O primeiro sinal havia sido dado no último dia de 2017. O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, na mensagem tradicional de fim de ano, deu a dica: pode enviar uma delegação para competir no vizinho durante a Olimpíada de Inverno de PyeongChang. Nesta terça-feira (2), os dirigentes sul-coreanos até marcaram uma data para um encontro, 9 de janeiro, daqui a uma semana. Objetivo: acertar os detalhes para a participação norte-coreana.
Ao que parece, as coisas caminham para que a festa da Olimpíada de Inverno de PyeongChang-2018, na Coreia do Sul, seja completa e sem boicotes. Para o esporte, não poderia ocorrer nada melhor.
Desde que começaram a crescer as tensões políticas entre Coreia do Norte e Estados Unidos, especialmente depois da eleição de Donald Trump, a aposta mais certa era que os norte-coreanos não participariam dos Jogos. Na verdade, houve quem temesse até mesmo pelo adiamento ou transferência de sede do evento, graças às ameaças de conflito com armas atômicas entre Jong-un e Trump.
Até que veio o discurso do ditador norte-coreano, com um surpreendente tom conciliador.
“Espero sinceramente que os Jogos Olímpicos de Inverno sejam um sucesso. Estamos dispostos a tomar várias medidas, incluindo o envio da delegação. Serão uma boa oportunidade para o nosso país”, disse Kim Jong-un.
A sinalização animou o sul-coreanos. “Esperamos que o Norte e o Sul possam sentar-se cara a cara e discutir a participação da delegação norte-coreana nos Jogos de PyeongChang, bem como outros pontos de mútuo interesse entre os dois países”, afirmou Cho Myoung-Gyon, ministro da unificação sul-coreana.
Desfile em conjunto em Sydney
Além da política, existem algumas questões práticas que precisam ser resolvidas. Por exemplo, hoje apenas uma dupla de patinadores teria condição de disputar os Jogos de PyeongChang-2018. Ryom Tae-Ok e Kim Ju-Sik tinham qualificação automática, mas perderam o prazo para confirmar a participação. Eles ainda podem receber autorização da federação internacional.
Da mesma forma, dependendo do que acontecer nas reuniões diplomáticas, outros convites em diversas provas poderão ser concedidos pelo comitê organizador.
O possível “sim” da Coreia do Norte para disputar os Jogos de Inverno acaba remetendo a um outro raro momento em que as divergências políticas deram uma trégua em favor do esporte. Nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, houve um acerto entre os dois governos para que as delegações do Sul e do Norte desfilassem juntas. Um momento inesquecível naquela Olimpíada, embora as duas nações tenham competido separadamente. Ainda assim, foi um fato que ficou marcado para história olímpica.
E até para compensar o boicote dos Jogos de Verão de 1988, esta “trégua” pode juntar coreanos do Norte e do Sul numa mesma Olimpíada na Coreia do Sul. Convenhamos, não é pouca coisa.
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