Tóquio – A brasileira Jéssica Messali terminou em quarto lugar a prova de triatlo dos Jogos Paralímpicos de Tóquio das classes PTWC1-2. Ela completou em 1h16min23s. No início de julho, Jéssica sofreu um acidente doméstico e teve queimaduras de segundo e terceiro graus nos pés, sendo obrigada a passar por dez cirurgias em 25 dias para a retirada de pele morta e a amputação de sete dedos e meio. Ronan Cordeiro e Carlos Rafael Viana também competiram, mas na classe S5, e fecharam em quinto e sexto lugares, respectivamente.
Jéssica Messali, atleta do Time Dux Nutrition, caiu nas águas do Odaiba Marine Park, na Baía de Tóquio, no final da tarde de sábado (28) pelo horário de Brasília para percorrer os 750 metros de natação. Saiu depois de 16min31 na nona e penúltima colocação e seguiu para cumprir os 20 quilômetros de ciclismo e começou a se recuperar. Marcou 9min51 na primeira das quatro voltas de cinco mil metros e 10min00 na segunda, ambas o quarto melhor tempo dentre as nove competidoras que permaneciam na disputa A essa altura, era a oitava colocada, já tinha ultrapassado a japonesa Tsuchida Wakako na pista e herdando uma colocação da australiana Emily Tapp, que abandonou após colidir com uma das placas que demarcam o percurso.
Na terceira volta, a brasileira aproximou-se da mexicana Brenda Alvarez, sétima colocada. Fez em 10min15 contra 10min43 da rival, cortando a distância para 35 segundos. Ao final do ciclismo, a diferença já era visual, com a transição para a corrida sendo feita praticamente ao mesmo tempo, lado a lado. No fim da bike a brasileira tinha 1h00min22 de tempo acumulado contra 1h00min20 de Alvarez. Em sexto aparecia a italiana Rita Cuccuru, 19 segundos à frente. Era 1min09s no início do ciclismo.
Na corrida, Jéssica Messali entrou na segunda das quatro voltas já à frente de Cuccuru, a sete segundos de Alvarez e mirando a francesa Mona Francis e a holandesa Margaret Ijdema. Superou as três e entrou em quarto na última volta ainda buscando a espanhola Eva Maria Pedrero. Não deu tempo. O ouro foi para Kendall Gretsch, dos Estados Unidos, que ultrapassou a australiana Lauren Parker quase na linha de chegada. Pedrero confirmou o bronze no triatlo dos Jogos Paralímpicos. Após deixar a área de competição, a brasileira disse estar chateada por ter chegado ao pódio, mas feliz pela superação após o acidente nos pés.
Credenciais
Não fosse o acidente, Jéssica Messali certamente brigaria por posições melhores. Ela competiu três vezes em 2021 e fez três pódios. Venceu a etapa da Copa do Mundo de La Coruña e foi vice na Série Mundial de Yokohama e no Parapan-americano de Pleasant Prairie. Ano passado, levou o ouro da etapa de Alhandra da Copa do Mundo e, em 2019, foi vice da etapa do Funchal e bronze na de Magog, ambas da Copa do Mundo, e prata da Série Mundial em Milão e no Parapan-Americano de Sarasota.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, TWITTER, INSTAGRAM, TIK TOK E FACEBOOK
Como se não bastasse, ainda naquele ano, disputou o Iron Man 70.3, em Maceió, no início de agosto. Ela concluiu o percurso de 1,9 quilômetro de natação em 44 minutos, 90 quilômetros de ciclismo em 3h30min, e 21 quilômetros de corrida em 1h21min, totalizando 5h57min, três a menos da meta de seis horas. Assim, tornou-se a primeira mulher cadeirante da América Latina a concluir essa competição de triatlo.
Ronan e Carlos Rafael
Ronan Cordeiro e Carlos Rafael Viana terminaram na prova de triatlo classe PTS5 dos Jogos Paralímpicos em quinto e sexto lugares com os tempos de 1h01min22s e 1h02min26s, respectivamente. Ronan saiu da natação no quarto lugar, fez a melhor transição dentre os dez competidores e subiu para a segunda colocação. No pedal, porém, o desempenho foi pior – 10º, 9º, 9º e 7º tempos nas quatro voltas – e ele caiu três posições começando a corrida em quinto. Carlos Rafael Viana saiu do mar em sexto, fez a segunda melhor transição para a bike e ganhou uma posição. Ele também perdeu força na bicicleta, fez o 8º, 8º, 7º e 6º tempos, e perdeu dois postos, entrando na corrida em sétimo. Na primeira volta, porém, recuperou uma delas.