A corrida eleitoral para a definição da Olimpíada de 2024 está em pleno andamento. O pleito está marcado para ocorrer em 13 de setembro, durante a Assembleia do COI (Comitê Olímpico Internacional), que ocorrerá em Lima, no Peru. As cidades de Los Angeles, Paris e Budapeste estão na disputa. Só não estranhe se antes da data do pleito o resultado já seja praticamente conhecido.
Está crescendo de forma surpreendente nos bastidores do esporte olímpico um movimento que pode até facilitar a vida do COI. Uma alternativa que, na prática, seria para disfarçar um grande vexame. O comitê da candidatura de Budapeste ainda não iniciou a campanha internacional para divulgação da cidade. Motivo: há uma forte pressão na população da capital húngara para que seja realizado um plebiscito visando aprovar ou não a continuidade na corrida para ganhar a sede de 2024.
O medo dos altos custos, em contrapartida aos questionáveis benefícios do legado olímpico para a cidade, pode fazer com que a candidatura de Budapeste acabe naufragando em um possível plebiscito. Ocorreria assim o mesmo que aconteceu com Roma, que abdicou da disputa após a prefeita Virginia Raggi se posicionar contra a candidatura.
Caso Budapeste não siga na briga, o COI, para evitar uma constrangedora eleição com somente dois candidatos, apelaria para uma decisão inédita: na mesma sessão, definiria a sede de duas Olimpíadas ao mesmo tempo, 2024 e também 2028.
Esta solução foi adotada pela Fifa para escolher os locais das próximas duas Copas do Mundo (Rússia em 2018 e Qatar-2020). Outras modalidades também costumam fazer escolhas de sedes de mais uma competição. O handebol, por exemplo, definiu recentemente Espanha (2021) e o trio Dinamarca-Noriega-Suécia (2023) como sedes de mundiais femininos da modalidade.
Isso, contudo, jamais foi feito antes na história das Olimpíadas. Mais do que querer evitar gastos com processos eleitorais que normalmente são bastante caros, este “plano B” comprova que o COI ainda está atrás de uma solução que volte a tornar interessantes para as cidades concorrerem para organizar os Jogos Olímpicos.
Em dezembro passado, após uma reunião do conselho executivo do COI, o presidente da entidade Thomas Bach admitiu que existem “conversas informais” sobre mudanças no processo de candidaturas. E a maior prova de que a isso pode mesmo ocorrer foi dada pelo prefeito de Los Angeles, Eric Garcetti.
“Eu aprovo que o Movimento Olímpico esteja tendo esta discussão a respeito do processo de candidaturas, que costumam ser mesmo muito caros. Se um novo modelo for proposto, iremos nos adaptar a ele”, disse Garcetti, que deixou claro estar na brigar para ganhar os Jogos de 2024. Mas nada que uma boa conversa nos bastidores não o faça mudar de ideia e aceitar receber a Olimpíada de 2028, deixando 2024 para a concorrente Paris.
Até 13 de setembro, muita água vai rolar debaixo desta ponte olímpica.
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