O grande sonho de Aleksey Lovchev, russo de 26 anos nascido na cidade de Karabanovo, próxima a Moscou, era o de participar dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. E pelos recentes resultados na carreira do atleta no levantamento de peso, tudo indicava que o sonho iria se tornar realidade.
Neste ciclo olímpico, Lovchev passou a ser o grande nome na categoria acima de 105 kg, com o título europeu em 2014 e duas medalhas em Mundiais, um bronze em 2013 e recentemente o ouro na edição realizada em Houston (EUA), no final de novembro, quando obteve a incrível marca de 475 kg no arranco e arremesso, recorde mundial na prova.
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Nada mal para quem havia feito sua estreia em competições internacionais em 2013, realizando o sonho do pai, que o levou para o levantamento de peso quando tinha apenas nove anos de idade.
Tudo indicava que Lovchev realizaria seu sonho de participar de uma Olimpíada e que viria para ganhar o ouro no Rio de Janeiro. Mas nesta última semana os sonhos do russo começaram a serem desfeitos, após a denúncia de que ele falhou em um exame antidoping realizado após o Mundial, quando foi detectada a presença do hormônio ipamorelin, proibido pela Wada (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês). A IWF (Federação Mundial de Levantamento de Peso) suspendeu provisoriamente Lovchev, mas ainda não confirmou se irá cassar sua medalha.
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Independentemente do desfecho do caso de Alexey Lovchev, o fato é que o doping segue sendo a maior ameaça aos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Há pouco mais de dois meses, um escândalo sem proporções na história denunciado por uma comissão independente da Wada desmascarou um esquema gigante de ocultação de doping no atletismo na Rússia, que culminou com a suspensão da equipe russa para as Olimpíadas e ainda respinga na gestão de Sebastian Coe na Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo).
Mas o jogo sujo do doping parece que está sempre em vantagem. Um exemplo disso foi o próprio Mundial de levantamento de peso, onde Lovchev foi campeão, com nada menos do que 17 casos positivos entre os participantes da competição. A IWF já havia banido antecipadamente a Bulgária do Rio 2016, após diversos casos positivos nos últimos anos, além de 11 atletas banidos do Mundial.
E o que já é grave, pode ficar ainda pior. Em uma reportagem do site Inside the Games, o ex-chefe da agência russa antidoping, Ramil Khabriev, afirmou que 40% dos casos positivos de doping no país aconteceram nas categorias de base das modalidades olímpicas.
O problema do doping no esporte mundial (em particular na Rússia) segue cada vez mais grave. A ameaça aos Jogos do Rio 2016 é muito real e não existe outra atitude correta que não seja aplicar as punições mais duras possíveis, a quem quer que seja.