A campeã olímpica Martine Grael compôs a tripulação do Rudá Blue Seal, embarcação sob comando de Mario Martinez que ficou com o terceiro lugar geral na classe ORC da 70ª Regata Santos Rio de vela. O veleiro Ventaneiro 3, capitaneado por Renato Cunha, foi o campeão geral, seguido pelo Xamã Red Nose, de Sergio Klepacz.
O Rudá Blue Seal completou em 37h00min26s, no tempo corrigido, o percurso entre a região de Ilhabela, litoral norte de São Paulo, a Baía de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. Os campeões fizeram em 34h34min05s, seguidos pelas 35h25min02s dos segundos colocados.
“Foi um grande aprendizado completar essa 70ª Santos Rio com frente fria e contra-vento. Depois de tentar uma rota lone da costa pegamos marés gigantes e progresso bem lento”, disse Martine Grael, medalha de ouro na Rio-2016 ao lado de Kahena Kunze na classe 49er FX. “Foi uma noite muito molhada. Chegamos a pegar 30 nós de vento. Enquanto fizemos alguns peelings (trocas de vela de proa) que nos resultou em um velejar mais confortável, mas também água em cada pedaço de roupa”, acrescentou.
“Avistei a ilha grande logo antes do meio-dia, fizemos estimativas de 2, 3 ou 4 horas para passar por ela, mas a realidade é que com ondas e corrente contra, velejamos mais de seis horas para entrar na restinga de Marambaia. A última noite foi bem fria, o cansaço bateu só que dentro do barco ficou impraticável o descanso. Todos queríamos chegar logo para tomar um banho quente. Quando cruzamos a linha foi só comemoração. Missão cumprida. Todas as dores, desconfortos e necessidades do corpo vieram à tona”, completou Martine Grael.
Condições extremas
Assim como era esperado, os participantes da 70ª Santos Rio encararam condições quase que extremas e das mais difíceis das sete décadas da regata mais tradicional do Brasil. Ao todo foram 68 barcos e 500 velejadores de todo o país. Mais da metade da flotilha acabou tendo problemas e desistindo.
Renato Cunha comemorou a vitória e lembrou da conquista da desafiadora regata Buenos Aires – Rio de Janeiro de 2017 com condições semelhantes. “Ganhar a edição 70 da Santos Rio é uma sensação maravilhosa, edição que contou com recorde de inscritos, a nata da vela brasileira”, disse.
“Regata bastante dura, bastante difícil, avarias nos barcos, abandonos. Foi uma das mais duras que já tivemos, muito mar, muita onda, mas conseguimos”, disse Fernando Thode, do barco Blue Seal que destacou a importância de Martine Grael à bordo: “Além de ser muito boa nas funções de timoneira do barco também ajudou muito nas manobras do barco, conseguimos dessa forma chegar em boas condições. Óbvio que queríamos ganhar a regata, mas o terceiro lugar no tempo corrigido foi uma boa colocação.”
Lars e Torben Grael
O Avohai, comandado por Lars Grael, duas vezes medalhista olímpico em Seul 1988 e Atlanta 1996, terminou na quinta colocação. Foi a 19ª participação do ícone da Vela brasileira na regata. “Quem chegou aqui no Rio de Janeiro é um vitorioso, prevaleceu o espírito marinheiro. Estivemos próximo do limite em termos de segurança, mais do que isso seria recomendável os barcos abandonarem a regata e procurarem local seguro”, disse.
O barco Rudá/CBVela, que contou com o bicampeão olímpico Torben Grael no comando diante do time da Vela Jovem brasileira, conquistou o troféu na classe IRC. Torben e os meninos e meninas entraram na Baía de Guanabara pouco depois das 8h da manhã de domingo.
“Foi uma regata um pouco diferente, toda de contra-vento, lestada que estava durante uns três, quatro dias, onda muito grande, o que dificultou bastante a velejada. Nosso barco as velas não estavam em ótimo estado e não tínhamos velas de vento muito forte, então nos viramos com o que tínhamos, vela grande não tinha riso. Ficamos meio no limite”, disse Torben.
A premiação da 70ª edição da Regata Santos-Rio acontecerá no sábado (31), a partir das 19h, sem a tradicional festa aos velejadores por conta da pandemia do Covid-19. Antes, a partir desta sexta-feira (30), será dada a largada para o 51º Circuito Rio, na Baía de Guanabara, até o dia 2 de novembro, que vale como Campeonato Brasileiro da classe ORC.
Classificação final
ORC
1 – Ventaneiro 3 – 34h34min05s (tempo corrigido)
2 – Xamã Red Noose – 35h25min02s
3 – Rudá Blue Seal – 37h00min26s
4 – Sorsa III – 37h48min34s
5 – Avohai – 38h11min53s
6 – Maximus – 38h12min44s
7 – Crioula 29 – 39h21min34s
8 – King – 39h59min18s
9 – +Bravissimo – 40h02min32s
10 – Marujo´s – 41h31min13s
11 – Maestrale Due – 46h36min35s
12 – Bravo – 49h16min09s
IRC
1 – Rudá/CBVela – 1 dia, 23 horas, 18 minutos, 59s (tempo corrigido)
2 – Minna 1 – 2 dias, 7 horas, 50 minutos, 8s
3 – Boto V – 2 dias, 8h, 55min 38s
4 – Saravah – 2 dias, 10h 5min 53s
5 – Villegagnon – 2 dias, 11h, 19min 55s
BRA-RGS
1 – Pangea – 2 dias, 4 horas, 57 minutos, 9 segundos (tempo corrigido)
2 – Zeus – 2 dias, 6h, 26min,19s
3 – Dona Bola – 2d, 9h, 12min, 4s
4 – Xekmat – 2d, 10h,26min,17s
5 – Beleza Pura – 2d,12h, 15s
6 – Aventura III – 2d, 12h, 21min, 5s
7 – Susso 2d, 15h, 43min, 33s
8 – Zuriel – 3d, 5h, 33min, 14s
BRA-RGS Clássicos
1 – Aventura – 3 dias, 4h, 11min, 27s
2 – Áries III – 3 dias, 9h, 40min, 10s
Mini Transat 6.5
1 – Orama/Pinguim – 3 dias, 18h, 07min, 14s