Eu sou a Mônica Valentin e te convido a acompanhar a coluna Universo Paralímpico para falarmos sobre esporte paralímpico e marketing esportivo. Eu sou publicitária e me especializei em Marketing e Gerenciamento Esportivo. Tenho dezessete anos de carreira focada em Marketing, mas dediquei nove deles exclusivamente ao esporte paralímpico, com passagem no Comitê Paralímpico Brasileiro, e como empresária de grandes medalhistas.
A ideia desta coluna é compartilhar um pouco da minha bagagem, mas principalmente incentivar a conversa sobre o esporte paralímpico, o talento dos atletas brasileiros, seus feitos, seu potencial de marketing e convidar à reflexão sobre tabus ainda existentes em torno da pessoa com deficiência.
É pauta para todo dia sim!
A Paralimpíada de Tóquio já ficou para trás e começamos aquele chato intervalo até a próxima. A realidade é que precisamos (e nós eu digo que são os atletas e eu enquanto empresária deles) esperar o período de quatro anos do ciclo para que as pessoas se lembrem da existência do esporte paralímpico e das conquistas dos brasileiros, como se tudo parasse e os atletas vivessem em um limbo.
E tanta coisa acontece nesse meio tempo. Tem campeonatos brasileiros, copas do mundo, regional das américas e mundiais de todas as modalidades. Ah, se tudo isso fosse possível de acompanhar, não é mesmo? As performances continuam e os patrocinadores somem. Voltarei neste assunto em outro texto, pois é a minha batalha diária!
Excluindo “superação” do seu discurso em 3, 2, 1 …
Da mesma forma que a cultura brasileira ainda se prende à um passado machista, com referências aos negros pela escravidão, a velada homossexualidade, ainda temos o descaso e marginalização da pessoa com deficiência. Em tempos de tantas conversas sobre a tal diversidade, e com mimimis à parte, é chegada a hora de rever o uso da palavra “superação” quando se referir ao atleta ou ao esporte paralímpico.
A superação não está relacionada a como o atleta lida com sua deficiência, ou se isso é uma dificuldade para a execução do seu esporte, muito menos à toda sua trajetória de vida. A única coisa que precisa ser superada é a visão do brasileiro (para não falar do mundo todo) sobre a pessoa com deficiência!
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Supere que o atleta paralímpico é acima de tudo um atleta. Supere que deficiência não é sinal de tristeza, dó e pena. Supere que a deficiência não é uma definição de personalidade e capacidade, ela é uma característica apenas. Supere que há muitas formas de se realizar as coisas, e estar “fora do padrão” do que você acha “normal” não está errado, é uma adaptação. Supere que o esporte paralímpico é emocionante sim, mas que essa emoção é pela dinâmica do jogo, do talento dos atletas e não por causa da eficiência da deficiência. Supere que você desconhece que os atletas paralímpicos brasileiros são muuuuuito bons no que fazem e representam muito bem a nação e há muitas décadas. Supere a sua comum ignorância sobre este universo, você não teve culpa, a informação não foi dada em escolas, universidades e na tv.
As pessoas ainda têm tantos medos, sem saber os termos adequados ou as regras das modalidades adaptadas, tudo é tão desconhecido. Que tal normalizar tudo isso? Furar esta bolha? É preciso falar mais sobre as pessoas com deficiência e o esporte paralímpico mesmo sem ter um representante desta comunidade dentro BBB! @Boninho, já tentamos ter esta conversa também, né? Quem sabe um dia este reality será mesmo inclusivo, porque daí sim, a pauta vai ganhar força entre os lares brasileiros. Enquanto isso …. continuaremos por aqui, na Universo Paralímpico. Agradeço o prestígio de sua leitura e te espero na próxima reflexão.
A AUTORA DO BLOG UNIVERSO PARALÍMPICO
Mônica Valentin é graduada em Publicidade e Propaganda pela Universidade de Mogi das Cruzes, com MBA Executivo em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, pós-graduação em Gerenciamento Esportivo pela Griffith University/Austrália, Master da FIFA/FGV/CIES em Gestão, Marketing e Direito no Esporte e pós-graduação em Marketing Digital pela ESPM & Digital Marketing Institute.
Dezessete anos de carreira na área de marketing e comunicação. Já trabalhou no segmento de outdoor, universidade, jornais e televisão. Atuou na área de Operações da Maratona de Gold Coast/Austrália, foi colunista na J. Cocco Sportaiment Strategy, atendeu o Sport Club Corinthians Paulista, até ingressar no esporte paralímpico, em 2013, no Comitê Paralímpico Brasileiro, onde ficou na área de marketing por três anos e depois por mais dois na área de esportes. No início de 2018, assumiu a carreira do nadador paralímpico Daniel Dias e do marketing do Instituto Daniel Dias. No ano seguinte, abriu sua própria empresa para ampliar o agenciamento à atletas paralímpicos. Durante as Paralimpíadas de Tóquio tinha seis dos sete agenciados em atuação conquistando medalhas. Também em 2021, começou a trabalhar na Confederação Brasileira de Skate para o gerenciamento do patrocínio das Loterias Caixa.