Se existe alguém que não pode reclamar de 2016 é a judoca Majlinda Kelmendi, do Kosovo. Bicampeã mundial em 2013 e 14, a atleta que chegou a representar a Albânia na Olimpíada de Londres-2012 pelo não-reconhecimento de seu país pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), teve a honra de ser a primeira porta-bandeira de uma delegação kosovar, no desfile de abertura da Rio-2016.
Era uma verdadeira consagração para quem começou a praticar judô aos oito anos, por incentivo dos irmãos, como uma forma de esquecer os horrores da guerra com a Sérvia, em 1999. Naquele ano, as tropas sérvias incendiaram boa parte de sua cidade natal, Peje.
“Comecei a gostar do judô porque fiz novos amigos, vi novas cidades e percebi que era uma forma de ser realmente alguém”, disse Kelmendi, em uma entrevista ao jornal inglês Financial Times em 2012, quando ainda competia pela bandeira da Albânia (ela tem dupla cidadania) e revelava que seu maior sonho era ouvir o hino de Kosovo após uma conquista sua no judô.
VEJA TAMBÉM:
>>> COI faz ‘Jogos da Inclusão’ na Rio 2016
>>> As medalhas do Brasil no Mundial de Judô
>>> Monocultura esportiva segue firme
Mal sabia ela que o sonho seria concretizado quatro anos depois. Na Rio-2016, ela levou, sob a bandeira de seu país, a medalha de ouro na categoria 52 kg, ao derrotar a italiana Odette Giuffrida. Foi também o primeiro ouro olímpico na história de Kosovo.
O último feito da judoca do Kosovo, de 25 anos, veio em forma de presente de Natal, na última sexta-feira. A IJF (Federação Internacional de Judô) anunciou que Majlinda Kelmendi foi escolhida como a melhor atleta do ano pela entidade, na eleição promovida em seu site. Ela somou um total de 5.299 votos, deixando em segundo lugar a brasileira Rafaela Silva, campeã olímpica na categoria 57 kg, que teve 2.565 votos na eleição.
Entre os homens, o eleito foi o japonês Ono Shohei, medalha de ouro no Rio (73 kg), que deixou para trás o imbatível francês Teddy Riner, campeão olímpico na categoria +100 kg.