Barras Paralelas
Barras paralelas – Ginástica Artística – Jogos Olímpicos – Tóquio 2020
Chances do Brasil nas barras paralelas
O Brasil desembarcará em Tóquio sem qualquer favoritismo nas barras paralelas. Caio Souza é hoje o nosso melhor ginasta nessa prova e terminou o último mundial na 14ª posição. Uma final é difícil, mas se o ginasta conseguir evoluir no aparelho poderá aparecer entre os oito melhores do mundo.
Assim como o cavalo com alças, a prova de barras paralelas não possui resultados olímpicos muito relevantes para o Brasil. João Luiz Ribeiro foi o 63° em Moscou-1980, quando o Brasil participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos nessa prova. Gerson Gnoatto foi o 70º em Los Angeles-1984, Guilherme Saggesi Pinto foi o 88° em Seul-1988 e Marco Monteiro foi o 77° em Barcelona-1992. Nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, Mosiah Rodrigues representou o Brasil e terminou na 67ª colocação.
A melhor colocação do país no aparelho foi o 17º lugar de Sérgio Sasaki na edição de Londres-2012. O generalista brasileiro ainda ficou em 31º na edição do Rio de Janeiro. Também no Rio de Janeiro o paulista de Campinas, Arthur Nory, foi 29° colocado nas barras paralelas e Francisco Barreto foi o 33º colocado.
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Favoritos das barras paralelas em Tóquio
Apesar de ausente até mesmo dos finalistas do último Mundial, o ucraniano Oleg Vernyayev segue sendo o principal nome da prova. Atual campeão olímpico das barras paralelas, o ginasta somou neste ciclo olímpico duas medalhas de prata em Mundiais e várias conquistas ao longo das etapas de Copa do Mundo.
Nas duas ocasiões em que Oleg ficou com a prata, o responsável por deixar o ucraniano de fora do topo foi o chinês Zou Jingyuan, que se perfila novamente como o principal adversário do ucraniano na disputa pelo ouro em Tóquio, mas assim como o principal nome da prova, ele também esteve ausente da final no Mundial de Stuttgart.
Quem aproveitou a ausência dos máximos favoritos foi o britânico Joe Fraser, que conquistou a medalha de ouro, deixando em segundo lugar o turco Ahmet Önder. Xiao Ruoteng, da China, Kazuma Kaya, do Japão e Lukas Dausen da Alemanha também devem podem pintar na final e com boas chances de brigar pelo pódio.
Histórico das barras paralelas em Jogos Olímpicos
As barras paralelas são um aparelho exclusivamente masculino e que esteve presente já na primeira edição dos Jogos Olímpicos em Atenas-1896. Composta por dois barrotes de madeira revestidos de fibra de vidro e dispostos de forma paralela, as barras são suportadas por duas estruturas de metal. Os barrotes têm o comprimento de 3,50 metros e estão a 1,75 metros de altura. A distância entre eles é ajustável de acordo com as medidas dos ginastas, mas varia entre 42 e 52 centímetros.
Maiores vencedores no aparelho, União Soviética e Japão somam quatro medalhas de ouro e cinco medalhas de prata, com os asiáticos levando vantagem nos bronzes, seis contra apenas um dos soviéticos. Em seguida aparecem três países com três medalhas de ouro cada, China, Suíça e Ucrânia.
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O primeiro campeão nas barras paralelas foi o alemão Alfred Flatow nos Jogos Olímpicos de Atenas-1896. A disputa contou com 18 ginastas de seis países e teve ainda o suíço Louis Zutter conquistando a medalha de prata.
Após ficar ausente da disputa individual na edição de 1900, sendo considerada apenas na prova por equipes e no individual geral, as barras paralelas voltaram a distribuir medalhas na edição de Saint Louis-1904. Mas assim como em todos as outras disputas individuais por aparelhos, se tem registros apenas de ginastas americanos competindo. Dessa forma o pódio foi todo formado por atletas do país, tendo o ouro ficado com George Eyser, a prata com Aanton Heida e o bronze com John Duha.
Após a edição de Saint Louis, as barras paralelas voltaram a ser disputadas apenas dentro do individual geral e da prova por equipes e assim permaneceu até a edição de Antuérpia-1920.
Somente a edição disputada em Paris no ano de 1924 trouxe de volta as competições individuais por aparelhos e com ela um novo campeão nas barras paralelas. August Guttinger, da Suíça, conquistou a medalha de ouro com uma vantagem de apenas dois centésimos sobre Robert Prazák, da Tchecoslováquia. A medalha de bronze ficou com o italiano Giorgio Zampori.
Em Amsterdã-1928 o campeão das barras paralelas foi o ginasta da Tchecoslováquia, Ladislav Vachá. Ele venceu Josip Primosic, da Iugoslávia, por um ponto de diferença. A medalha de bronze ficou com o suíço Hermann Hanggi.
Quatro anos depois foi a vez de Romeo Neri, da Itália, se sagrar campeão olímpico das barras assimétricas. O italiano alcançou a nota de 28,7 no aparelho, deixando para trás o húngaro István Pelle e o finlandês Heikki Savolainen.
Assim como a grande maioria das provas disputadas nos Jogos Olímpicos de Berlim-1936, as barras paralelas tiveram como campeão um ginasta alemão. Konrad Frey, que já havia vencido a prova por equipes e o cavalo com alças, conquistou também o ouro nas barras paralelas.
Foi a segunda medalha de ouro alemã no exercício das barras paralelas, tendo sido o primeiro país a atingir a marca. A prata foi para o suíço Michael Reusch e o bronze para o alemão Alfred Schwarzmann.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Jogos Olímpicos foram retomados em Londres-1948 com uma vitória suíça na prova. Após ser medalha de prata 12 anos antes em Berlim-1936, Michael Reusch retornou juntamente com as Olimpíadas para se tornar campeão das barras assimétricas. O segundo lugar ficou com Veikko Huhtanen, da Finlândia, e o terceiro lugar foi dividido entre os suíços Christian Kipfer e Josef Stalder. Stalder deu nome para alguns dos elementos mais comuns realizados hoje em dia, tanto nas barras paralelas quanto na barra fixa.
Na edição seguinte, em Helsinque-1952, a Suíça voltava a ser campeã das barras assimétricas, emplacando o primeiro bicampeonato consecutivo e se tornando também o primeiro país a conquistar três medalhas de ouro nesse exercício. O feito foi alcançado graças a vitória de Hans Eugster sobre o soviético Viktor Chukarin. O bronze ficou novamente com Josef Stalder.
Viktor Chukarin se tonaria quatro anos mais tarde o primeiro campeão olímpico da União Soviética nas barras paralelas. Em Melbourne-1956 o atleta soviético conquistou a medalha de ouro com uma vantagem de apenas cinco centésimos sobre o japonês Masami Kubota, 19,20 contra 19,15. O bicampeonato da União Soviética aconteceu nos Jogos seguintes, em Roma-1960. Boris Shakhlin derrotou o italiano Giovanni Carminucci e o japonês Takashi Ono.
Após passar perto de conquistar o ouro em duas edições seguidas, o Japão finalmente conseguiu subir no topo do pódio. Mas não apenas por uma vez, mas sim por quatro edições seguidas, se tornando assim o primeiro país tetracampeão consecutivo e passando a Suíça no total de títulos. O primeiro ouro foi conquistado por Yukio Endo nos Jogos Olímpicos de Tóquio-1964. Na final que contou com seis ginastas o japonês levou a melhor sobre o seu compatriota Shuji Tsurumi e sobre o italiano Franco Menichelli.
Quatro anos depois, nos Jogos Olímpicos da Cidade do México-1968, foi a vez Akinori Nakayama conquistar o segundo título japonês nas barras paralelas. O ginasta oriental conquistou o ouro na final deixando para trás o maior rival de seu país nas disputas da ginástica masculina naquela época, a União Soviética. Nakayama alcançou a nota de 19,475 contra os 19,425 de Mikhail Voronin e Viktor Klimenko. Nos critérios de desempate Voronin levou a melhor sobre o seu compatriota e ficou com a prata, deixando o bronze para Klimenko.
Os outros dois títulos japoneses vieram através de Sawao Kato. O multimedalhista se tornou o primeiro ginasta a ser bicampeão das barras paralelas ao conquistar os ouros nas edições de Munique-1972 e Montreal-1976.
Nos Jogos Olímpicos de 1972 o pódio foi formado somente por atletas japoneses. A final, que contava com quatro ginastas do país e dois soviéticos, terminou com Kato no topo do pódio, seguido por Shigeru Kasamatsu e Eizo Kenmotsu. O melhor atleta da União Soviética foi Viktor Klimenko na quarta colocação.
Já na edição de 1976, o japonês conquistou o ouro deixando em segundo lugar Nikolai Andrianov, da URSS, que havia estado na final quatro anos antes, mas havia saído sem conquistar medalhas terminando na sexta colocação. O bronze ficou com o também japonês Mitsuo Tsukahara. Essa foi a última vez em que o Japão subiu ao topo do pódio nessa prova.
Após o longo domínio japonês, os soviéticos conseguiram enfim retornar ao topo do pódio nas barras paralelas nos Jogos Olímpicos de Moscou-1980. Ajudou muito nessa conquista o fato de o Japão não ter participado dessa edição ao seguir o boicote liderado pelos Estados Unidos aos jogos realizados na capital da União Soviética.
Aleksandr Tkatchev venceu a prova com o seu compatriota Alexander Dityatin em segundo lugar e Roland Bruckner da Alemanha Oriental em terceiro. Tkatchev dá nome a uma das largadas mais utilizadas tanto na barra fixa quanto nas barras paralelas, e também nas barras assimétricas no feminino.
Na edição seguinte foi a vez dos países que compunham o bloco dos países socialistas devolverem o boicote liderado pelos estadunidenses e se ausentarem dos Jogos realizados na cidade de Los Angeles, em 1984.
Com a ausência da União Soviética, quem brilhou na prova das barras paralelas foi o atleta da casa Barth Conner. O ginasta, que mais tarde viria se casar com Nadia Comaneci, uma das maiores estrelas da modalidade, conquistou a medalha de ouro no aparelho com uma vantagem de apenas 25 centésimos sobre o japonês Nobuyuki Kajitani. Conner conquistaria ainda a medalha de ouro na prova de equipes daquela edição.
A União Soviética retornou na edição seguinte para competir naqueles que seriam os seus últimos Jogos Olímpicos, Seul-1988. E o país se despediu com chave de ouro na competição das barras paralelas ao ver Vladmir Artemov no lugar mais alto do pódio. De quebra o país conquistou ainda a medalha de prata com Valery Lyukin, fazendo uma dobradinha nos lugares mais altos do pódio. O bronze foi para o ginasta Sven Tippelt, da Alemanha Oriental, que também é marcado na história do esporte ao ter elementos batizados com o seu nome.
Barcelona-1992 foram os Jogos Olímpicos de Vitaly Scherbo e as barras paralelas foram mais um dos aparelhos em que o ginasta de origem bielorrussa venceu. Sem ainda poder competir sob a bandeira de seu país, já que a União Soviética havia acabado de ser dissolvida, Scherbo atuou como atleta da Equipe Unificada e somente na edição seguinte pode representar as cores de sua pátria.
A edição também foi marcante por ter dado à China as duas primeiras medalhas nesse exercício. Li Jing ficou com a medalha de prata e Guo Linyao ficou com o bronze empatado com o japonês Masayuki Matsunaga e com Igor Korobchynski, ginasta de origem ucraniana e que também competia pela Equipe Unificada.
Atlanta-1996 apresentou ao mundo mais uma potência na prova de barras paralelas. Agora já podendo competir sob as cores da Ucrânia, os ginastas desse país mostraram como poderiam ser dominantes e conquistaram três dos últimos seis ouros entregues nesse aparelho. E tudo começou com Rustam Sharipov em território americano, onde venceu a disputa batendo o atleta da casa Jair Lynch. Vitaly Scherbo, agora já representando a Bielorrússia, completou o pódio. Grande favorito da competição, o russo Alexei Nemov acabou ficando sem medalhas no aparelho.
Se Atlanta-1996 mostrou como os ucranianos poderiam ser bons nas barras paralelas, a edição de Sidney provou que a China também era uma potência.
Se a Ucrânia viria a conquistar três dos últimos seis ouros distribuídos, a China viria no seu rastro para conquistar os outros três. O primeiro nome a subir ao topo do pódio representando a China foi Li Xiaopeng. O ginasta que se tornaria um dos maiores vencedores desse exercício bateu na final o sul-coreano Lee Joo-Hyung. Alexei Nemov, que havia ficado de fora do pódio em Atlanta, acabou conquistando a medalha de bronze.
Valery Goncharov conquistaria em Atenas-2004 o segundo ouro para a Ucrânia nas barras paralelas. A medalha de prata ficou com Hiroyuki Tomita, do Japão. Campeão olímpico quatro anos antes, o chinês Li Xiaopeng conquistou a medalha de bronze. Entretanto, Xiaopeng voltaria a ser campeão na edição seguinte. Competindo em casa nos Jogos de Pequim-2008 ele se tornaria o segundo ginasta a conquistar um bicampeonato nessa prova e o primeiro a conquistar três medalhas. O terceiro ouro chinês foi conquistado por Feng Zhe nas Olimpíadas de Londres-2012, derrotando na final o alemão filho de pai vietnamita Marcel Nguyn e o francês Hamilton Sabot.
A terceira medalha de ouro da Ucrânia pertence ao vigente campeão olímpico das barras paralelas, Oleg Vernyaiev. O ucraniano que durante todo o ciclo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro sempre esteve presente nos pódios dessa prova não decepcionou e confirmou o seu favoritismo. O pódio foi formado ainda pelo estadunidense de origem cubana Danell Leyva e pelo russo David Belyavskiy.
Todos os medalhistas das barras paralelas nos Jogos Olímpicos
Ano | Ouro | Prata | Bronze | |||
1896 | Alfred Flatow | GER | Louis Zutter | SUI | — | — |
1904 | George Eyser | USA | Anton Heida | USA | John Duha | USA |
1924 | August Güttinger | SUI | Robert Pražák | TCH | Giorgio Zampori | ITA |
1928 | Ladislav Vácha | TCH | Jože Primožič | YUG | Hermann Hänggi | SUI |
1932 | Romeo Neri | ITA | István Pelle | HUN | Heikki Savolainen | FIN |
1936 | Konrad Frey | GER | Michael Reusch | SUI | Alfred Schwarzmann | GER |
1948 | Michael Reusch | SUI | Veikko Huhtanen | FIN | Christian Kipfer Sepp Stalder | SUI SUI |
1952 | Hans Eugster | SUI | Viktor Chukarin | URS | Sepp Stalder | SUI |
1956 | Viktor Chukarin | URS | Masami Kubota | JPN | Takashi Ono Masao Takemoto | JPN JPN |
1960 | Borys Shakhlin | URS | Giovanni Carminucci | ITA | Takashi Ono | JPN |
1964 | Yukio Endo | JPN | Shuji Tsurumi | JPN | Franco Menichelli | ITA |
1968 | Akinori Nakayama | JPN | Mikhail Voronin | URS | Viktor Klimenko | URS |
1972 | Sawao Kato | JPN | Shigeru Kasamatsu | JPN | Eizo Kenmotsu | JPN |
1976 | Sawao Kato | JPN | Nikolay Andrianov | URS | Mitsuo Tsukahara | JPN |
1980 | Aleksandr Tkachov | URS | Aleksandr Dityatin | URS | Roland Brückner | GDR |
1984 | Bart Conner | USA | Nobuyuki Kajitani | JPN | Mitch Gaylord | USA |
1988 | Vladimir Artyomov | URS | Valery Lyukin | URS | Sven Tippelt | GDR |
1992 | Vitali Shcherba | EUN | Li Jing | CHN | Guo Linyao Ihor Korobchinskiy Masayuki Matsunaga | CHN EUN JPN |
1996 | Rustam Sharipov | UKR | Jair Lynch | USA | Vitali Shcherba | BLR |
2000 | Li Xiaopeng | CHN | Lee Ju-Hyeong | KOR | Aleksey Nemov | RUS |
2004 | Valeriy Honcharov | UKR | Hiroyuki Tomita | JPN | Li Xiaopeng | CHN |
2008 | Li Xiaopeng | CHN | Yu Won-Cheol | KOR | Anton Fokin | UZB |
2012 | Feng Zhe | CHN | Marcel Nguyen | GER | Hamilton Sabot | FRA |
2016 | Oleg Verniaiev | UKR | Danell Leyva | USA | David Belyavsky | RUS |
Quadro de medalhas das barras paralelas nos Jogos Olímpicos
Posição | País | Ouro | Prata | Bronze | Total |
1 | Japão | 4 | 5 | 6 | 15 |
2 | União Soviética | 4 | 5 | 1 | 10 |
3 | Suíça | 3 | 2 | 4 | 9 |
4 | China | 3 | 1 | 2 | 6 |
5 | Ucrânia | 3 | 0 | 0 | 3 |
6 | Estados Unidos | 2 | 3 | 2 | 7 |
7 | Alemanha | 2 | 1 | 1 | 4 |
8 | Itália | 1 | 1 | 2 | 4 |
9 | Tchecoslováquia | 1 | 1 | 0 | 2 |
10 | Equipe Unificada | 1 | 0 | 1 | 2 |
11 | Coreia do Sul | 0 | 2 | 0 | 2 |
12 | Finlândia | 0 | 1 | 1 | 2 |
13 | Hungria | 0 | 1 | 0 | 1 |
13 | Iugoslávia | 0 | 1 | 0 | 1 |
15 | Alemanha Oriental | 0 | 0 | 2 | 2 |
15 | Rússia | 0 | 0 | 2 | 2 |
17 | Bielorrússia | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | França | 0 | 0 | 1 | 1 |
17 | Uzbequistão | 0 | 0 | 1 | 1 |