Gabriela Nicolino e Samuel Albrecht foram rivais durante o ciclo para a Rio-2016. Contudo, alguns anos depois, eles resolveram formar uma nova parceria na Nacra 17 e já acumulam ótimos resultados. O principal deles é o passaporte para Tóquio-2020.
Enquanto Samuel parte para a sua terceira edição olímpica, Gabriela é uma estreante nos Jogos. Anteriormente, ele formava dupla com Isabel Swan e superou a adversária Gabriela, que navegava com João Bulhões, para garantir a vaga olímpica para a Olimpíada do Rio de Janeiro.
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Rivalidade no passado
“A gente, na verdade, não chegou a conversar sobre isso. Ser rival proporciona uma proximidade muito grande. Você passa a conhecer o outro atleta. Ninguém leva muito para o lado pessoal uma vitória ou uma derrota. Isso tudo faz parte da magia do esporte”, explica Gabriela durante entrevista à “Agência Brasil”.
A velejadora, de 30 anos, garante que, depois de conviverem anos como rivais, a decisão de formar uma parceria não foi fácil. Teve até um “empurrãozinho” da Confederação Brasileira de Vela (CBVela) e do Comitê Olímpico do Brasil (COB). “Foi uma decisão difícil. Já estava há uns três anos com o João. Mas chegou uma hora que nós dois concluímos que valia a pena correr esse risco. Temos muita confiança no trabalho”, revela a atleta carioca.
A classe Nacra 17 é a única que permite duplas mistas nesse ciclo olímpico. Problema? Para os dois, é até melhor velejar com alguém do sexo oposto. “Ela tem diversas qualidades: é atenta aos trabalhos de equipe, disciplinada e cuida da preparação física. É uma excelente profissional-atleta”, elogia parceiro Samuel, ao conversar com a “Agência Brasil”.
Gabriela explica o papel de cada dentro da embarcação. “O mais importante é promover a interação e o respeito. Na dupla, já levamos de uma forma muito natural. Eu faço a ‘proa’, que é a posição que exige mais força, mais potencial muscular. O Samuel se desenvolveu muito como ‘timoneiro’. Foram decisões totalmente técnicas”.
Rumo a Tóquio
O ano passado terminou em grande estilo, com a conquista da vaga olímpica no Mundial da Nova Zelândia. Mas, até chegar lá, a dupla precisou percorrer longo caminho. “Em janeiro conquistamos a prata na etapa de Miami da Copa do Mundo. Mas, logo depois sofri uma lesão de fratura exposta no dedo, enquanto corríamos uma regata no Troféu Princesa Sofia [Espanha]. Isso veio como um balde de água fria. Foi um longo recomeço”, lembra o gaúcho Samuel Albrecht.
A sequência de eventos prosseguiu. Samuel e Gabriela conquistaram o bronze no Pan de Lima, participaram do evento-teste da vela na Baía de Enoshima (Japão) e, por fim, do Mundial de Vela na Nova Zelândia. “Ou seja, muitas viagens, muitos traslados. Então, não tivemos a chance de treinar como gostaríamos. E tem também a parte da logística. Temos um barco no Japão, um na América [do Sul] e outro na Europa. Tudo muito puxado e faltou tempo. O barco do Japão foi para a Nova Zelândia e atrasou por questões burocráticas. Quebrou também uma peça durante as regatas. Mas menos mal que já tínhamos garantido a nossa vaga na seleção”, finaliza Gabriela Nicolino.
Pausa forçada
A pandemia de coronavírus, praticamente, acabou com os eventos esportivos ao redor do mundo. Sem falar que também deixou os atletas sem ter como treinar, caso de Samuel Albrecht e Gabriela Nicolino, dupla brasileira da Nacra 17.
A dupla brasileira da Nacra 17 se preparava para a disputa do Troféu Princesa Sofia, na Espanha, evento de prestígio no cenário da vela mundial, quando se viu obrigada a parar os treinos e se resguardar.
“Estamos empenhados na prevenção e no afastamento social. Vamos focar na preparação física e mental nas próximas semanas, enquanto decidimos os próximos passos”, postou a dupla da Nacra 17 em uma rede social.