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Bicampeã olímpica, Fabi conta histórias das campanhas douradas

A ex-líbero Fabi lembrou da tristeza pelo corte antes da Olimpíada de 2004 e contou histórias douradas sobre o bicampeonato conquistado em 2008 e 2012

Fabi Bicampeã Olímpica Campanhas Douradas
(Londres-2012/Divulgação)

A bicampeã olímpica Fabi fez um exercício de volta ao passado nesta quarta-feira (13) e recordou histórias de sua carreira. A ex-jogadora chegou à seleção brasileira em 2001 e antes das campanhas douradas, em Pequim-2008 e Londres-2012, passou por um momento de frustração com o corte às vésperas da edição de Atenas-2004. Na época, a líbero foi preterida pelo técnico Zé Roberto Guimarães, que optou por levar a Arlene.

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“Cheguei à seleção com Marco Aurélio Motta. Continuei no time quando o Zé Roberto assumiu. Tive uma disputa interessante e sadia com a Arlene, mas o Zé tinha menos de um ano para a Olimpíada, por isso, montou uma equipe com as jogadoras que ele mais confiava. A Arlene estava em boa fase e era mais experiente. Eu não tinha tido experiência internacional com a seleção. Ela estava em vantagem na disputa”, contou a bicampeã olímpica Fabi.

“Me lembro do Zé falando no dia do corte. Eu não queria chorar, mas sou emotiva e obviamente que chorei. Fiquei um tempo digerindo o meu sonho não se realizar na reta final. Eu era imediatista e achava que tinha perdido a última chance de ir às Olimpíadas. Peguei essa frustração e disse para mim mesma que dali para frente não queria mais sentir isso. Precisava sentir a dor do corte e entender o que fiz de errado, mas tinha que me levantar. Esse sentimento alimentou minha carreira”, acrescentou Fabi, em live no instagram das dibradoras.

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Sem Fabi no elenco, a seleção brasileira disputou os Jogos Olímpicos de Atenas-2004 e terminou na quarta posição. Foi a competição que o Brasil perdeu para a Rússia na semifinal, de virada, depois de ter tido diversos match points no quarto set. Vencia por 24 a 19. O abalo foi tão grande que as brasileiras não conseguiram se reerguer para a disputa pela medalha de bronze.

Pequim-2008: o auge da geração dourada

Fabi Bicampeã Olímpica Campanhas Douradas
(Londres-2012/Divulgação)

Após a frustração de 2004, Fabi e a seleção brasileira iniciaram o novo ciclo visando Pequim-2008 carregando um enorme peso. Durante a trajetória a desconfiança aumentou com as derrotas para a Rússia, na final do Mundial de 2006, e Cuba, na decisão do Pan-Americano de 2007, disputado no Rio de Janeiro. Mesmo ciente que o Brasil tinha potencial para ser campeão olímpico, a líbero sabia que só seriam reconhecidas se realmente fossem, já que carregavam o estigma de falharem na hora decisiva.

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“O esporte é encantador por essas coisas. O mundo dá voltas e só quem faz esporte entende que tem coisas que acontecem e é difícil de explicar. Aquela derrota foi emblemática e doída para todo mundo. Nós carregamos um peso muito grande e o que mais incomodava era quando as discussões iam para o campo do gênero. Algumas críticas davam a entender que não perdíamos por incompetência, mas porque éramos mulheres. Isso acabava trazendo descontentamento”, afirmou a bicampeã olímpica Fabi.

“A pior derrota foi a de 2007 para Cuba. Lembro delas sambando no pódio e desrespeitando nosso torcedor. Chegamos em 2008 com a certeza que tínhamos um bom time e que dava para ganhar. Da mesma forma, nós sabíamos que só seríamos reconhecidas se ganhássemos a medalha de ouro. A campanha em Pequim foi extraordinária, pois vencemos quase todos os jogos por 3 a 0, inclusive a Rússia. O time apresentou o seu melhor nos aspectos coletivos e individuais. Foi o auge do nosso desempenho”, completou a bicampeã olímpica.  

Londres-2012: reviravolta e superação

Fabi Bicampeã Olímpica Campanhas Douradas
(Londres-2012/Divulgação)

Campeãs olímpicas, Fabi e suas companheiras começaram o ciclo para Londres-2012 como uma das favoritas ao bicampeonato. A confiança em mais uma boa campanha era grande, porém, as incertezas apareceram um pouco antes do evento. Os cortes de Fabíola e Mari e a derrota para a Coreia do Sul evidenciaram que a briga pela segunda medalha de ouro consecutiva seria ainda mais difícil em comparação com a primeira conquista.

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“Os cortes da Mari e da Fabiola foram muito difíceis, mas faz parte da vida do atleta. Digo que foram os Jogos Olímpicos da emoção, no qual dormi pouco. Passamos por momentos de muita incerteza. Nós tínhamos um time que dava para brigar por medalha, mas a competição estava tão homogênea que poderíamos até ficar fora do pódio. Mas não esperávamos correr o risco de ficar fora da segunda fase. Estávamos próximas de fazer a pior campanha da história”.

“A derrota para a Coreia foi difícil e ali percebemos que a vaga ficou ameaçada. O jogo acabou e ficamos tentando entender o que estava acontecendo. Depois da partida ficamos até seis horas da manhã acordadas e conversando. Fizemos uma reunião antes da Fabiana ir falar com o Zé. Foi a maior vibração que já senti, pois sabia que se fossemos para o buraco iríamos todas juntas. Não dependíamos mais de nós, mas sabíamos que tínhamos uma chance e foi nisso que nos agarramos”.

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Depois de se unirem, as jogadoras fizeram uma reunião com o treinador e sua comissão técnica. “Na reunião o Zé fez uma dinâmica interessante e começou a dizer porque cada um estava ali. Foi o resgate da nossa auto estima. Ele mostrou que confiava em cada uma das jogadoras. A partir dali as coisas começaram a mudar”, afirmou a bicampeã olímpica.

Jogo épico contra a Rússia

Fabi Bicampeã Olímpica Campanhas Douradas
(Alexandre Arruda/CBV)

O Brasil fez a sua parte e contou com a ajuda dos Estados Unidos para avançar para às quartas de final. A seleção americana venceu a Turquia e garantiu as brasileiras na próxima fase. O duelo eliminatório contra a Rússia foi marcante e histórico, com Fabi e suas colegas superando as rivais em cinco sets e depois de salvarem seis match points. Em seguida, a futura equipe bicampeã comandada por Zé Roberto bateu o Japão, por 3 a 0. Por fim, uma virada e medalha de ouro no peito em vitória diante dos Estados Unidos, por 3 a 1.

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“Adoro cinema e sou fã do Woody Allen, mas nem ele seria capaz de escrever um roteiro com tantos requintes de crueldade. Até hoje quando assisto aos jogos, principalmente Brasil e Rússia, fico com as mãos suando e tenho que beliscar para ter certeza que estava lá. Era um jogo que tinha um peso enorme, por ser adversário direto, com contornos de muita emoção e com adrenalina diferente porque se perdêssemos iríamos embora do torneio”.

“Foi um jogo emblemático. Conseguimos abrir 13 a 10 no quinto set, mas a Rússia virou. Ali começou a sequência de match points e um dos jogos mais emocionantes. Toda vez que passa essa partida eu mando uma mensagem para a Sheilla e agradeço. Ela nem fez a melhor partida, mas começou a fazer a diferença do final do terceiro set em diante. Foi uma das maiores atuações individuais em pontos decisivos que já presenciei. Ali foi o início do canto ‘o campeão voltou’ que passou a ecoar no ginásio até a final”.  

Virada e título diante do favorito

Fabi
(Wander Roberto/ VIPCOMM)

Brasil e Estados Unidos se reencontraram na final de Londres-2012, assim como havia ocorrido em Pequim-2008. Na fase de classificação da edição londrina, as americanas ganharam por 3 sets a 1. A final parecia se encaminhar novamente para elas quando anotaram 25 a 11 no primeiro set. No entanto, a seleção brasileira reagiu e conquistou a medalha de ouro com resultado positivo de 3 a 1.

“Os Estados Unidos jogaram aquela Olimpíada como amplos favoritos. A briga era para saber quem iria fazer a final contra elas e a briga pela medalha de bronze. Era uma equipe constante e com a Hooker no ápice e quase imparável. Era um timaço. Após o primeiro set dissemos umas as outras que não estávamos ali para perder. Dali em diante passou a prevalecer nosso jogo coletivo. A final teve a cara de tudo que aconteceu na campanha. O time foi se encontrando e sabíamos que quando todo mundo jogasse bem seríamos competitivas”, disse.

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“No geral a Jaqueline sempre foi uma jogadora de composição e primordial para a equipe. Ela é de suma importância para um time porque erra pouco, mas dificilmente é protagonista no ataque. Porém, ela jogou muito aquela final. Nós conhecíamos muito bem as americanas e no meio do jogo o Zé observou uma situação de bloqueio delas na diagonal. Encaixamos um jogo tático espetacular. Foi uma final olímpica sensacional”, concluiu a bicampeã.  

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