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Vela

Martine chama bicampeonato olímpico de superação da superação

Velejadora campeã na Rio-2016 e em Tóquio-2020 ao lado de Kahena Kunze fala também que dupla da 49er FX soube lidar melhor com as adversidades na campanha da capital japonesa

Martine Grael Kahena Kunze Jogos Olímpicos de Tóquio 49er FX
Martine, à direita, e Kahena recebem o ouro dos Jogos Olímpicos de Tóquio (Jonne Roriz/COB)

“Quando você passa por dificuldades, o gostinho da vitória é ainda maior. A vitória em Tóquio representou todas aquelas dificuldades, lutas, incertezas. Durante a competição também tivemos um pouco de dificuldades, então foi a superação da superação.” Foi assim que a velejadora Martine Grael definiu, alguns meses depois, a conquista do segundo ouro olímpico ao lado de Kahena Kunze na classe 49er FX. “Foi uma campanha imperfeita, mas dentro dessa imperfeição, foi muito bonito. Nem tudo sai como planejado. Uma pandemia no meio do caminho. A gente teve momentos de baixa em nossa trajetória e soubemos conversar e superar”.

Martine Grael e Kahena Kunze, por sinal, ganharam o Prêmio Brasil Olímpico (PBO) na Vela. Mais um troféu para a dupla, que, de fora, dá a impressão de ser perfeita. Ledo engano. “Não é tão certo assim, certamente. A gente passa por muitas dificuldades, é igualzinho a um relacionamento de casal. Passamos muito tempo juntas, a convivência é intensa, a cobrança é muito grande e quando vem o momento de lazer, geralmente a gente passa separada. Então só tem mesmo a parte da cobrança juntas”, disse Martine Grael, na noite que elas receberam o PBO.

Martine Grael Kahena Kunze medalha de ouro Jogos Olímpicos de Tóquio 49er FX
(Jonne Roriz/COB)

+ Após quinto lugar em Tóquio, Titoneli busca ciclo melhor até Paris

Mas, claro, há um ‘segredo’ além do talento que faz a dupla alcançar tanto sucesso na vela. “É saber aceitar que as pessoas são imperfeitas e tudo bem. Há momentos pessoais diferentes e é normal. Nessa campanha (de Tóquio) a gente aceitou mais isso. Tínhamos estresse no passado e lidávamos muito mal com eles. Nessa campanha soubemos lidar um pouquinho melhor, conversar um pouco mais. Falar o que incomoda é bom, passar a régua e não deixar nada pra trás.”

Fazer melhor

Martine Grael e Kahena Kunze têm duas Olimpíadas e duas medalhas de ouro. Ou seja, não sabem o que é disputar uma edição dos Jogos e não sair deles com a medalha de ouro. Nada que, porém, tire delas qualquer vontade de buscar mais uma em Paris daqui a menos de três anos. “O que me motiva é que por mais que a gente tenha velejado todos esses anos, estamos longe de sermos perfeitas. Fazemos muitos erros e sempre temos como fazer melhor. Tenho muita energia e gosto muito de fazer o que fazemos e por isso não vejo motivos para não encarar um novo desafio. Paris vai ser muito legal e velejar em Marselha, uma raia difícil. Vamos tentar mais uma vez”.

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O novo ciclo já está em andamento e vai começar a ganhar força em 2022. Elas já sabem e têm o planejamento bem esboçado. “Nossa ideia é começar com um pouco menos de intensidade e ir evoluindo. Apesar de ser uma campanha mais curta, três anos é uma estrada longa, muitas coisas a serem superadas. Estamos focando na troca de equipamento, fizemos uma ligeira troca e vai ser interessante ter um teste, estimular a sensibilidade de novo”, disse Martine Grael.

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