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‘Eu fiz a escolha certa’, comenta Adenízia sobre Sesi Bauru

Em entrevista exclusiva, central falou sobre escolha de vir para o Brasil, adaptação no interior e possibilidade de renovação com o Sesi Bauru

Central Adenízia comemora ponto na Superliga feminina (Crédito: Marcos Takeshi)

Dois meses de atuação no Sesi Bauru, uma Superliga cancelada e a esperança em ganhar tempo para estar mais uma vez nos Jogos Olímpicos. Em entrevista exclusiva concedida no instagram do Olimpíada Todo Dia, a central Adenízia falou sobre o que a motivou a voltar para o Brasil, como se adaptou no interior de São Paulo e o que planeja da próxima temporada. Leia abaixo a entrevista na íntegra:

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O cancelamento da Superliga frustrou vocês atletas?

Adenízia: Sem dúvida. Eu fiquei só dois meses, mas as meninas que tiveram toda a temporada de Paulista, Copa Brasil e estavam numa preparação e numa corrida para tentar chegar na final (da Superliga). E o nosso time deu um salto muito grande de qualidade. Veio com altos e baixos, mas agora no final você via que a equipe estava com outra mentalidade e guerreira. Acabar dessa maneira ninguém fica contente. Ninguém fica feliz. É um trabalho que você pegou, amassou e jogou pela janela. É difícil para qualquer atleta.

Como foi voltar a jogar vôlei, após cirurgia no ombro?

Adenízia: Foi bom demais. Foi emocionante. Eu falava pra todo mundo que estava do meu lado: é uma sensação maravilhosa. Eu sentia falta disso. Várias vezes eu me perguntei se iria voltar. Via algo no alto e não conseguia. Queria colocar uma roupa e não conseguia. Pensava: caramba, será que eu vou voltar? Será que eu vou ter meu ombro de novo? Estar 100%? Tudo isso passando na minha cabeça. Fraqueza. Desistir. Daí eu fui forte. As pessoas ao meu lado me ajudaram bastante. Meu marido. Meus amigos. Fisioterapeutas. Eu tive várias pessoas que me ajudaram. O pessoal me animando, falando que iam me colocar em Tóquio. Tudo isso foi me dando força. Digo que nada foi por acaso. Se eu tive essa lesão foi pra parar, pensar e ver as pessoas que gostam de mim e do meu voleibol.

O que te motivou optar pelo Sesi Bauru e jogar esses dois meses?

Adenízia: Foi ótimo. Sou muito grata à Itália, aos quatro anos que tive lá. Grata à comissão técnica e o meu presidente. Mas eu sabia que eu precisava jogar. Eu sabia que eu precisava estar em ação. O Zé (Roberto Guimarães) já tinha me dito que precisava me ver jogando. Quando eu decidi vir para o Brasil, eu comuniquei todos eles. Tomei coragem de voltar e arriscar. Eu sabia que na Itália as meninas estavam na pegada e jogando várias competições ao mesmo tempo. Me inserir era um risco. Eles tinham que me preservar e olhar para a equipe. Então quando eu vi que não ia jogar, liguei pra minha equipe e disse que ia voltar.

Se eu quisesse ir para as Olimpíadas eu ia ter que abrir mão da minha vida na Itália e voltar. Foi tudo muito rápido. Deu até uma polêmica. Eram meus planos ficar, tinha uma programação para eu entrar e quando tudo mudou, meu técnico foi mandado embora, trocou e eu vi que não jogar. Todo mundo me conhece e sabe que eu quero jogar. Vi que não ia ser. Peguei minhas coisas. Queria ir embora. Decidimos tudo em dias, o Bauru ligou e eu voltei para o Brasil.

Como foi a adaptação de jogar no interior?

Adenízia: Foi uma delícia. Me receberam super bem. Foi tudo aquilo que eu esperava. Minha madrinha de casamento e uma das minhas melhores amigas jogam em Bauru, então foi uma das coisas que também pegou forte para eu ir pra lá. Eu esperava das meninas o que elas fizeram. Elas me receberam super bem. Elas me acolheram. Eu compreendia o lado delas de estar chegando outra central, o que vai acontecer, desde o primeiro dia deixei claro pra elas: estou vindo aqui para me recuperar. Eu não estou vindo aqui para roubar o lugar de ninguém. Estou vindo para somar e elas entenderam isso. E elas me trataram super bem. Eu tive que ter paciência pra jogar, pra voltar. E eu tive a ajuda delas. Eu vi que fiz a escolha certa.

E o futuro? Planeja ficar na próxima temporada, que ainda está aberta?

Adenízia: Então (rs)…. Agora tem essa crise (pandemia) e essa loucura e vamos ter que esperar um pouquinho para saber. Sim, tenho vontade de ficar em Bauru, gostei muito. Até mesmo, porque é uma maneira de agradecer. Se der tudo certo, eu ficar com eles, é uma maneira de agradecer por eles terem acreditado em mim e ter me acolhido, porque não é qualquer equipe que vai pegar uma atleta – por mais que ela tenha histórico muito bom – lesionada e o Bauru fez isso. Então tenho vontade de continuar na equipe. Quem sabe mais pra frente possamos ficar juntos.

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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