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Jessica Messali supera dez cirurgias em 25 dias para ir aos Jogos Paralímpicos

Após sofrer graves queimaduras nos pés, Jéssica Messali passou por dez cirurgias em 25 dias e conseguiu se recuperar a tempo de ir para os Jogos Paralímpicos

jéssica messali time dux nutrition
Divulgação

Jéssica Messali estava em Rio Maior, em Portugal, na contagem regressiva para sua primeira participação em Jogos Paralímpicos. Mas a reta final de preparação se transformou num pesadelo. A triatleta sofreu graves queimaduras nos pés em uma sauna e teve que ser hospitalizada. Sem desistir do sonho de ir a Tóquio, a atleta do Time Dux Nutrition, foi transferida para o Brasil, passou por dez cirurgias em 25 dias para a retirada de pele morta e a amputação de sete dedos e meio e conseguiu se recuperar a tempo de embarcar para o Japão.

“Eu já tenho a minha medalha paralímpica. Claro que eu vou atrás do melhor possível e sonho em estar no pódio em Tóquio, mas se eu lembrar de tudo que eu passei nos últimos dias, de tudo que eu ouvi da equipe médica em Portugal, só de estar indo para os Jogos Paralímpicos é uma medalha para mim. Agradeço muito ao Dr. Bruno Lisciotto por tudo que ele fez. Todas as cirurgias, os curativos e por acreditar que era possível estar nos Jogos Paralímpicos desde o primeiro momento”, agradece Jéssica Messali.

Jéssica Messali hospital
Jéssica Messali durante o período de recuperação no hospital (Reprodução Instagram)

Jéssica Messali se refere ao fato da equipe que a atendeu em Portugal ter dado o prazo de três meses para a recuperação das queimaduras, o que tornaria inviável a participação dela nos Jogos Paralímpicos. O médico Bruno Lisciotto, no entanto, acreditou que poderia acelerar o processo, a trouxe de volta para o Brasil e a colocou em condições de viajar para Tóquio.

“A saída que nós encontramos foi a retirada dos tecidos mortos da região das queimaduras. Para acelerar a recuperação, nós usamos alguns curativos modernos, como o de pressão negativa. Além disso, colocamos pele artificial, fizemos um enxerto de pele da própria Jessica e ela passou pela câmara hiperbárica, o que ajudou muito na aceleração do processo. Tudo isso levou cerca de 20 dias e o esperado era que demorasse cerca de três meses”, explicou o médico.

“A queimadura está sarada. A Jéssica Messali está curada desse problema. O que ela pode ter problema é com o enxerto, mas, com o tempo que falta para a viagem e a competição, acredito que não será problema. Além disso, a Jessica sabe todos os cuidados que precisa ter com os pés”, finalizou Bruno Lisciotto.

Apesar do período que ficou afastada dos treinos para se recuperar das queimaduras, Jéssica Messali não esconde a empolgação por estar prestes a disputar a Paralimpíada. “Eu me sinto realizada por ter conquistado a vaga. Eu me dediquei 100% nos últimos anos e colher o fruto dessa dedicação é muito especial para mim. Esta será a estreia paralímpica da categoria feminina na minha modalidade. E nesta estreia terá a bandeira brasileira, a qual irei representar com toda minha alma e o meu coração”, disse a atleta. 

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Segundo Jéssica Messali, desde 2017, ela estava se dedicando sete dias da semana ao Triatlo. “Eram de dois a três treinos por dia, entre natação, ciclismo, corridas, musculação, mobilidade e fisioterapia”, relatou.

A triatleta destacou que todo esse esforço estava rendendo ótimos frutos, como a medalha de ouro na Copa do Mundo: “Subi várias vezes ao pódio. Estava confiante em conquistar uma medalha em Tóquio. Minha performance estava impecável. Porém, com o incidente, não pude fazer treinos específicos. Isso interfere na minha performance, embora tenha me mantido ativa. Agora que estou com alta total, espero recuperar o tempo no CT Paralímpico até ir para o Japão. A minha força mental está mais afiada do que nunca. Retornar com tudo será crucial”, concluiu. 

A atleta viajará para Tóquio no próximo dia 19 de agosto. Sua prova será disputada dez dias depois, 29 de agosto, a partir das 18h30 (horário de Brasília). Natural de Jaboticabal, Jéssica ficou paraplégica após um acidente de carro em 2013. Logo após sua recuperação conheceu o ciclismo e obteve rápido destaque. Começou no triatlo em 2017.

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