Alívio. Foi com essa sensação que Rosamaria Montibeller chegou ao Rio de Janeiro depois de sair da Itália, epicentro da pandemia de coronavírus na Europa. A brasileira, que joga desde junho de 2019, no Perugia, conseguiu sair do país europeu uma semana depois da quarentena nacional decretada pelo governo e agora tenta manter a forma física com maneiras alternativas.
“Meu medo de pegar o vírus não é tanto pelos sintomas, pois acredito que eu por ser jovem e com a saúde em dia, conseguiria me curar, mas também pela situação que vem junto com ele: isolamento, medidas extremas de segurança e o risco de contaminar outras pessoas que talvez tenham a saúde um pouco mais debilitada”, disse a jogadora de vôlei em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia.
Para sair da cidade de Perugia, onde os casos da doença ainda não são tão numerosos, Rosamaria não teve dificuldades, já que estava saindo para voltar ao país natal. Os italianos, no entanto, não têm tanta facilidade. Para sair do país, eles precisam de autorização, dada apenas por motivos muito específicos. Segundo a brasileira, o voo estava “incrivelmente vazio”, com aproximadamente 40% da aeronave ocupada. Logo que chegou, Rosamaria se isolou num hotel na capital carioca.
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“Tenho pavor de pensar que poderia contaminar alguém, então por isso venho tomando todas as medidas de segurança possíveis. Mesmo que eu não tenha nenhum sintoma, eu estava em uma área de risco e passei por aeroporto, então faço uma quarentena de prevenção”, explicou.
Treinos comprometidos
No hotel, Rosamaria encontra dificuldades para continuar um bom treinamento para manter o condicionamento físico.
“Optei por não utilizar a academia do hotel e estava usando uma área aberta e vazia pra fazer exercícios, mas até esse espaço foi fechado. Ontem (terça-feira 17) fiz no quarto, mas é um espaço pequeno. Consigo fazer poucos movimentos, mas estou tentando fazer o que dá”, afirmou.
“Pra nós atletas o mais preocupante é a queda no rendimento, que obviamente vai acontecer pela falta de treino, mas é algo que foge do nosso controle. Temos que pensar que o ritmo aos poucos nós recuperaremos. Nosso corpo é habituado, então agora devemos colocar em primeiro plano a saúde de todos.”
Futuro no campeonato
Companheira de equipe de Rosamaria, a brasileira Regiane Bidias preferiu permanecer em Perugia, assim como outras jogadoras da equipe.
“Nós conversamos sempre e elas seguem na mesma rotina, fazendo exercícios em casa e esperando novidades. Estão todas bem e sem sintomas”, conta Rosamaria.
Assim como todos os eventos esportivos do país, o Campeonato Italiano está paralisado até o dia 3 de abril. Quando ocorreu a suspensão, o Perugia era o penúltimo colocado do torneio.
“Sinceramente, eu acho bem difícil a temporada continuar pra minha equipe. Se hoje a Liga Italiana optasse por continuar só com os playoffs, nós estaríamos fora porque nesse momento somos os penúltimos colocados. Ainda poderíamos mudar esse cenário porque faltam sete jogos pra completarmos a fase classificatória e matematicamente podemos classificar, então temos que esperar pra saber se a liga continua ou não, com o calendário normal ou não.”
O Perugia é a primeira experiência internacional da carreira de Rosamaria. Aos 25 anos, a oposta, campeã mundial pela seleção brasileira sub-23 em 2015, já atuou nas equipes de Campinas, Pinheiros, Minas e Praia Clube.
Agora o maior desafio neste período é manter o otimismo e a tranquilidade até a grave situação passar.
“Para estarmos tranquilos temos que seguir as orientações e as regras, fazer o nosso máximo pra não sermos uma fonte disseminadora do vírus e pensar que a nossa atitude vai atingir nós mesmos e o próximo. Na minha opinião quanto antes tomarmos medidas extremas, como não sair de casa, não ir em festas, bares, etc., mais rápido controlaremos o vírus e tudo voltará ao normal”, concluiu a jogadora.