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Confusão no caso Leyser já mostra como será o futuro do esporte brasileiro pós-2016

Os bastidores políticos do esporte ficaram bastante agitados esta semana, com a dança nas cadeiras no Ministério do Esporte. O principal personagem foi Ricardo Leyser, que de exonerado da Secretaria Executiva da pasta, foi recolocado como Secretário de Alto Rendimento, posição que ocupava até o ano passado. Pior mesmo foi constatar que o saldo desta trapalhada política comandada pelo Governo Federal terá como maior vítima a comunidade olímpica do Brasil num futuro não muito distante.

O maior sinal de que as coisas serão tratadas com desleixo após os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio 2016 foi que a opção para ceifar Leyser do cargo aconteceu apenas pelos critérios do jogo político. O atual ministro do Esporte, George Hilton, do PRB, cuja bancada tem forte tendência religiosa, queria o que se chama na política de “porteira aberta” no Ministério, como bem definiu o jornalista José Cruz, em seu blog no UOL.

A intenção deste pedido à presidente Dilma Rousseff era poder nomear quem desejasse de seu partido. E como justificar para os integrantes da bancada religiosa da PRB que um integrante do PC do B estivesse ocupando o segundo cargo na hierarquia na pasta?

Ricardo Leyser acompanhou todo o processo de organização dos Jogos Rio 2016 (Crédito: ME)

Ricardo Leyser acompanhou todo o processo de organização dos Jogos Rio 2016 (Crédito: ME)

O grande problema foi que ao sacar Leyser, os caciques do PRB estavam ao mesmo tempo tirando o principal articulador na preparação dos Jogos Olímpicos, seja em relação às confederações, seja como interlocutor do governo com o comitê organizador dos Jogos Rio 2016. Leyser está no Ministério do Esporte desde 2003, conhece como poucos o funcionamento da máquina pública e, especialmente, nos vários programas de financiamento ao esporte de alto rendimento, em especial o Bolsa Atleta e o Bolsa Pódio, que tem como principal objetivo auxiliar a preparação dos atletas de ponta do Brasil e que são candidatos à medalha nas Olimpíadas. Goste-se ou não seu estilo, às vezes um tanto contundente demais, é uma pessoa que tem importância vital na reta final antes das Olimpíadas.

Sempre é bom lembrar que a meta, tanto do Ministério do Esporte quanto do COB é que o Brasil termine os Jogos 2016 entre os dez primeiros no quadro geral de medalhas.

Mas o que o destino reservará ao esporte olímpico para o pós-2016? Pela forma com que o Governo Federal exonerou a pessoa que mais de perto acompanhou todo o processo, não se pode ter muita esperança. E o próprio Leyser, em uma entrevista que fiz com ele em 2013, deu a entender que a realidade será bem diferente.

“Acredito que vamos ter uma diminuição de recursos, mas isso irá acontecer apenas na parte de estrutura para os Jogos Olímpicos. Se tivermos 1/3 em 2017 do que teremos de recursos financeiros atualmente para os Jogos de 2016, será possível manter esta estrutura. Tudo, porém, está ligado aos resultados que iremos obter no Rio”. Em resumo, a torneira irá fechar.

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