Vela
Disputas da vela nos Jogos Olímpicos de Tóquio:
Feminino
Masculino
Misto
Local da competição
O torneio olímpico da vela em Tóquio-2020 será disputado no Yatch Club de Enoshima, ilha localizada a 55km do centro de Tóquio. Ao longo da história olímpica, é bem comum ver a vela ser disputada em locais distantes da cidade sede, como em Londres-2012 em Weymouth, a 44km da capital britânica e em Pequim-2008, em Qingdao, 669 km distante do local onde estavam os espetaculares Ninho do Pássaro e Cubo D’água. O Rio, que recebeu a vela na Baía de Guanabara, coração da cidade, foi uma exceção.
+ Veja a lista dos brasileiros classificados para a Olimpíada
O Brasil na vela dos Jogos Olímpicos
A Vela é o segundo esporte que mais deu medalhas para o Brasil em edições de Jogos Olímpicos, 18 no total, atrás apenas do judô com 22 láureas olímpicas. O Brasil conquistou até os dias de hoje sete ouros, três pratas e oito bronzes e no quesito de medalhas douradas é a modalidade com mais títulos olímpicos para o Brasil.
Muito antes das medalhas, o esporte chegou no país no século XIX, trazido por famílias europeias que imigraram para o Brasil no período. Muito por essa influência familiar, vários dos medalhistas olímpicos do Brasil tem raízes europeias, especialmente alemãs, suecas e dinamarquesas.
De todas essas tradicionais famílias da vela brasileira, quem se destaca sem dúvidas são os Grael, respeitadíssimos no mundo todo da modalidade. Além dos cinco pódios de Torben, os Grael também conquistaram o ouro na classe 49erFX nos Jogos do Rio, com Martine Grael, filha de Torben, formando dupla com Kahena Kunze, outra atleta de uma família de velejadores. O ouro das duas foi o primeiro da vela feminina brasileira. A dupla está classificada para Tóquio-2020 e é uma das maiores chances de medalha do Time Brasil em Tóquio.
Outro Grael de sucesso foi Lars, irmão de Torben, que conquistou dois bronzes olímpicos na classe Tornado. O primeiro em Seul-88 com Clínio Freitas e o outro em Atlanta-96, com Kiko Pelicano. Infelizmente, em setembro de 1998, Lars sofreu um grave acidente em Vitória, Espírito Santos, causado pela irresponsabilidade do comandante de um iate, o que causou a mutilação de uma das pernas do atleta. Seguiu anos depois praticando vela, especialmente na classe Star.
Haja medalha
Além dos ouros conquistados por Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira e Martine Grael e Kahena Kunze, o Brasil conquistou outras duas medalhas douradas nos Jogos de Moscou-80. Os ouros de Lars Sigurd Bjorkström e Alexandre Welter na classe Tornado e Marcos Soares e Eduardo Penido na classe 470 foram conquistados com minutos de diferença e presentearam na ocasião os primeiros títulos olímpicos do Brasil desde o bicampeonato do salto triplo de Adhemar Ferreira da Silva em Melbourne-56, um tabu de 24 anos.
As outras medalhas brasileiras olímpicas ainda não citadas foram conquistadas por Reinaldo Conrad e Burkhard Cordes, bronze na Flying Dutchman, na Cidade do México-1968. Novamente, Reinaldo Conrad bronze na mesma categoria em Montreal-76, mas desta vez velejando com Peter Ficker. E o histórico bronze de Fernanda Oliveira e Isabel Swan na classe 470 em Pequim-2008, a primeira medalha feminina do Brasil.
Grandes nomes da vela nos Jogos Olímpicos
Dos três maiores medalhistas olímpicos da história da vela, dois são brasileiros e é justamente com eles que este texto começa. Robert Scheidt e Torben Grael são dois dos maiores nomes não só do esporte brasileiro mas também no âmbito mundial. Ambos possuem cinco medalhas olímpicas, sendo os brasileiros mais premiados da história do esporte até agora e, junto com o britânico Ben Ainsle, os maiores medalhistas olímpicos da vela.
Scheidt iniciou sua trajetória olímpica já com uma medalha de ouro pela classe Laser em Atlanta-1996, foi prata quatro anos depois em Sydney-2000, em uma competição polêmica e regada de protestos feitos pelos brasileiros acusando o britânico Bem Ainsle de prejudicar Robert, e ouro em Atenas-2004 para se tornar o segundo brasileiro bicampeão olímpico individualmente depois de Adhemar Ferreira da Silva, vencedor do salto triplo em Helsinque-52 e Melbourne-56.
Quatro anos mais tarde, Scheidt mudou para a classe Star, onde formou dupla com outro grande nome da vela nacional, Bruno Prada. Juntos conquistaram pela classe Star, a mais vitoriosa da vela brasileira, uma prata em Pequim-2008 e um bronze em Londres-2012. De volta à classe Laser, após a exclusão da Star do programa olímpico, Scheidt ficou em quarto lugar na Rio-2016, bem próximo de sua sexta medalha, a qual ele buscará em Tóquio-2020 aos 48 anos de idade. Além das medalhas olímpicas, Scheidt possui, nada menos que, 12 títulos mundiais.
Tradição
Torben Grael começou antes, estreando em Los Angeles-84 e de cara com uma medalha de prata na extinta classe Solling ao lado de Daniel Adler e Ronaldo Senfft. Já quatro anos depois, ele começou a escrever o seu nome na classe Star, a mais vitoriosa da vela brasileira, onde conquistou quatro medalhas olímpicas, a primeira delas em Seul-88, bronze com Nelson Falcão.
A partir de Barcelona-92, Torben formou dupla com Marcelo Ferreira, outro grande nome da história da vela mundial, e estrearam apenas na 11ª posição na ocasião. Em Atlanta-96 veio a consagração, o primeiro ouro olímpico da dupla, superando os suecos Hans Wallén e Bobby Lohse.
Depois foram bronze em Sydney-2000 poucos pontos atrás dos campeões americanos Mark Reynolds e Magnus Liljedahl e voltaram a vencer o título olímpico em Atenas-2004, com extrema superioridade ao ponto de só precisarem competir a regata da medalha por que era obrigatório. Torben e Marcelo se juntaram a Robert Scheidt e Adhemar Ferreira da Silva como os então únicos bicampeões olímpicos do esporte brasileiro, feito igualado em Londres-2012 por seis jogadoras da seleção de vôlei: Sheilla, Fabiana Claudino, Fabi Alvim, Thaísa, Paula Pequeno e Jaqueline.
Estrangeiros
Além dos brasileiros, o britânico Ben Ainslie também possui cinco medalhas olímpicas, sendo quatro de ouro e uma de prata.
Outros grandes nomes da vela mundial são o dinamarquês Paul Elvstrøm, tetracampeão da classe Finn entre Londres-48 e Roma-60, a italiana Alessandra Sensini, campeã em Sydney-2000 e mulher com mais medalhas olímpicas na vela, com quatro conquistas, todas no Windsurf.
Santiago Lange, velejador argentino campeão da Nacra 17 nos Jogos da Rio-2016 ao lado de Cecilia Carranza. A dupla estará em Tóquio-2020 buscando a quarta medalha olímpica de Lange, que também foi bronze na classe Tornado em Sydney-2000 e Atenas-2004.
É importantíssimo mencionar também que é da vela a primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica na história. O feito coube a suíça Hélène de Pourtales, campeã do barco misto 1 to 2 ton em Paris-1900, competindo ao lado de seu marido Hermann de Pourtales e o tio dele Bernard de Pourtalès.
Quadro de medalhas da vela nos Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
Grã-Bretanha | 27 | 20 | 11 | 58 |
Estados Unidos | 19 | 23 | 19 | 61 |
França | 17 | 12 | 19 | 48 |
Noruega | 17 | 11 | 3 | 31 |
Espanha | 13 | 5 | 1 | 19 |
Dinamarca | 12 | 9 | 9 | 30 |
Austrália | 11 | 8 | 8 | 27 |
Suécia | 10 | 12 | 13 | 35 |
Nova Zelândia | 9 | 7 | 6 | 22 |
Holanda | 7 | 9 | 7 | 23 |
Brasil | 7 | 3 | 8 | 18 |
Alemanha | 4 | 5 | 6 | 15 |
União Soviética | 4 | 5 | 3 | 12 |
Áustria | 3 | 4 | 1 | 8 |
Itália | 3 | 3 | 8 | 14 |
Grécia | 3 | 2 | 3 | 8 |
Bélgica | 2 | 4 | 3 | 9 |
China | 2 | 3 | 1 | 6 |
Finlândia | 2 | 2 | 7 | 11 |
Alemanha Ocidental | 2 | 2 | 3 | 7 |
Alemanha Oriental | 2 | 2 | 2 | 6 |
Argentina | 1 | 4 | 5 | 10 |
Ucrânia | 1 | 2 | 2 | 5 |
Suíça | 1 | 2 | 1 | 4 |
Croácia | 1 | 1 | 0 | 2 |
Polônia | 1 | 0 | 3 | 4 |
Israel | 1 | 0 | 2 | 3 |
Bahamas | 1 | 0 | 1 | 2 |
Hong Kong | 1 | 0 | 0 | 1 |
Canadá | 0 | 3 | 6 | 9 |
Portugal | 0 | 2 | 2 | 4 |
Eslovênia | 0 | 2 | 1 | 3 |
Irlanda | 0 | 2 | 0 | 2 |
Rússia | 0 | 1 | 2 | 3 |
Japão | 0 | 1 | 1 | 2 |
Cuba | 0 | 1 | 0 | 1 |
Chipre | 0 | 1 | 0 | 1 |
República Tcheca | 0 | 1 | 0 | 1 |
Lituânia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Antilhas Holandesas | 0 | 1 | 0 | 1 |
Ilhas Virgens | 0 | 1 | 0 | 1 |
Estônia | 0 | 0 | 2 | 2 |
Hungria | 0 | 0 | 1 | 1 |
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O esporte
A Vela contará em Tóquio-2020 com 10 classes olímpicas, sendo três masculinas individuais (Finn, RS-X e Laser), duas femininas individuais (RS-X e Laser Radial), duas masculinas em duplas (49er e 470), duas femininas em duplas (49er FX e 470) e uma em duplas mistas (Nacra 17).
Nos Jogos Olímpicos, as embarcações disputam 11 regatas onde marcam pontuações que são acumuladas ao final da competição. Quanto melhor a colocação na regata, menos pontos são acumulados, dando medalhas para os velejadores com o menor acúmulo destes no final.
Nas 10 primeiras regatas todos competem e descartam o pior resultado. Após essa fase, as 10 melhores embarcações se classificam para uma decisiva regata da medalha, onde a pontuação é concedida em dobro. Por exemplo, nas regatas normais o vencedor da disputa acumula um ponto, já na regata das medalhas quem chegar primeiro leva dois para contagem final.
Quem chega em sexto nas regatas normais leva seis pontos, já na regata das medalhas esse número sobe para 12 e assim sucessivamente. Por isso é extremamente importante uma boa colocação na última disputa para botar tudo a perder.
É importante também evitar desclassificações das regatas, como queimar a largada ou fazer ultrapassagens que possam ser consideradas perigosas para si mesmo ou para seus adversários.