Como todos sabem, a pandemia afetou a vida dos atletas de alto rendimento ao redor do mundo. Mas não foi só a elite do esporte que sofreu com o coronavírus. Milhões de amadores também tiveram que se readaptar à nova realidade enquanto a vacina para o coronavírus não chega.
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Os praticantes amadores de triatlo, por exemplo, vêm sofrendo há seis meses sem poder participar das inúmeras competições que existem ao longo do ano. Por isso, as empresas que promovem esses eventos tiveram que se reinventar e chegar a uma solução que não infrinja as normas de saúde impostas pelo governo.
Uma das saídas foi a criação das provas de triatlo indoor, onde os atletas, sem competidores rivais, nadam em piscinas, pedalam em rolos eletrônicos sem sair do lugar e correm em esteiras, ao invés de ir ao mar e às ruas e avenidas.
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A convite da Probiótica, o Olimpíada Todo Dia foi conferir como são essas competições de triatlo indoor. Mas como nós vivemos o esporte todo o dia, decidimos sentir na pele como funciona ao invés de filmar um atleta realizado a prova.
Primeiro, testamos o Triday Indoor Series, competição organizada pelo Ironman Brasil. Agora, nos arriscamos no Super League Triathlon, juntamente com a elite do triatlo brasileiro. Atletas como Manoel Messias, Djenyfer Arnold, Luisa Baptista e Luma Guillen estiveram na Ultra Sports Science, em São Paulo, e participaram de uma prova diferente. Confira no vídeo acima e assista em primeira mão!
Diferente do triatlo convencional
Fundado em 2017, o Super League Triathlon (SLT) é bastante conhecido no mundo do triatlo por ter provas curtas, rápidas, intensas, dinâmicas e imprevisíveis.
O SLT chegou ao Brasil em 2020 e já tinha uma série de competições programadas ao longo do ano, que não puderam ocorrer em virtude da pandemia. Daí surgiu a oportunidade de se criar a série indoor do Super League Triathlon Indoor Series, voltada para profissionais e amadores e que foge um pouco a uma prova tradicional de triatlo.
“O SLT Indoor Series é baseado em uma brincadeira de inversão de tmepo e espaço. Em uma prova tradicional, você tem uma distância pré-estabelecida e ganha quem fizer em menor tempo. Aqui, a gente tem o tempo pré-estabelecido e ganha quem fizer a menor distância.” explica Gustavo Almeida, diretor da Vegas Sports, que organiza a competição em São Paulo.
Nadando na esteira
A competição é realizada na Ultra Sports Science, centro de reabilitação e performance para atletas localizado no bairro de Indianópolis, em São Paulo, que oferece espaços para recuperação física, academia e uma piscina de esteira indicada para nadadores e triatletas.
“O atleta nada cinco minutos, pedala 15 e corre 10 e repete esse processo duas vezes. São, portanto 60 minutos de exercício e mais alguns das transições. Na sequência, transforma-se os quilômetros em pontos e se desconta o que foi perdido nas transições,” completa Gustavo.
No caso da SLT Indoor Series, o participante fará os 10 minutos totais da natação nessa esteira aquática, pedalará em sua bicicleta – que deve ser levada no dia da competição – e correrá em uma esteira.
Estreia dos profissionais
A organização do SLT Indoor Series tem chamado os principais triatletas do Brasil para participar da competição. Para o sábado do final de setembro, participaram quatro dos maiores atletas do país: Manoel Messias, Djenyfer Arnold, Luisa Baptista e Luma Guillen. Nenhum deles jamais havia participado de uma competição de triatlo indoor.
O primeiro a participar foi Manoel Messias, segundo melhor brasileiro no ranking mundial de triatlo atualmente. O atleta competiu ao lado de outros dois amadores, servindo-lhes de inspiração.
Na sequência, foi a vez das três mulheres. Djenyfer Arnold foi a primeria a cair na piscina de esteira. Luisa Baptista veio na sequência e Luma Guillen fechou a participação feminina.
Como era de se esperar, a pontuação obtida por todos os quatro triatletas superou por muito o dos amadores. Mesmo perdendo pontos com a transição por nunca ter feito algo parecido, Manoel Messias liderou com folga o ranking final.
“É um novo método que tem funcionado. Pra movimentar o triatlo com essa situação de pandemia que a gente tem é o que há. O pessoal está de parabéns pela organziação, espero participar mais eventos assim,” contou Manoel Messias ao atleta ao Olimpíada Todo Dia.
Briga acirrada entre as mulheres
Entre as mulheres, a briga foi boa, mas Luisa Baptista, acabou levando a melhor. Djenyfer Arnold ficou em segundo e Luma Guillen em terceiro.
“Foi muito bacana. Pela primeira vez, eu fiz uma prova indoor desse jeito. Foi bem duro, pra falar a verdade. Me tirou bastante da zona de conforto. Foi bom pra sentir esse gostinho de competição e força,” comentou Luisa Baptista
A volta na Europa
Manoel Messias, Luisa Baptista e Djenyfer Arnold também aproveitaram para comentar os recentes resultados obtidos no Mundial de Triatlo na Europa e na Etapa da Copa do Mundo de triatlo de Karlovy Vary, na República Tcheca.
Com o 5º resultado na República Tcheca, Djneyfer Arnold obteve o melhor resultado do Brasil nessa volta de competições. A atleta declarou estar satisfeita com o que fez.
“Foi importante voltar a competir. Estive muito a vontade na República Tcheca. E fiquei surpresa com a repercussão. Todo mundo tem vindo falar comigo, é bem legal,” avaliou a atleta.
No Mundial da Alemanha, Manoel Messias foi o 27º no masculino e Luisa Baptista acabou a prova feminina na 44ª posição. Os atletas avaliaram suas performances e comentaram a expetativa para as próximas competições internacionais, que ocorrerão em novembro, na Europa. Confira o que os triatletas disseram no vídeo abaixo
Nossa experiência
Após a estreia dos profissionais, foi a vez do OTD entrar em cena.
É importante lembrar que esse repórter que vos escreve não é um triatleta e sim apenas um corredor amador. Desde 2017, me tornei um praticante assíduo de corridas de rua, com direito a duas maratonas no currículo durante esse período. Em preparação para a Maratona de Chicago de 2019, voltei a nadar depois de muito tempo, para melhorar minha performance correndo e para soltar a musculatura.
Nunca pensei em realizar uma prova de triatlo pelo fato de não ter intimidade nem muito amor por bicicleta. Creio que a última vez em que havia pedalado mais do que 8km tenha sido nas férias de 2001, quando era criança e fui de bicicleta até o centro de uma cidade no interior comprar sorvete.
Depois de realizar com sucesso o Triday Series, cujo formato segue o triatlo tradicional, resolvi aceitar o segundo convite da Probiótica para provar o SLT Indoor Series.
O “problema” é que a organização do SLT Indoor Series não disponibiliza um um rolo eletrônico e pede aos atletas que levem suas bicicletas. Como disse, não sou do triatlo e meus amigos ciclistas que poderiam quebrar meu galho não estavam em São Paulo no dia do evento.
A organização gentilmente me emprestou uma. Apesar de ser muito boa e confortável, a bicicleta específica para triatlo era personalizada para alguém bem maior que eu, o que trouxe problemas no ajuste do banco. Além disso, eu não possuía uma sapatilha própria para poder encaixar bem no pedal, menor do que o de uma bicicleta convencional.
Perfomance e avaliação
Ainda assim, consegui executar o desafio, que foi bem interessante. A esteira aquática foi uma novidade para mim, mas é bem menos difícil de se encarar do que eu imaginava.
A bicicleta, como disse, foi o problema, já que não estava em uma altura adequada e via meus pés escapando dos pedais a todo momento. Como foram apenas 15 minutos antes da troca para a corrida, consegui levar sem sentir dores. Na esteira, tentei compensar ao máximo o tempo perdido na bicicleta.
Consegui realizar o desafio sem maiores problemas. A experiência foi boa e teria sido ainda melhor caso tivesse conseguido uma bicicleta emprestada. Mesmo com esse entrave, recomendo a quem tenha interesse em testar a modalidade.
Os tempos pensados em cada um dos três aparelhos são perfeitos para que o novo entrante não se desgaste por completo a ponto de não completar o desafio. A esteira aquática é, a meu ver, um grande triunfo para aqueles que tem receio de nadar em piscinas ou mesmo no mar. Vale lembrar que a natação é a modalidade que mais impede as pessoas de experimentarem o triatlo.
Basta ter uma bicicleta ou um amigo que possa emprestar uma que a experiência será bastante agradável, sem falar que ainda dá, como disse após o Triday Series, a oportunidade da pessoa dizer: ‘sou um triatleta’, algo que provavelmente não ocorreria caso não houvesse a pandemia. Pelo menos no meu caso.