante”.

Quase fora do Cruzeiro

A temporada de 2017/2018 foi um marco para o Cruzeiro. Depois de sete anos defendendo o clube mineiro, o levantador William anunciou sua saída do time para defender o Sesi-SP.

Considerado por alguns como uma espécie de oitavo titular da equipe, era esperado, por parte da torcida e para alguns especialistas, que Cachopa assumisse a posição da equipe mineira.

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Contudo, algumas semanas depois do anúncio de William, o Cruzeiro oficializou a contratação do levantador argentino Nico Uriarte. Sobre isso, Cachopa é sincero. “Fiquei chateado, por também pensar isso (sobre o momento de ser titular). Eu acreditava que para continuar evoluindo, eu precisava jogar e ter mais tempo em quadra. Pensei em sair para jogar, por empréstimo, ou algo assim. No final das contas, fiquei, acabei jogando algumas partidas e mesmo assim tive um crescimento bacana e aprendi muito com o Nico”, afirmou;

Apesar das coisas não terem acontecido da maneira como imaginava, o levantador tentou não deixar que sua evolução parasse. Principalmente na primeira parte daquela temporada, Cachopa assume que o fato de estar no clube há algum tempo foi o diferencial para que o seu jogo aparecesse.

Sada Cruzeiro enfrenta o Ponta Grossa pela Superliga de vôlei masculino - Foto: Divulgação/Sada Cruzeiro
Cachopa está no Sada Cruzeiro há seis temporadas ( Divulgação/Sada Cruzeiro)

“Desde sempre eu quis ajudar o time da melhor maneira que eu conseguia. Por estar há alguns anos no clube, eu já conhecia algumas peças da equipe, que acho que me favoreceram até certa parte da temporada. Aos poucos o Uriarte foi se acostumando e conhecendo mais, e as coisas acabaram fluindo muito bem no final da temporada pra ele”.

A titularidade chegou

Depois de sua quinta temporada como reserva no clube, a chance de ser titular apareceu. Após o fim da Superliga, Uriarte se transferiu para o Taubaté e a vaga de titular ficou com Cachopa para 2018/2019. Atuando mais e com mais responsabilidade, o atleta não esconde que teve que se acostumar com esse novo cenário.

“Talvez tenha sido o meu período de maior amadurecimento. As cobranças eram grandes, a pressão era muito grande também e eu tive que aprender a lidar com tudo. Com minha cabeça, com a torcida, com momentos importantes, achar meios de melhorar meu jogo e procurar meios de melhorar junto com a equipe também. Aprendi a estudar melhor meu jogo e o jogo adversário, a me controlar melhor em diversas situações”.

Masterchef do macarrão com salsicha

Até a sua ida para o Cruzeiro,Cachopa tinha passado a vida toda, até aquele momento, na casa dos pais. Com isso, quando saiu de Caxias do Sul e foi morar em Belo Horizonte, com 17 para 18 anos, o levantador teve alguns “problemas” fora das quadras.

“Não sabia cozinhar nada. Então no primeiro mês era macarrão com salsicha todo dia e açaí. Tinha que lavar louça, ir pro treino a pé… Me perdi algumas vezes na cidade. Mas Belo Horizonte não é uma cidade complicada pra se adaptar, todo mundo é muito tranquilo e o clima é receptivo. Acho que se tivesse sido em outro lugar, o tempo de adaptação teria sido mais longo”, comentou o atleta aos risos.

Assim como a evolução dentro de quadra veio com o tempo, atualmente pode-se dizer que Cachopa aumentou o número de opções que consegue fazer na cozinha e conhece muito melhor a capital mineira. Agora, com pouco mais de um ano para os Jogos Olímpicos do Japão, resta saber se o levantador gosta de comida japonesa. “Gosto bastante da comida do Japão sim”, avisa Cachopa, aos risos.

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