Skate
Skate nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020
Provas do skate em Tóquio
+ Skate street feminino
+ Skate street masculino
+ Skate park feminino
+ Skate park masculino
De todas as modalidades novas no programa olímpico dos Jogos de Tóquio, o skate é sem dúvidas a que mais cumpre a cartilha de esporte que irá somar mais juventude no mundo olímpico, algo que o COI (Comitê Olímpico Internacional) está buscando ao inserir novidades no calendário dos Jogos.
A criação desta modalidade vem a partir de outra que também fará sua estreia no Japão, o surfe. Pelo menos é o que diz boa parte de seus praticantes ao citar que o esporte foi criado por surfistas californianos na década de 50, que estavam entediados de esperar por boas ondas em épocas de maré baixa, e queriam se divertir também nas calçadas, precisamente na cidade de Los Angeles, sede dos futuros Jogos Olímpicos de 2028.
Com um suporte de madeira em um formato de uma mini prancha e quatro rodinhas, o esporte foi inicialmente chamado de sidewalk surfing (surf de calçada), se espalhando por todo os Estados Unidos, principalmente em estados e cidades não litorâneas. Com o crescimento e ganhando mais autonomia, especialmente um estilo próprio e diferente do surfe, o termo “Skateboarding”, algo como “prancha de patinação”, começou a ser usado, até em 1963 ser oficializado como o nome do esporte, carinhosamente conhecido como “skate”.
Calendário do skate em Tóquio
Domingo – 25/07/2021: Skate Street Masculino – 9:00 / 13:55, eliminatórias /Final
Segunda – 26/07/2021: Skate Feminino- 9:00 / 13:55, eliminatórias /Final
Quarta – 04/08/2021: Skate Park Feminino – 9:00 / 13:40, eliminatórias/Final
Domingo – 05/08/2021: Skate Park Masculino – 9:00 / 13:40, eliminatórias/Final
Local da competição do skate em Tóquio
A estreia olímpica do skate será na Ariake Urban Sports Park, uma arena com capacidade de 6.000 espectadores em Ariake, bairro do distrito de Koto, em Tóquio. O local também será sede das disputas de BMX, tanto o racing quanto o freestyle.
O Brasil no skate
Chamado primeiramente de “esqueite” e feito por rodas de patins improvisados em uma tabua madeira, o esporte chegou engatinhando no Brasil dos anos 60, via surfistas californianos que vinham buscar a temporada de ondas daqui. O skate nacional viu sua primeira pista ser construída apenas em 1974 na praça Ricardo Xavier da Silveira, em Nova Iguaçu (RJ), mesmo ano do primeiro grande campeonato nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio. Importantes momentos ocorreram na década de 80 com o presença das primeiros skatistas nacionais em competições fora do país.
Foi em 1983 que Lincoln Ueda se tornou o primeiro grande nome do skate nacional com um grandioso 4º lugar em um torneio de Halfpipe em Munster, na Alemanha. Ele passou a ser conhecido no Brasil como o “japonês voador” devido a sua velocidade e seus aéreos extremamente altos.
O feito de Lincoln por si só chama a atenção, pois os anos 80, especialmente o ano de 1988, foram turbulentos para o skate, em um momento em que era visto com extrema marginalização. A modalidade chegou a ter sua prática proibida na cidade de São Paulo, a maior meca do skate nacional, pelo então prefeito e ex-presidente da república Jânio Quadros.
O skate hoje é definido mais do que um esporte, como também uma manifestação social e cultural. Isso veio graças à união e resistência imposta pelos skatistas da década de 80. Eles exigiam o direito à prática do esporte, algo que voltou a acontecer quando Luiza Erundina assumiu a prefeitura de São Paulo em 1989.
Além de Lincoln, nomes como Sandro Dias, Bob Burnquist e Karen Jonz são alguns dos skatistas brasileiros que ajudaram o skate a chegar ao momento em que se encontra atualmente. Deve-se a eles a massificação do skate no Brasil e graças a isso, um grande número de atletas competitivos e que podem fazer da modalidade a principal fornecedora de medalhas olímpicas para o Brasil nos Jogos de Tóquio. O skate é uma das principais apostas no plano do COB (Comitê Olímpico do Brasil) de superar o recorde de medalhas dos Jogos Olímpicos do Rio, onde foram conquistados 19 pódios olímpicos
Grandes nomes do skate
É impossível fazer uma relação dos maiores skatistas do planeta e não citar um lista enorme de atletas do Brasil e dos Estados Unidos. Mesmo que o skate esteja cada vez mais disseminado mundo afora, são esses os dois países que mais marcaram a história da modalidade.
O americano Rodney Mullen puxa a fila. Eleito o melhor atleta da história dos esportes radicais em 2003 pelo canal Extreme Sports Channel, Rodney é um dos maiores inventores de manobras do skate mundial. Especialmente no skate street, se o público verá manobras famosas como kickflip, heelflip, flatground Ollie e 360-flip, é graças a Rodney e sua obstinação por cada vez mais aumentar o nível do esporte.
Já Anthony Frank “Tony” Hawk, também conhecido como “The Birdman” é considerado o rei dos verticais. Tony, que provavelmente é o skatista mais famoso e influente do mundo, foi o primeiro homem a realizar a manobra fakie 900, que envolve dois giros e meio, em pleno ar, com o skate.
O feito foi realizado nos X Games de San Francisco em 1999, em que o atleta conquistou o ouro na modalidade vertical. Além do skate, Tony se tornou o primeiro grande nome comercial do skate, estrelando comerciais para inúmeras campanhas no mercado americano.
É conhecido também por dar nome a franquia de jogos de computador “Tony Hawk’s” e por ter fundado a Tony Hawks Fundation, fundação que colabora com entidades sem fins lucrativos para a construção de pistas e massificação da prática do skate nos Estados Unidos.
O americano Denny Way e o brasileiro Bob Burnquist também aparecem facilmente em quaisquer listas dos grandes nomes da história da modalidade. Aliás, foi de uma parceria entre os dois atletas que o atual formato de uma das pistas mais desafiadoras do skate atual, a mega rampa, ganhou popularidade. Uma rampa de 27 metros de altura onde o atleta pode chegar a 80km/h, passa por um vão de 20 metros de distância e aterrissa em outra com 8 metros de altura, se tornando a maior do mundo.
O desenho foi feito por Denny, que dentre seus grandes feitos, usou a mega rampa para saltar sobre a Muralha da China, sendo o primeiro a pular pelas milenares paredes do local sem um veículo motorizado.
Já Robert Dean Silva Burnquist, o Bob, famoso também por possuir a gigante pista no quintal de casa, foi o primeiro atleta a fazer a manobra fakie 900 na mega rampa e é tetracampeão nos principais desafios internacionais da modalidade. É também o maior vencedor de medalhas no skate dos X-Games, somando 25 pódios, sendo 13 ouros. Para muitos, é o maior skatista brasileiro de todos os tempos.
Além de Lincoln Ueda e de Bob Burnquist, outro skatista brasileiro com grande notoriedade internacional é Sandro Dias. O “Mineirinho”, como é conhecido, foi hexacampeão mundial pela World Cup Skateboarding, tricampeão europeu e dez vezes medalhista do X-Games, sendo três delas de ouro. É um dos maiores nomes da história do skate vertical, sendo o terceiro atleta do mundo a acertar a manobra fakie 900, o primeiro durante uma competição. Possui o recorde de aéreo mais alto do mundo, com 4,20 m acima da altura da rampa de halfpipe.
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No âmbito feminino, Karen Jonz é o principal nome do skate nacional se for levado em conta todo o pioneirismo que ela carrega. Karen foi a primeira mulher brasileira a conquistar medalhas nos X-Games, com o ouro em Los Angeles 2008 na modalidade vertical. Além disso, foi tetracampeã mundial na mesma modalidade, conquistando a primeiro título em 2006, um marco para o skate feminino do Brasil.
Devido a uma alta competitividade interna, Karen não estará nos Jogos de Tóquio. Tanto no Park, modalidade que ela tentou concorrer à vaga olímpica, quanto no street, modalidade onde Letícia Bufoni, outra pioneira do skate feminino brasileiro brilha, a disputa interna por seis vagas olímpicas – três em cada modalidade – é tão intensa que atletas com nível de pódio olímpico ficarão de fora. Essa virada de página no skate feminino, antes visto com preconceito, é muito fruto de Karen Jonz.
Ao contrário dos outros grandes nomes pioneiros do skate nacional, Letícia Bufoni estará em Tóquio, brigando, inclusive contra outras fortíssimas brasileiras, para ser a primeira campeã olímpica da história do skate. Letícia, mesmo com apenas 27 anos, possui cinco ouros em X-Games e quatro medalhas no recém criado Campeonato Mundial de skate street, sendo um ouro conquistado na edição de Chicago em 2015. Ela foi considerada pela revista Forbes, em 2018, como a atleta mais conhecida e influente nos esportes de ação daquele ano. É também a atleta brasileira, entre as mulheres, com mais seguidores das redes sociais. Letícia tem tudo para ser uma das maiores estrelas da delegação brasileira no Japão.
O esporte
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o skate contará com duas de suas inúmeras modalidades fazendo parte do programa olímpico: Skate Street e Skate Park.
Street, que em inglês significa “rua”, é talvez a modalidade mais tradicional do esporte, ou, a que geralmente promove a iniciação de meninos e meninas na prática. Em uma pista que simula obstáculos encontrados nas ruas das grandes cidades mundo a fora, os atletas precisarão fazer manobras em corrimões, rampas, degraus, muretas, guias de calçadas, dentre outros obstáculos que apareçam na arquitetura urbana, e receberão notas por isso atribuídas por um corpo de juízes.
Já no Park, com um nome também auto explicativo, os atletas competem em uma pista que simula os ambientes recreativos dos skatistas, onde nela contém elementos de várias modalidades do skate. Ela é montada em um bowl (do inglês “tigela”), que são as famosas piscinas usadas no mundo todo para a prática do esporte, onde são inseridos elementos de street (especialmente corrimões), do halfpipe e do vertical, onde entram as rampas maiores.
A pista pode chegar até a 5 metros de profundidade em determinados pontos. As apresentações, feitas geralmente por um conjunto de manobras em 40 segundos, também são avaliadas por juízes que definem os medalhistas.