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Ginástica artística precisa acabar com os barracos e esclarecer o caso Jade Barbosa

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 19 de setembro do Diário de S. Paulo

Caso Jade Barbosa ainda está muito mal explicado

É incrível como o esporte olímpico brasileiro parece necessitar de polêmicas para ficar em evidência. No país da monocultura esportiva, se não for época de Olimpíadas ou Pan-Americanos, só mesmo com um belo barraco para o grande público se interessar por algo que não seja um jogo de futebol. No caso em questão, um barraco que pode abalar a estrutura de uma modalidade que até então fazia um trabalho irretocável.

O caso envolvendo Jade Barbosa (foto) e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) já deixou de ser um episódio isolado envolvendo rusgas entre atleta e cartolas. No início, quando o pai da ginasta, Carlos Barbosa, acusou a CBG de fazer com que sua filha participasse dos Jogos de Pequim com uma séria contusão no pulso direito, a primeira coisa que me veio à mente era que tentavam encontrar desculpas pelo fato de Jade não ter chegado ao pódio olímpico – um absurdo, diga-se de passagem, ela não deve desculpas a ninguém.

O problema é que já começam a aparecer outros casos que deixam o trabalho da CBG (que vem sendo o mais bem sucedido no esporte brasileiro, depois do vôlei) sob suspeita. Reportagem publicada pelo site Uol Esportes nesta semana traz mais dois casos com ginastas que integraram a seleção brasileira permanente e teriam sofrido com negligência médica e maus tratos. Maíra dos Santos Silva diz que precisou fazer uma cirurgia no ombro porque estava com os ligamentos rompidos e que a entidade foi omissa em relação ao seu tratamento. Já Roberta Monari, que hoje faz parte do Cirque do Soleil, no Canadá, passou a temporada de 2006 reclamando de dores no pé direito e após sofrer uma queda simples, constatou-se que todos os ligamentos estavam rompidos, apesar das queixas constantes de dores.

E o que a CBG diz de tudo isso? Apenas retruca, dizendo que se tratam de críticas oportunistas e que até então a entidade fazia um trabalho de excelência. Respostas evasivas demais quando o assunto envolve a saúde de um atleta. Ou a CBG esclarece tudo isso ou sua imagem ficará abalada.

Só uma perguntinha

Apesar da gravidade da situação exposta acima, uma questão não me sai da cabeça: por que é que Jade Barbosa não reclamou publicamente das fortes dores no punho antes das Olimpíadas?

Os dois mundos do vôlei
A medalha de ouro obtida pela seleção feminina de vôlei em Pequim ainda está longe de trazer efeitos benéficos no mercado interno. A bela reportagem de José Eduardo Martins publicada pelo DIÁRIO no último domingo serve como ótimo exemplo. Enquanto a CBV festeja os milhões de reais em caixa, os clubes disputam campeonatos estaduais deficitários e desmotivantes.

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada todas às sexta-feiras no Diário de S. Paulo

Foto: Alaor Filho/Divulgação COB (10/08/2008)

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