A corrida pela disputa da sede olímpica dos Jogos de 2024 levou um baque nesta segunda-feira, com o anúncio da desistência da cidade de Boston de prosseguir com sua candidatura. Em sua entrevista coletiva, o prefeito da cidade norte-americano, Martin Walsh, justificou a decisão pela falta de apoio popular da população local em relação a receber uma edição das Olimpíadas.
“Não teria como assinar um documento que obrigaria os contribuintes a arcarem com alterações nos custos dos Jogos Olímpicos. Eu não posso hipotecar o futuro da cidade nem colocar os contribuintes em risco”, declarou Walsh. Por enquanto, Paris, Roma, Budapeste e Hamburgo seguem como candidatas oficiais aos Jogos de 2024. Até 15 de setembro, as cidades interessadas poderão protocolar junto ao COI (Comitê Olímpico Internacional) sua intenção de concorrer na disputa eleitoral, que será definida somente em 2017, na Assembleia Geral do COI em Lima, no Peru.
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Comenta-se na imprensa americana que poderá surgir uma nova candidatura, possivelmente de Los Angeles, para entrar na corrida. É bom lembrar que a cidade já recebeu as edições olímpicas de 1932 e 1984.
Mas a desistência de Boston traz consigo uma outra questão, essa sim muito mais grave do que a opção da cidade em pular fora do barco olímpico. A rejeição da população local somente pela possibilidade em receber os Jogos já demonstra que as medidas que o COI está implementando desde o final do ano passado, com o lançamento da tal agenda 20 + 20, do presidente da entidade Thomas Bach, ainda não estão surtindo os efeitos necessários.
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Quando anunciou o pacotão de medidas, Bach dizia que, entre outras coisas, o objetivo era o de tornar os Jogos Olímpicos mais sustentáveis, com orçamentos mais enxutos, de modo que pudessem despertar o interesse de mais cidades em recebê-los. O COI ainda estava assustando com a debandada de candidatos para os Jogos de Inverno de 2022 – resumidos hoje a apenas duas cidades, Almaty, na Cazaquistão, e Pequim, na China.
A rejeição de Boston e a falta de apoio popular não é sinal de fraqueza da cidade ou de que os ideais olímpicos não existem por lá. Para mim, está evidente é que o COI ainda não conseguiu transformar em realidade sua plataforma mais espartana para a organização dos Jogos Olímpicos, e isso precisa ser feito de forma mais rápida e clara.