Garantida em Tóquio, sua primeira olimpíada, Gabriela Nicolino participou de uma Live com o Olimpíada Todo Dia neste domingo (28). Na conversa, a atleta da vela brasileira falou da volta aos treinos que aconteceu na última semana e do futuro. “Cinco dias de readaptação”.
Perto de 100 dias. Esse foi o tempo que Gabriela Nicolino ficou longe do mar e do barco por conta da pandemia do coronavírus. Morando no Brasil, assim que os decretos de isolamento social passaram a acontecer, na primeira quinzena de março, a atleta viu sua rotina mudar completamente.
Em Porto Alegre para treinos, Gabriela Nicolino voltou para o Rio de Janeiro, onde mora com o marido, e passou por todo o período de quarentena. Nesta semana, ela conseguiu retornar ao sul do país e teve cinco dias de treinamentos ao lado de Samuel Albrecht, com quem compete na classe Nacra 17.
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“Foram cinco dias de readaptação do corpo, normalmente ficamos três semanas sem tanta atividade e dessa vez foram três meses. Foi um período para se acostumar a tudo. Minhas mãos ficaram acabadas. Foi para entender o que estava acontecendo e focar no que precisa ser feito”.
Pensando na retomada dos treinamentos dos atletas, o Comitê Olímpico do Brasil (COB), passou a colocar em prática a “Missão Europa”. Através dela, alguns atletas de algumas modalidades do país serão enviados pela entidade para Portugal para treinar e seguir sua preparação visando os Jogos Olímpicos de Tóquio, que agora serão em 2021.
Apesar de estar garantida na Olimpíada de Tóquio, Gabriela Nicolino não vê a ida para o Japão como a melhor alternativa de preparação em seu caso. “Não faz tanto sentindo ir para Portugal em si. Tem que ver se as equipes da vela de Portugal estarão aptas para treinar em conjunto. A expectativa (aqui no Brasil) é de períodos de treinos em Florianópolis, que tem uma situação melhor do que os outros lugares hoje. O pensamento é de treinamento mensais lá em alguns períodos”.
Depois de cerca de 100 dias treinando em casa e do jeito que era possível, Gabriela Nicolino e Samuel Albrecht têm um pouco de volúpia para voltar a antiga rotina. Contudo, como o coronavírus ainda não tem uma vacina ou um tratamento específico e comprovadamente eficaz, as normas de retomada precisam ser respeitadas.
“Como eu e o Samuca ficamos quarentenados, estamos treinando sem máscara, com cada um ficando no seu cantinho, com o técnico sempre de máscara, por precaução. Sempre tomando as medidas necessárias para a situação, só na base do casa-treino e treino-casa, sem usar os demais ambientes do clube, para se prevenir ao máximo”.
O time para Tóquio
Diferente do que é costumeiro acontecer, Gabriela Nicolino não começou o ciclo olímpico competindo ao lado de Samuel Albrecht. A dupla se juntou após o início de cada um dos dois velejadores no ciclo olímpico não ter sido como se esperava. A saída foi fazer essa nova dupla em 2018 e arriscar.
“Eu e o Samuca nunca tínhamos velejado juntos, mas já tínhamos velejado um contra o outro. Acho que quando a gente entrou para esse ciclo, a mentalidade foi se dedicar para estar entre os melhores do mundo. No começo não deu certo, cada um em sua equipe, e decidimos se unir em um novo time. Foi uma aposta e deu certo”.
O processo deu muito certo. Poucos dias depois da união oficial de Gabriela e Samuel, a dupla garantiu a vaga do Brasil na vela em Tóquio. Unindo as diferenças de cada um, os brasileiros se garantiram nos Jogos e tem como objetivo o pódio no Japão.
“Quando você forma uma equipe olímpica é preciso um companheirismo e uma solidariedade um com o outro muito grande, porque é um objetivo muito grande. Eu e o Samuca temos como objetivo não só participar dos Jogos Olímpicos, queremos brigar entre os melhores”.
Sempre a favor do adiamento
Durante o período de incertezas que aconteceu no começo de 2020 sobre a realização dos Jogos Olímpicos, Gabriela Nicolino sempre deixou clara que era a favor do adiamento.
“Ninguém estaria pronto, 100% mesmo para as Olimpíadas. Ainda tinha e tem a questão de saúde, nós atletas, não queríamos ser aqueles que não estariam contribuindo ao combate ao Covid-19”.
Assim como o tênis, a vela é uma modalidade que as viagens intercontinentais são constantes. Com competições nos quatro cantos do mundo, o esporte vai ter que enfrentar um novo cenário. Para Gabriela Nicolino, a modalidade terá que achar o “pulo do gato”.
“A vela vivia com um calendário que rodava muito, eram três semanas fora e uma no Brasil. Acredito que o grande “pulo do gato” será diminuir as viagens e encontrar parceiros de treinos”, finalizou a atleta.