Cavalo com alças
Cavalo com alças – Ginástica Artística – Jogos Olímpicos – Tóquio 2020
Chances do Brasil no cavalo com alças
O Brasil chega aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 sem grandes expectativas de final no cavalo com alças. Francisco Barreto, o melhor do país na prova, apesar da medalha de ouro conquistada no Pan-Americano de Lima em 2019, será uma surpresa caso consiga se classificar entre os oito melhores da competição.
A prova do cavalo com alças é aquela que apresenta os piores resultados para o Brasil na história dos Jogos Olímpicos. O histórico do país no aparelho tem início com o 63º lugar de João Luiz Ribeiro nos Jogos Olímpicos de Moscou-1980. Na edição seguinte, Gerson Gnoatto terminou no 68º lugar. Guilherme Pinto ficou na 86ª colocação em Seul-1988 e Marco Monteiro na 80ª em Barcelona-1992.
Nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, o gaúcho Mosiah Rodrigues ficou em 21° lugar no cavalo com alças, até então a melhor posição do Brasil no aparelho. O resultado dele só foi superado em 2016 por Sérgio Sasaki, quando o paulista terminou a fase de classificação na 17ª colocação. Na mesma edição Francisco Barretto Júnior terminou em 22° lugar.
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Favoritos do cavalo com alças em Tóquio
Atual campeão olímpico e mundial no cavalo com alças, o britânico Max Withlock possui um dos maiores favoritismos da ginástica masculina em uma prova individual por aparelhos nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020.
Max vem de um ciclo muito forte, tendo conquistado o ouro no Mundial de 2017, a prata em 2018 e novamente o ouro em 2019, e ainda possui uma das provas mais difíceis no código de pontuação atrelada a uma ótima execução.
Os chineses são os principais entraves no caminho de Max, principalmente Xiao Ruoteng, campeão mundial em 2017 e prata em 2018, e Zou Jingyuan. Presentes no pódio do último Mundial, Lee Chih-kai, de Taipei, e Rhys McClenagham, da Irlanda, querem provar que não foram simples surpresas e que podem sim brigar de igual para igual com o britânico e os chineses. A disputa conta ainda com nomes que já frequentaram o pódio em grandes competições anteriormente como o russo David Belyavskiy, o francês Cyril Tomasone e o japonês Kazuma Kaya.
Histórico do cavalo com alças em Jogos Olímpicos
Presente desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos, em Atenas-1896, o cavalo com alças é considerado por muitos como o aparelho mais difícil da ginástica artística masculina, comparável à trave no feminino.
O cavalo é composto por uma estrutura em forma de prisma disposta na horizontal sobre uma base e que conta com duas alças de 12 centímetros. A distância entre elas pode variar entre 40 e 45 centímetros, sendo ajustável para cada ginasta. Ele tem 1,60 metros de altura e 35 centímetros de largura e está disposto a 1,15 metros do chão. Os ginastas precisam fazer acrobacias, como movimentos pendulares e circulares, ao longo do aparelho, passando por sua base e alças.
Ao longo dos Jogos Olímpico,s o cavalo com alças se tornou um dos aparelhos de maior equilíbrio na briga pelo seu domínio. Em 24 edições disputadas, são cinco medalhas de ouro para União Soviética e para a Hungria, quatro para a Finlândia e três para Suíça e China.
Além disso, duas situações curiosas chamam atenção. O primeiro é o fato do Japão, uma das maiores potências da ginástica masculina, não ter nenhuma medalha de ouro conquistada nesse exercício. O segundo é a quantidade de vezes em que aconteceram empates no primeiro lugar, cinco.
O primeiro campeão do cavalo com alças, em Atenas-1896, foi o suíço Louis Zutter com o alemão Hermann Weingartner no segundo lugar. Nesta edição não foi dada medalha de bronze para outro ginasta.
Após estar presente na inauguração dos Jogos Olímpicos, o cavalo com alças saiu do programa para 1900 e retornou em 1904 em Saint Louis, Estados Unidos. Não se sabe ao certo o número de participantes nessa competição, apenas cinco nomes são conhecidos e todos eles são americanos. Sendo assim, o pódio foi todo formado pelos donos da casa com o ouro ficando com Anton Heida, a prata com George Eyser e o bronze com William Merz. Após essa edição, o aparelho saiu novamente do programa olímpico e só retornou 20 anos depois.
A edição de Paris-1924 marcou o retorno definitivo do cavalo com alças aos Jogos Olímpicos. A prova teve domínio total da Suíça, que conquistou o ouro com Josef Wilhelm, a prata com Jean Gutweninger e o bronze com Antoine Rebetez.
Quatro anos depois a Suíça conquistava sua terceira medalha de ouro no exercício com Hermann Hanggi. O pódio de Amsterdã foi completado por Georges Miez, também da Suíça, e por Heikki Savolainen, da Finlândia.
O húngaro Itsván Pelle conquistou o ouro da edição dos Jogos Olímpicos de Los Angeles-1932 na prova de cavalo com alças, colocando assim pela primeira vez a bandeira da Hungria em um pódio olímpico e dando início à história do país, que viria a ser o maior campeão da prova ao lado da União Soviética. A prata foi para o italiano Omero Bonoli, única medalha nessa prova para o país que era potência nas primeiras edições da ginástica.
Em Berlim-1936, a medalha de ouro do cavalo com alças ficou com os donos da casa, assim como a maioria das provas da ginástica masculina daquela Olimpíada. O campeão foi Konrad Frey, que bateu na final os suíços Eugen Mack e Albert Bachmann.
Após o cancelamento de duas edições olímpicas motivado pela Segunda Guerra Mundial, os Jogos Olímpicos voltaram para celebrar a união dos povos em torno do esporte em Londres-1948. O retorno do cavalo com alças trouxe algo inédito, que só aconteceu por uma única vez. Um único país colocou três atletas empatados na medalha de ouro. Sim, aconteceu um tríplice empate na primeira colocação com ginastas do mesmo país. Paavo Aaltonen conquistou o ouro, Veikko Huhtenen a prata e Heikki Savolainen o bronze, todos eles com a nota de 38,7. Vale destacar também o fato de Savolainen ter conquistado o ouro 20 anos depois de ter levado o bronze na edição de Amsterdã-1928, já com mais de 40 anos.
A União Soviética foi o primeiro país a conquistar um tricampeonato consecutivo e o segundo a levar três medalhas de ouro depois do ouro triplo da Finlândia em 1948. O primeiro título foi vencido por Viktor Chukarin, deixando a prata para os seus compatriotas Yevgeny Korolkov e Hhrant Shahinyan, que completaram um pódio todo soviético. A segunda medalha de ouro veio nas Olimpíadas de Melbourne-1956 com Boris Shakhlin. A prata ficou com o japonês Takashi Ono e o bronze para o também soviético Viktor Chukarin.
A trinca de ouros da URSS foi completada por Boris Shakhlin, se tornando também o primeiro ginasta bicampeão olímpico do cavalo com alças. No topo do pódio também estava o finlandês Eugen Ekman, empatado com Shakhlin. O bronze foi conquistado pelo japonês Shuji Tsurumi.
Logo após o feito de Shakhlin, um outro ginasta se tornou bicampeão no cavalo. O iugoslavo Miroslav Cerar conquistou o ouro no exercício nos Jogos Olímpicos de Tóquio-1964 e Cidade do México-1968. Em 1964 o pódio foi completado por Shuji Tsurumi, do Japão, e por Yury Tsapenko, da União Soviética. Em 1968 a prata foi do finlandês Olli Laiho e o bronze do soviético Mikhail Voronin. Terceiro país que mais venceu a prova, a Finlândia teve sua última medalha conquistada na edição da Cidade do México, não tendo voltado mais ao pódio até os dias de hoje. Viktor Klimenko venceu a edição seguinte de 1972, em Munique, conquistando o quarto ouro da União Soviética. A prata e o bronze ficaram com os japoneses Sawao Kato, apenas 0,125 atrás do soviético, e Eizo Kenmotsu.
Os Jogos Olímpicos de Montreal-1976 e Moscou-1980 apresentaram ao mundo um novo campeão olímpico, o húngaro Zóltan Magyar. Um dos maiores de todos os tempos no cavalo com alças, o húngaro eternizou o seu nome ao realizar um movimento até então inédito e que hoje é um dos mais utilizados pelos ginastas no exercício. Com o seu bicampeonato a Hungria chegava ao quarto ouro empatando com a União Soviética.
A ausência dos países do bloco socialista que boicotaram a edição de 1984, disputada em Los Angeles foi o momento perfeito para o surgimento de novos ídolos e potências do esporte. Um dos principais nomes daqueles jogos foi o do chinês Li Ning, dono de três medalhas de ouro, entre elas o ouro do cavalo com alças. Foi a primeira medalha de ouro do país no cavalo, bem como a primeira e única medalha de ouro dos Estados Unidos, que colocou seu ginasta Peter Vidmar empatado em primeiro lugar com Li Ning. Timothy Dagget, também dos Estados Unidos, completou o pódio com a medalha de bronze.
Um novo empate triplo no primeiro lugar do pódio do cavalo com alças voltou a acontecer em 1988, em Seul. Lubomir Geraskov, da Bulgária, Zsolta Borkai, da Hungria, e Dmitry Bilozerchev, da União Soviética, fizeram 19.950 e dividiram a medalha de ouro. Esse foi o único pódio em que Hungria e União Soviética, os maiores vencedores no aparelho, dividiram o topo do pódio. Seul também marcou a última medalha conquistada pelos soviéticos.
Na edição seguinte Vitaly Scherbo, competindo pela Equipe Unificada após a dissolução da União Soviética, conquistou a medalha de ouro ao empatar com o norte-coreano Pae Gil-su. Essa foi a quinta e última Olimpíada em que aconteceu um empate entre ginastas na prova do cavalo com alças.
Após ficar ausente do pódio por longos 60 anos a Suíça voltou a ter um campeão olímpico no aparelho em atlanta-1996, Donghua Li. O nome entrega a origem do ginasta: a China. Donghua fazia parte da equipe nacional chinesa em 1987, mas uma grave lesão fez com que o ginasta perdesse os Jogos Olímpicos de Seul em 1988. Durante o período de recuperação de sua lesão ele conheceu uma suíça, Esperanza Friedli, por quem se apaixonou e casou. Esperanza e Donghua se mudaram para a Suíça e ele conseguiu a naturalização pelo país europeu, por quem passou a competir. Além do ouro olímpico o ginasta tem ainda um ouro, uma prata e um bronze mundiais no aparelho.
Após ser medalhista de prata em Atlanta o romeno Marius Urzica conquistou a medalha de ouro na edição seguinte, Sidney-2000. Na final ele bateu o francês Eric Poujade e o russo Alexei Nemov, que já havia sido bronze em Atlanta. Urzica conquistaria ainda mais uma prata em Atenas 2004.
Teng Haibin e Xiao Qin deram à China a segunda e terceira medalhas de ouro, respectivamente, no cavalo com alças. O primeiro venceu a disputa em Atenas-2004 e o segundo em Pequim-2008, batendo na final Filip Ude, da Croácia. Pequim marcou também o surgimento de um dos maiores nomes do aparelho, o britânico Louis Smith, que apesar de não ter conquistado o tão sonhado ouro, esteve presente no pódio por três edições seguidas com um bronze em Pequim-2008, uma prata em Londres-2012 e uma nova prata na Rio-2016.
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Londres-2012 foi vencida pelo húngaro Krisztián Berki, conquistando assim o quinto ouro para o seu país nesse exercício. O medalhista de bronze foi o britânico Max Whitlock, que viria a se tornar o campeão olímpico de 2016, no Rio de Janeiro, e que chegará em Tóquio para defender o seu título e com status de superfavorito.
Todos os medalhistas do cavalo com alças nos Jogos Olímpicos
Ano | Ouro | Prata | Bronze | |||
1896 | Louis Zutter | SUI | Hermann Weingärtner | GER | – | – |
1924 | Josef Wilhelm | SUI | Jean Gutweniger | SUI | Antoine Rebetez | SUI |
1928 | Hermann Hänggi | SUI | Georges Miez | SUI | Heikki Savolainen | FIN |
1932 | István Pelle | HUN | Omero Bonoli | ITA | Frank Haubold | EUA |
1936 | Konrad Frey | GER | Eugen Mack | SUI | Albert Bachmann | SUI |
1948 | Heikki Savolainen Veikko Huhtanen Paavo Aaltonen | FIN FIN FIN | – | – | – | – |
1952 | Viktor Chukarin | URS | Hrant Shahinyan Yevgeny Korolkov | URS URS | – | – |
1956 | Borys Shakhlin | URS | Takashi Ono | JPN | Viktor Chukarin | URS |
1960 | Borys Shakhlin Eugen Ekman | URS FIN | – | – | Shuji Tsurumi | JPN |
1964 | Miroslav Cerar | YUG | Shuji Tsurumi | JPN | Yury Tsapenko | URS |
1968 | Miroslav Cerar | YUG | Olli Laiho | FIN | Mikhail Voronin | URS |
1972 | Viktor Klimenko | URS | Sawao Kato | JPN | Eizo Kenmotsu | JPN |
1976 | Zoltán Magyar | HUN | Eizo Kenmotsu | JPN | Nikolay Andrianov Michael Nikolay | URS GDR |
1980 | Zoltán Magyar | HUN | Aleksandr Dityatin | URS | Michael Nikolay | GDR |
1984 | Li Ning Peter Vidmar | CHN EUA | – | – | Tim Daggett | EUA |
1988 | Lyubomir Geraskov Zsolt Borkai Dmitry Bilozerchev | BUL HUN URS | – | – | – | – |
1992 | Vitali Shcherba Pae Gil-Su | EUN PRK | – | – | Andreas Wecker | GER |
1996 | Donghua li | SUI | Marius Urzică | ROU | Aleksey Nemov | RUS |
2000 | Marius Urzică | ROU | Éric Poujade | FRA | Aleksey Nemov | RUS |
2004 | Teng Haibin | CHN | Marius Urzică | ROU | Takehiro Kashima | JPN |
2008 | Xiao Qin | CHN | Filip ude | CRO | Louis Smith | GBR |
2012 | Krisztián Berki | HUN | Louis Smith | GBR | Max Whitlock | GBR |
2016 | Max Whitlock | GBR | Louis Smith | GBR | Alex Naddour | EUA |
Quadro de medalhas do cavalo com alças nos Jogos Olímpicos
Posição | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
1 | União Soviética | 5 | 3 | 4 | 12 |
2 | Hungria | 5 | 0 | 0 | 5 |
3 | Suíça | 4 | 3 | 2 | 9 |
4 | Finlândia | 4 | 1 | 1 | 6 |
5 | China | 3 | 0 | 0 | 3 |
6 | Iugoslávia | 2 | 0 | 0 | 2 |
7 | Grã Bretanha | 1 | 2 | 2 | 5 |
8 | Romênia | 1 | 2 | 0 | 3 |
9 | Alemanha | 1 | 1 | 1 | 3 |
10 | Estados Unidos | 1 | 0 | 3 | 4 |
11 | Bulgária | 1 | 0 | 0 | 1 |
11 | Coreia do Norte | 1 | 0 | 0 | 1 |
11 | Equipe Unificada | 1 | 0 | 0 | 1 |
14 | Japão | 0 | 4 | 3 | 7 |
15 | Croácia | 0 | 1 | 0 | 1 |
15 | França | 0 | 1 | 0 | 1 |
15 | Itália | 0 | 1 | 0 | 1 |
18 | Alemanha Oriental | 0 | 0 | 2 | 2 |
18 | Rússia | 0 | 0 | 2 | 2 |