Paris – Miguel Hidalgo fez história em Paris. Colocou o Brasil no top 10 do triatlo dos Jogos Olímpicos, posto onde o país jamais esteve. O paulista de Salto ficou exatamente na décima colocação da prova masculina nesta quarta-feira (31), superando o 11º de Sandra Soldan e o 14º de Leandro Macedo, ambos em Sydney-2000, ano em que a modalidade debutou em Olimpíadas. É muito pouco pra ele, “uma porcaria” chegou a dizer, até porque só o que vai satisfazer é uma medalha. E de ouro.
“Eu não tinha nem nascido ainda, nos primeiros Jogos Olímpicos (com o triatlo), e estou orgulhoso, mas o Brasil é um país que merece muito mais. Não sei até onde consigo chegar, mas pode ter certeza que é sempre mirando a medalha de ouro. Onde posso chegar, só o tempo vai dizer, mas quero ganhar em Los Angeles e vou fazer de tudo para isso”, afirmou Miguel Hidalgo, sem meias-palavras, na Ponte Alexandre III, em Paris, local da largada, transições e da chegada do triatlo olímpico esse ano. “Ninguém lembra do quarto em diante. Estou orgulhoso da minha performance, mas insatisfeito.”
Sem desculpas
A novela sobre o Rio Sena ter condições ou não de receber a natação do triatlo passou quase que despercebida por ele. “Nado melhor no rio. Sobre a qualidade da água, ano passado (durante o evento teste) tinha um cheiro meio estranho, esse ano não tinha. Acho que realmente estava mais limpa”, disse. O adiamento de terça (30) para quarta, causado justamente por medições que consideraram a água do Sena imprópria, também foi desculpa. “Não afetou muito, acho que ontem e hoje faria a mesma performance. Estava preparado nos dois dias.”
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A única reclamação de Miguel Hidalgo sobre a natação foi a atitude dos adversários na prova. “Passei a boia em primeiro, tava em terceiro e, quando chegou embaixo da ponte, comecei a apanhar muito. Foram desonestos comigo”, disse. Ele acrescentou achar que os rivais mereciam ser punidos, mas tudo ocorreu num lugar escondido, longe das câmeras e drones de filmagens. “Tive inteligência emocional e consegui manter a cabeça boa. Em vez de bater, tentei fazer a minha prova”, completou.
Maturidade
Ainda a respeito da prova, admitiu ter faltado um pouco de maturidade para manter uma melhor regularidade. “Na bike gastei um pouco mais de energia do que precisava. Na corrida, tentei o melhor possível, fazer progressiva. Na terceira volta, passei em quinto, mas acabou a minha energia. Eles (os líderes) mantiveram o ritmo e não consegui acompanhar”, disse.
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“Sou um atleta que ainda tem muito que amadurecer e muito que evoluir. Triatlo é uma prova de endurance que você demora um pouco mais pra amadurecer. Briguei pela medalha até onde pude, cheguei a ficar três segundos (dela) na volta três. Simplesmente gastei tudo que eu tinha, arriscando pela medalha. Acabei perdendo e lutando só pelo décimo lugar no final. Daqui a quatro anos quero fazer muito melhor que isso.”