-57 kg feminino
Chances do Brasil
Para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, o Brasil não terá representante no -57 kg feminino. Rafaela Silva foi suspensa por doping e nenhuma outra judoca brasileira conseguiu uma vaga.
Essa será a primeira vez em oito edições olímpicas que nenhuma judoca brasileira conseguiu se classificar na categoria do peso leve.
+ Veja a lista dos brasileiros classificados para a Olimpíada
Favoritas -57 kg feminino
A categoria leve é uma das mais equilibradas do judô feminino e apresenta um dos níveis técnicos mais elevados. São diversas judocas que podem subir ao pódio e até mesmo se tornarem campeãs olímpicas.
A japonesa Tsukasa Yoshida contará com a força da torcida para tentar evitar o título canadense em terras nipônicas. Campeã mundial de 2018, Yoshida foi prata em 2019. Campeã do Grand Slam de Deusseldorf 2019 e do Masters de Guangzhou de 2018, a japonesa pinta como grande favorita e foi a única judoca a estar presente no pódio nos três mundiais no ciclo, tendo conquistado a prata na edição de 2017.
Após ser suspensa por doping nos Jogos Pan-Americanos de 2019, em Lima, a brasileira Rafaela Silva não conseguiu reverter a suspensão da Corte Arbitral do Esporte e ficou fora de Tóquio.
Vice-campeã olímpica e campeã mundial de 2017, a mongol Sumiyaa Dorjsürengiin teve um ciclo olímpico sem aparecer tanto nas grandes competições, mas nos momentos em que competiu mostrou que segue sendo um dos principais nomes do peso leve. A mongol foi ainda vice-campeã do Grand Slam de Paris de 2020 e do Grand Prix de Dusseldorf 2020.
Aparecem com boas chances de estarem no pódio a kosovar Nora Gjakova, campeã do Grand Slam de Abu Dhabi de 2018 e do Grand Prix de Tbilisi de 2019, a polonesa Julia Kowalczyk, medalhista de bronze no mundial de 2019 e a francesa Sarah Cysique, vice-campeã dos Grand Slams de Abu Dhabi 2019 e de Dusseldorf 2020.
A canadense Jessica Klimkait desbancou a compatriota Christa Deguchi e é mais uma das fortes concorrentes ao pódio. Tanto que ela foi a campeã mundial de 2021 e vai chegar quente em Tóquio.
A categoria que é muito equilibrada conta ainda com um grupo de judocas que correm por fora e poderiam facilmente aparecer no pódio, como a portuguesa Telma Monteiro, a britânica Nekoda Davis e a norte-coreana Jin A Kim lideram esse grupo.
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O Brasil no -57 kg feminino do Jogos Olímpicos
O peso leve é a categoria mais vencedora do judô feminino do Brasil, além de ter sido o responsável por dar ao país a primeira medalha olímpica para as mulheres na Olimpíada de Pequim-2008. Além disso, as brasileiras estiveram presentes em todas as edições olímpicas da categoria. Feito que será interrompido em Tóquio.
Nossa primeira representante foi Jemina Alves, em Barcelona-1992. A judoca, nascida no Recife, perdeu logo em sua primeira luta contra a cubana Driulis González, assim como também perdeu para a polonesa Maria Gontowicz-Szalas na primeira luta da repescagem. Em Atlanta-1996, foi a vez de Danielle Zangrando, nossa primeira judoca a conquistar uma medalha em mundiais femininos, representar o Brasil. Dani também foi derrotada em sua primeira luta pela húngara Maria Pekli.
Tânia Ferreira disputou os Jogos Olímpicos de Sidney-2000, terminando na nona colocação. Ela começou os Jogos vencendo a canadense Michelle Buckingham, mas caiu logo em seguida para Shen Jun, da China. Na repescagem, a paulista de Santos caiu para a italiana Cinzia Cavazzuti. Na edição seguinte o Brasil voltou a ser representado novamente por Danielle Zangrando. Danielle avançou até as quartas de final, mas acabou sendo derrotada pela holandesa Deborah Gravenstijn, que viria a conquistar o bronze. Na repescagem novamente aparecia a italiana Cinzia Cavazzuti no caminho de uma brasileira e novamente a italiana levou a melhor.
A edição de Pequim-2008 foi histórica para o Brasil e o judô feminino. Veio através de Ketleyn Quadros, a primeira medalha das mulheres no judô, no dia 11 de agosto no Ginásio da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim. Ketleyn até meses antes do início dos Jogos Olímpicos era a reserva do peso leve, mas uma lesão em Danielle Zangrando acabou por deixar a titular de fora da Olimpíada, dando chances a uma jovem brasiliense de 21 anos de idade.
A conquista do histórico bronze teve início contra a sul-coreana Kang Sin-Young. Em seguida, a brasileira enfrentou Deborah Gravenstijn, da Holanda, a mesma judoca que havia derrotado Danielle Zangrando quatro anos antes. Assim como Danielle, Kelteyn também acabou derrotada pela holandesa. De volta aos tatames na repescagem, Ketleyn enfrentou a espanhola Isabel Fernández, atual campeã olímpica, e conquistou aquela que já seria a vitória mais expressiva de uma brasileira no judô feminino em todas as edições.
Mas a caminhada de Ketleyn, e seus feitos, estavam apenas começando. Na fase seguinte, Ketleyn foi além e derrotou a japonesa Aiko Sato, se tornando uma das poucas judocas do Brasil, entre homens e mulheres, a vencerem um japonês no torneio olímpico. A vitória que credenciou a brasileira a disputar a luta do bronze veio com um ippon.
Na grande disputa pela medalha de bronze, Ketleyn Quadros enfrentou a australiana Maria Pekli. Pekli havia sido medalhista de bronze representando a Hungria em Sidney-2000, na mesma edição em que derrotou Danielle Zangrando. Ketleyn acabou vencendo a luta com mais um ippon, para a alegria de uma saltitante Rosicléia Campos, sua treinadora, e de milhões de brasileiros.
Rafaela Silva possui uma das maiores histórias de superação e volta por cima do esporte brasileiro. A judoca que representou o Brasil nas duas últimas edições olímpicas teve uma infância com várias dificuldades na Cidade de Deus. Negra, pobre e moradora de uma das maiores favelas do mundo, Rafaela encontrou no judô o caminho para se livrar do mundo do crime. Matriculada no Instituto Reação, projeto social do medalhista olímpico Flávio Canto, a judoca se destacou desde o início de sua carreira e conquistou a medalha de prata no mundial de 2011, ano anterior aos Jogos Olímpicos de Londres, com apenas 19 anos. Dessa forma, Rafaela Silva chegou à capital britânica como uma das judocas mais cotadas para subir ao pódio. Sua primeira luta foi tranquila, derrotando a alemã Miryam Roper, entretanto, tudo desabou na luta seguinte.
A adversária era a húngara Hedvig Karakas e o combate seguia tranquilo e com amplo domínio da brasileira. Rafaela conseguiu aplicar um golpe que ela achava que tinha lhe garantido sua segunda vitória, mas a arbitragem de vídeo chamou o árbitro central, e assim decidiram desclassificar a brasileira. O motivo era que Rafaela havia aplicado um golpe catando as pernas da adversária, algo que tinha passado a ser proibido naquele ciclo olímpico.
Do céu ao inferno, Rafaela saiu chorando muito do tatame e foi tentar encontrar consolo em suas redes sociais, conversando com amigos e familiares. Mas ao invés de encontrar carinho por parte dos brasileiros, acabou encontrando uma enxurrada de comentários agressivos, ofensivos e racistas. Isso acabou derrubando ainda mais Rafaela Silva, que pensou em se aposentar.
Mas para uma mulher que veio de uma das maiores favelas do mundo, o recomeço é a principal opção. Rafaela se manteve no judô, foi consistente durante todo o ciclo, chegando até a conquistar a medalha de ouro no mundial de 2013, disputado no mesmo Rio de Janeiro que sediou a Olimpíada de 2016.
No quintal de casa, Rafaela Silva passou em sua primeira luta novamente pela alemã Miryam Roper. Em seguida Rafaela derrotou a sul-coreana Kin Jan-di, por um wazari, e a mesma Hedvig Karakas, da Hungria, que quatro anos antes havia marcado a vida de Rafa com uma eliminação precoce. O caminho percorrido por Rafaela em 2016 foi muito similar ao que ela percorreu e iria seguir percorrendo em Londres, caso não tivesse sido eliminada. Após enfrentar Miryam Roper e Karakas, nas semifinais do Rio de Janeiro, Rafaela se encontrou com Corina Caprioriu, da Romênia, que também seria sua adversária nas semifinais de Londres, caso tivesse avançado. A luta, que ficou na promessa em Londres, foi vencida por Rafaela no Rio de Janeiro com um wazari.
Na disputa pelo ouro, Rafaela Silva encarou a líder do ranking mundial, a mongol Sumyaa Dorjsürengiin. Em uma Arena Carioca lotada, aos gritos de ‘Rafaela’, a brasileira, que quatro anos antes saiu do tatame chorando de tristeza e prometendo abandonar o judô, voltou a sair chorando do tatame. Mas agora as lágrimas eram de alegria ao conquistar a primeira medalha de ouro para o Brasil naquela edição dos Jogos Olímpicos, ao bater Sumya com mais um wazari. As lágrimas de Rafaela eram um misto de alegria, superação, desabafo e uma resposta direta a todos aqueles que quatro anos antes humilharam a judoca após ser eliminada em Londres.
Histórico até -57 kg feminino nos Jogos Olímpicos
Presente no programa olímpico desde a primeira vez em que o judô feminino foi disputado em Barcelona-1992, o peso leve teve ao longo de suas sete edições, sete campeãs diferentes. Assim, a categoria leve e a categoria pesado são as únicas do judô feminino em que não se encontram bicampeãs olímpicas. Categoria mais vencedora do judô feminino brasileiro com um ouro e um bronze, o peso leve atualmente conta com o limite de 57 kg, mas nas duas primeiras edições disputadas esse limite era de 56 kg.
Assim como na categoria meio-leve, a primeira campeã olímpica no peso leve também é espanhola. Disputando os Jogos Olímpicos de Barcelona-1992, a dona da casa Mirian Blasco Sola derrotou na final Nicola Fairbrother, da Grã-Bretanha, conquistando o primeiro ouro olímpico da categoria. Os primeiros bronzes ficaram com Driulis González, de Cuba, e com Chyiori Tateno, do Japão.
Quatro anos após ser medalhista de bronze, a cubana Driulis González se tornou a primeira campeã latino-americana do peso leve em Atlanta-1996. A prata ficou com a sul-coreana Jung Sun-yong e os bronzes com a belga Marisabel Lomba e com a espanhola Isabel Fernández. Em Sidney-2000, algumas posições no pódio se inverteram. A espanhola saiu da medalha de bronze e conquistou a medalha de ouro, batendo na final a cubana Driulis González, que havia sido medalhista de ouro quatro anos antes. Com o ouro de Isabel, a Espanha conquistava a sua segunda medalha de ouro na categoria leve, enquanto a cubana Driulis González chegava ao seu terceiro pódio na mesma categoria.
Yvonne Bonisch, da Alemanha, conquistou a medalha de ouro em Atenas-2004, dando para o país europeu sua primeira medalha olímpica no peso leve. Kye Sun-hui ficou com a prata para a Coreia do Norte, enquanto Cuba e Holanda completaram o pódio com os bronzes. A tradicional Itália conquistou sua primeira medalha no peso leve em Pequim-2008, com o ouro de Giulia Quintavalle. Na final, a italiana derrotou Deborah Gravenstijn, da Holanda, que já havia sido medalhista de bronze quatro anos antes. Também foi em Pequim-2008, e nessa categoria, que o Brasil finalmente conquistou uma medalha olímpica no judô feminino. Após passar em branco nas quatro primeiras edições, o esporte que mais deu medalhas ao Brasil foi ao pódio no feminino com o bronze de Ketleyn Quadros.
Kaori Matsumoto foi campeã olímpica em Pequim-2008, conquistando finalmente a primeira medalha de ouro do Japão no peso leve feminino. A prata ficou com Corina Caprioriu da Romênia e os bronzes com Marti Malloy, dos Estados Unidos, e com Automne Pavia, da França.
Rafaela Silva se tornou a segunda brasileira a conquistar a medalha de ouro para o Brasil no judô e a primeira a conseguir tal feito na categoria leve. Após um ciclo bastante consistente a carioca, que havia sido campeã mundial em 2013, fez a alegria da Arena Carioca 2 nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Na final, a brasileira derrotou a mongol Sumiyaa Dorjsürengiin, líder do ranking mundial, por um wazari. Os bronzes ficaram com Kaori Matsumoto, campeã quatro anos antes, e com a portuguesa Telma Monteiro, conquistando a primeira medalha do judô feminino para o seu país.
Medalhistas – judô -57 kg feminino – Jogos Olímpicos
Jogos | Ouro | Prata | Bronze |
Barcelona-1992 | Míriam Blasco (ESP) | Nicola Fairbrother (GBR) | Chiyori Tateno (JAP) Driulis González (CUB) |
Atlanta-1996 | Driulis González (CUB) | Jeong Seon-Yong (COR) | Isabel Fernández (ESP) Marisabel Lomba (BEL) |
Sydney-2000 | Isabel Fernández (ESP) | Driulis González (CUB) | Kie Kusakabe (JAP) Mária Pekli (AUS) |
Atenas-2004 | Yvonne Bönisch (ALE) | Kye Sun-Hui (PRK) | Deborah Gravenstijn (HOL) Yurisleidys Lupetey (CUB) |
Pequim-2008 | Giulia Quintavalle (ITA) | Deborah Gravenstijn (HOL) | Ketleyn Quadros (BRA) Xu Yan (CHI) |
Londres-2012 | Kaori Matsumoto (JAP) | Corina Căprioriu (ROM) | Marti Malloy (EUA) Automne Pavia (FRA) |
Rio-2016 | Rafaela Silva (BRA) | Dorjsurengiin Sumiya (MGL) | Telma Monteiro (POR) Kaori Matsumoto (JAP) |
Quadro de medalhas – judô -57 kg feminino – Jogos Olímpicos
País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
Espanha | 2 | 0 | 1 | 3 |
Cuba | 1 | 1 | 2 | 4 |
Japão | 1 | 0 | 3 | 4 |
Brasil | 1 | 0 | 1 | 2 |
Alemanha | 1 | 0 | 0 | 1 |
Itália | 1 | 0 | 0 | 1 |
Holanda | 0 | 1 | 1 | 2 |
Coreia do Norte | 0 | 1 | 0 | 1 |
Grã-Bretanha | 0 | 1 | 0 | 1 |
Mongólia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Coreia do Sul | 0 | 1 | 0 | 1 |
Romênia | 0 | 1 | 0 | 1 |
Austrália | 0 | 0 | 1 | 1 |
Bélgica | 0 | 0 | 1 | 1 |
França | 0 | 0 | 1 | 1 |
China | 0 | 0 | 1 | 1 |
Portugal | 0 | 0 | 1 | 1 |
Estados Unidos | 0 | 0 | 1 | 1 |